O Teosofista
Notas e
Informações Sobre Teosofia e o Movimento Esotérico
Ano VI - Número 64
- Edição de Setembro de 2012
Å
“O
Carma não castiga; ele simplesmente cria a oportunidade para o ajuste.”
(Robert
Crosbie)
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O Caminho da
Sabedoria na Educação
Educar É Tornar
Possível a Cada Ser Humano a
Percepção da Luz
e da Força Que Há Nele Mesmo
Regina Maria
Pimentel de Caux
Carlos
Cardoso Aveline afirma que “quando percebe de fato que a vida física é apenas
uma hospedagem passageira, o indivíduo passa a cuidar daquilo que é
efetivamente seu, isto é, a sua
responsabilidade perante seu próprio eu superior, o seu “pai espiritual”, ao qual terá que prestar contas ao final da encarnação.[1]
Esta
ideia merece ser examinada. É essencial despertar para as vivências
não-exteriores, que ocorrem em camadas de consciência ainda ignoradas ou até
mesmo rejeitadas por nós. Desta interioridade vem o saber verdadeiro, que
manifesta o poder e a força invencíveis.
À
medida que as sementes da teosofia são plantadas, percebemos dia a dia novos
progressos dentro e fora de nós.
Podemos
observar o sentimento de tédio e vazio existencial nos adolescentes e jovens. A
escola muitas vezes existe fora dos contextos da vida, do ser. Desestimulante,
afasta os alunos de seus ideais mais profundos e dos valores humanos. Isso
provoca efeitos desastrosos em nossa civilização.
Os
jovens precisam de encorajamento, e devem ser tocados com afeição e compaixão.
Precisam ser aceitos e reconhecidos em sua dignidade, independentemente do
resultado dos estudos e de sua origem sócio-econômica. Deve-se valorizar seu
esforço, a perseverança em seu processo de desenvolvimento, e mesmo os pequenos
avanços.
Cabe-nos
examinar até que ponto assumimos no plano educacional compromissos que são
coerentes com nossa jornada pelo caminho da sabedoria. O caminho da sabedoria
está disponível, e é preciso conhecer a sua existência. É possível abrir as
portas para percebê-lo, trilhá-lo e vivenciá-lo. Se queremos realmente
progredir, cabe optar pelo estudo assíduo, com perseverança e sinceridade. É
recomendável abolir de nossa existência tudo que contradiz a verdade.
Enquanto
prosseguimos com este trabalho, como podem os educadores dar apoio para que os
alunos tenham autoconfiança e determinação? Como podem incentivar a autonomia e
os seus talentos? Como contribuir para o estado de concentração, harmonia e
cooperação entre os alunos, ao invés de repetir as meras formas externas?
Educar
é tornar possível a cada ser a percepção da luz e da força existentes nele
mesmo. É aprender a intensificar a existência, e dar-lhe sentido.
Carlos
Aveline escreveu, referindo-se a Paulo Freire:
“Pensador
socrático, ele apoiou sua pedagogia sobre o diálogo. As bases do seu pensamento
estão na Grécia antiga. Grande erudito, ele vai além dos livros. Ele ensina que
devemos recriar a cada momento o nosso conhecimento da realidade, em um
processo aberto de diálogo e investigação, em que não devem faltar nem a
coragem nem a humildade.” [2]
E
Leonardo Boff, um dos principais criadores da Teologia da Libertação, afirmou:
“A
importância de Paulo Freire foi de ter mostrado que o oprimido jamais é somente
um oprimido. É também um criador de cultura e um sujeito histórico, que, quando
conscientizado e organizado, pode transformar a sociedade. (...) O processo de
libertação implica fundamentalmente uma pedagogia. A libertação se dá no
processo de afastamento do opressor que carregamos dentro e na constituição da
pessoa livre e libertada, capaz de relações geradoras de participação e de
solidariedade. (...)” [3]
Em
seu livro “A Chave Para a Teosofia”, Helena
P. Blavatsky apresenta a seguinte proposta para a educação:
“Reduziríamos
o trabalho puramente mecânico da memória a um mínimo absoluto e dedicaríamos
todo o tempo ao desenvolvimento e treinamento dos sentidos internos, das
faculdades e das capacidades latentes. Nós nos empenharíamos em lidar com cada
criança como uma unidade, educando-a de modo a produzir o desabrochar mais
harmonioso e equilibrado de seus poderes, para que suas aptidões especiais se
desenvolvam natural e plenamente. Deveríamos ter como objetivo a criação de
homens e mulheres livres - livres
intelectualmente, livres moralmente, sem preconceitos de qualquer natureza e,
acima de tudo, não egoístas. E acreditamos que muito, se não tudo isso, poderia
ser conseguido através de uma educação apropriada
e verdadeiramente teosófica.” [4]
Um
sistema muda quando as pessoas dentro do sistema mudam. Que espaço melhor para
começar o trabalho do que o espaço compartilhado com as novas gerações?
NOTAS:
[1] “Os Limites da
Infância”, artigo que pode ser localizado através da Lista de Textos por
Ordem Alfabética em www.FilosofiaEsoterica.com .
[2] “Conversas na
Biblioteca, Um Diálogo de 25 Séculos”,
Carlos Cardoso Aveline, Editora Edifurb, SC, p. 156.
[3] Citado em “Conversas
na Biblioteca”, na mesma página 156 mencionada na nota anterior.
[4] “A Chave Para a
Teosofia”, H. P. Blavatsky, Editora Teosófica, p. 232-233.
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A educadora mineira Regina Maria Pimentel de Caux
é licenciada em Pedagogia, e tem Pós-graduação em Processo Ensino-Aprendizagem e Psicopedagogia.
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A Impessoalidade Vê
Além da Carapaça
Ser Imparcial é
Respeitar a Verdade dos Fatos
Evaldo Berwig
Impessoalidade é despir-se da carapaça da personalidade, quando a
aproximação com a alma imortal cria condições para assimilar a verdade do
coração.
Impessoalidade é imparcialidade, é ir
além das afinidades pessoais, é defender a verdade em quaisquer circunstâncias.
A compreensão da imparcialidade proporciona o cuidado necessário nas
questões que exigem, além do discernimento, a superação de tendências que
surgem a partir de manobras da mente emocional, quando ela quer decidir por si,
através da simpatia ou da antipatia em relação aos indivíduos envolvidos no
processo. As necessidades abrem possibilidades no sentido de ir além dos
conceitos de “amigo” e de “inimigo”.
As dificuldades nos relacionamentos são possibilidades de aprendizado
através do significado oculto das situações. Só aprende a conhecer a si mesmo
aquele que aprende a conhecer os outros. A compreensão através da auto-observação
e da observação dos seres mais próximos facilita a correção dos erros e a
aceitação da realidade.
O rompimento das relações de amor e afeto traz consigo grandes desafios.
Não é raro que as pessoas percam uma preciosa oportunidade de aprenderem com as
situações difíceis. O conhecimento dá certeza de que o término de qualquer
relacionamento não é o fim, e leva a decisões mais acertadas em relação
à continuidade da vida.
A impessoalidade traz uma compreensão da responsabilidade das
personalidades frente aos sentimentos de amor e afeição, ultrapassando a
barreira de interesses pessoais em qualquer nível. A partir destas
responsabilidades, deixa de existir todo um universo de interesses manipulados
de acordo com os desejos do indivíduo.
Aceitando o
Abismo do Vazio
Como a Alma Se
Liberta do Mundo das Oscilações
Sir Edward Bulwer-Lytton (1803-1873), citado em “Luz no
Caminho”, foi um discípulo leigo dos Mestres de
Sabedoria. À
direita, a capa de uma das edições brasileiras de
seu romance “Zanoni”
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“O Teosofista”
começou a tradução seriada da
obra “Luz no Caminho” em sua edição de agosto
de 2011. O trecho
a seguir está nas pp. 34-39 da
edição original de “Light on the Path”, M. C., Theosophy
Co., Los
Angeles. Trata-se da parte final do Comentário
sobre o primeiro
Aforismo da obra, que diz: “Antes que
os
olhos possam ver, eles devem ser incapazes de lágrimas.”
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Os quatro primeiros aforismos de “Luz no Caminho” se referem
inteiramente ao desenvolvimento astral. Este desenvolvimento deve ser realizado
até certo ponto - isto é, deve ser completamente iniciado - antes que o resto
do livro seja realmente compreensível além do plano intelectual, e, na verdade,
antes que ele possa ser lido como um tratado prático, e não metafísico.
Em uma das grandes Fraternidades místicas, há quatro cerimônias,
realizadas no início do ano, que ilustram e explicam de modo prático estes
aforismos. Só neófitos tomam parte destas cerimônias, porque são funções relativas
simplesmente ao limiar. Mas elas servem para mostrar a seriedade do processo
pelo qual alguém se torna um discípulo, quando se compreende que estas são
todas cerimônias de sacrifício. A primeira cerimônia é esta que estou
comentando. A mais aguda satisfação, o sofrimento mais amargo, a angústia da
perda, e o desespero são despertados na alma trêmula, que ainda não encontrou a
luz na escuridão, e que está tão indefesa como um cego. E até que estes choques
possam ser suportados sem perda de equilíbrio, os sentidos astrais devem
permanecer fechados. Assim estabelece a lei da compaixão. O “médium” ou o
“espírita” que se apressa a ingressar no mundo do psiquismo sem a devida
preparação é alguém que vai contra a lei, alguém que desobedece às leis da
super-natureza. Quem contraria as leis da Natureza perde a saúde física; quem
contraria as leis da vida interior, perde a saúde psíquica. Os “médiuns” se
tornam loucos, se suicidam, se transformam em criaturas miseráveis e
destituídas de sentido moral. Frequentemente terminam como descrentes,
duvidando até mesmo daquilo que os seus próprios olhos viram. O discípulo é
levado a se tornar o seu próprio mestre antes de aventurar-se por este terreno
perigoso, e antes de tentar ficar frente a frente com os seres que vivem e
trabalham no mundo astral, aos quais nós chamamos de mestres, por causa do seu
grande conhecimento e da sua capacidade de controlar não só a si mesmos, mas as
forças ao seu redor.
A condição da alma que vive para a vida de sensações e não para a vida
de conhecimento é uma condição vibratória ou oscilante, e não fixa. Esta é a
representação literal mais aproximada do fato; mas só é literal para o
intelecto, e não para a intuição. É necessário um outro vocabulário para esta
parte da consciência humana. A ideia de “condição fixa” pode ser, talvez,
substituída pela ideia de “estar em casa”. No mundo das sensações, nenhuma
“casa” permanente pode ser encontrada, porque a mudança é a lei desta
existência vibratória. Este é o primeiro fato a ser aprendido pelo discípulo. É
inútil parar e chorar por causa de uma cena em um caleidoscópio que já mudou.
Bulwer Lytton abordou com grande força o fato bem conhecido de que a
primeira experiência do neófito em Ocultismo é uma tristeza insuportável. Uma
sensação de vazio cai sobre aquele que faz do mundo algo sem valor e da vida um
esforço inútil. É isso é o que acontece após a sua primeira contemplação séria
do abstrato. Ao ver, ou mesmo ao tentar ver, o mistério inefável da sua própria
natureza superior, ele próprio faz com que a provação inicial caia sobre si. A
oscilação entre prazer e dor deixa de ocorrer talvez durante um só instante;
mas isso é o suficiente para que ele se liberte das amarras que o ligavam ao
mundo da sensação. Ele experimentou, mesmo que brevemente, a vida maior; e a
partir de então a existência convencional é acompanhada por uma sensação de
irrealidade, de vazio, de negação desagradável. Este é o pesadelo que acompanha
o neófito no romance “Zanoni”, de
Bulwer Lytton, e mesmo o próprio Zanoni, que havia aprendido grandes verdades,
e a quem grandes poderes haviam sido confiados, ainda não havia passado de fato
pelo limiar no qual medo e esperança, desespero e contentamento, parecem num
momento realidades absolutas, e no momento seguinte, meras fantasias.
Esta provação inicial é frequentemente trazida até nós pela própria
vida. Porque a vida é, afinal de contas, o grande instrutor. Voltamos a estudar
a vida, depois que adquirimos poder sobre ela, assim como o professor de
Química aprende no laboratório mais do que o seu aluno. Há pessoas tão próximas
à porta do conhecimento que a própria vida as prepara para o conhecimento, e
ninguém precisa invocar o terrível guardião da entrada. Tais indivíduos devem
ser naturalmente perspicazes e fortes, capazes do mais intenso prazer; em
seguida surge o sofrimento e cumpre o seu grande dever. As formas mais intensas
de dor caem sobre tais indivíduos, até que ao final eles emergem do estupor em
que estavam as suas consciências, e, pela força da sua vitalidade interna,
avançam através do limiar até um lugar de paz. Então a vibração da vida perde o
seu poder de dominação. A natureza sensível ainda deve sofrer; mas a alma se
libertou e permanece afastada, guiando a vida na direção da sua grandeza.
Aqueles que estão sujeitos ao Tempo e atravessam lentamente todos os seus
espaços vivem através de uma longa série de sensações, e sofrem uma constante
mistura de prazer e dor. Eles não se atrevem a dominar e vencer a cobra do eu
inferior, o que os tornaria divinos.
Preferem continuar afligindo-se ao longo das várias experiências, e sofrendo
golpes das forças contraditórias.
Quando um destes indivíduos sujeitos ao Tempo decide entrar no caminho
do Ocultismo, esta é sua primeira tarefa. Se a vida ainda não a ensinou a ele,
se ele não for suficientemente forte para ensinar esta tarefa a si mesmo, e se
ele tem força suficiente para pedir e merecer a ajuda de um mestre, então esta
temível provação, descrita em “Zanoni”, é colocada diante dele. A oscilação em
que ele vive é por um instante eliminada; e ele tem que sobreviver ao choque de
enfrentar o que lhe parece à primeira vista ser o abismo do nada. Só quando ele
tiver aprendido a viver neste abismo, e quando tiver encontrado a paz deste
abismo, será possível que seus olhos se tornem incapazes de lágrimas.
A dificuldade de escrever de maneira compreensível sobre estes assuntos
é tão grande que eu peço a quem tiver lido este artigo com algum interesse e ainda
permanecer com dúvidas e perplexidades que me escreva através da seção dedicada
aos leitores desta revista. [1] Faço este pedido porque as perguntas bem
formuladas são tão úteis para o leitor quanto as respostas a elas.
NOTA:
[1] O artigo acima foi
publicado inicialmente na edição de Setembro de 1887 da revista “Lucifer”, de
Londres. A palavra latina “Lúcifer”, como se sabe, significa “portador da luz”
e designa o planeta Vênus, a “estrela d’alva”.
Desde a idade média, o termo tem sido distorcido por sacerdotes
desinformados, e é usado até hoje como pretexto para perseguir aqueles que ousam
questionar os dogmas impostos pelo Vaticano.
A FELICIDADE
Um Capítulo do Dhammapada
Budista
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Reproduzimos a
seguir o capítulo 15 da obra
clássica “O Dhammapada”, que está disponível
na íntegra no website
www.FilosofiaEsoterica.com .
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1.
Devemos viver, pois, livres do ódio e felizes entre os que odeiam. Entre os
homens que odeiam, que nós vivamos livres do ódio.
2.
Devemos viver, pois, livres da doença da
cobiça e felizes entre os que sofrem desta doença. Entre os homens que têm a
doença da cobiça, que vivamos livres desta doença.
3.
Devemos viver, pois, livres da ansiedade e felizes entre os que estão consumidos pela
preocupação. Entre os ansiosos, que nós vivamos livres da ansiedade.
4.
Devemos viver com felicidade, pois, nós que nada possuímos. Vivamos como os
Seres Iluminados, alimentados pelo contentamento. [1]
5.
A vitória cria o ódio; os derrotados permanecem no sofrimento; mas o homem
tranquilo vive com felicidade, sem dar atenção a vitória ou derrota.
6.
Não há fogo comparável à luxúria; não há
mal comparável ao ódio; não há sofrimento comparável à existência pessoal [2] ; não há paz superior à
tranquilidade.
[Nota:]
A existência
pessoal é, no texto original, a combinação dos cinco skandhas. Eles são: (1) Corpo; (2) Sensação; (3)
Percepção; (4) Tendências da Mente; e (5) Poderes Mentais ( ampliação do
anterior).
7.
A fome do desejo é a pior das doenças, a existência pessoal é o pior dos
sofrimentos. Para alguém que sabe realmente disso, o Nirvana é a mais alta
bem-aventurança.
[Nota:]
O termo “fome”
neste versículo, assim como o termo “saúde” no versículo 204, não se referem
apenas ao plano físico, mas também à fome e à saúde psíquicas e mentais. “Samkhara”
é o quarto dos cinco skandhas, mas o termo é usado aqui como “existência
pessoal”. As tendências mentais são a base inicial da personalidade.
8.
A saúde é o maior dos presentes; o contentamento é a maior das riquezas; a
confiança é o melhor dos relacionamentos; o Nirvana é a mais alta
felicidade.
9.
Aquele que experimenta a doçura da solidão e o sabor da tranquilidade fica livre do pecado e do
medo; e tem acesso ao néctar divino da Boa Lei.
10.
É benéfico ver algo dos Seres Nobres; viver com eles é uma contínua felicidade.
O homem é feliz se tem a sorte de ser ignorado pelos tolos.
11.
Quem se relaciona com tolos enfrenta grande prejuízo. A companhia de tolos é
como a companhia de inimigos − produz sofrimento. A companhia de sábios é como
encontrar um membro querido da família − produz felicidade.
12.
Portanto, assim como a Lua segue o seu caminho entre as estrelas, nós devemos
seguir os sábios, aqueles que têm discernimento, que têm conhecimento, que são
constantes, que cumprem o seu dever, os nobres. Devemos seguir tais indivíduos.
NOTAS:
[1] É interessante comparar os quatro versículos anteriores com a bem
conhecida “Oração de São Francisco”. A oração diz: “Onde houver ódio, que eu
leve o amor; onde houver ofensa, que eu leve o perdão; onde houver discórdia,
que eu leve a união”, e assim sucessivamente. (“A Oração de São Francisco”,
Leonardo Boff, Ed. Sextante, 1999, 144 pp.)
(NT)
[2] Segundo o budismo, a raja ioga e a teosofia, a crença
na existência de um eu separado é uma ilusão que provoca grande sofrimento.
(NT)
Os Chelas
O Que é, e o Que
Não é, Discipulado
Helena P. Blavatsky
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Nota
Editorial:
O artigo a
seguir foi publicado pela
primeira vez na
revista “The Theosophist”,
na Índia, em Outubro de 1884. Título original:
“Chelas”. O leitor deve levar em
conta que, desde
o ano de 1900, o
movimento teosófico não possui
Chelas
ostensivamente; e caso ele possua Chelas, vale
o antigo
aforismo taoísta: “quem sabe não
fala; quem
fala,
não sabe”.
Por outro lado, o caminho da
busca do
chelado
leigo
continua aberto aos aspirantes em todo o mundo.
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H. P. Blavatsky
Apesar
dos vários artigos que têm aparecido nesta revista sobre o tema do chelado, a
falta de compreensão e as visões equivocadas ainda parecem predominar. O que
são os Chelas, e quais os seus poderes? Eles cometem erros? Em que aspectos
eles são diferentes dos que não são Chelas? Será que cada palavra pronunciada
por um Chela deve ser aceita como uma verdade sagrada?
Estas
questões surgem porque muitas pessoas têm alimentado pontos de vista absurdos
sobre os Chelas já há algum tempo, e, quando chegou-se à conclusão de que era
necessário mudar tais visões, a reação em vários casos foi bastante violenta.
A
palavra “Chela” significa simplesmente “discípulo”, mas ficou cristalizada na
literatura teosófica, e recebe nas diversas mentes tantas definições diferentes
quanto a própria palavra “Deus”. Algumas pessoas chegaram ao ponto de dizer que
quando alguém é um Chela é imediatamente colocado num plano em que cada palavra
dita por ele é imediatamente encarada como uma palavra vinda de uma autoridade,
e ele não possui mais o privilégio de falar como uma pessoa comum. Quando fica
claro que alguma coisa foi dita por ele mesmo, por sua própria conta e risco, o
Chela é acusado de enganar aqueles que o ouviram.
Esta
ideia errada deve ser corrigida de uma vez por todas. Há Chelas e Chelas, assim
como há MAHATMAS e MAHATMAS. Há MAHATMAS
que, na verdade, são eles próprios Chelas de seres ainda mais elevados. Mas
ninguém pode confundir, nem por um instante, um Chela que começa a sua
arriscada viagem com aquele Chela maior que é um MAHATMA.
Na
verdade o Chela é um homem infeliz que ingressou num “caminho não-manifestado”,
e Krishna diz que “este é o mais difícil dos caminhos”.
Ao
invés de ser o constante porta-voz do seu Guru, ele percebe que está mais
sozinho no mundo do que aqueles que não são Chelas. O seu caminho é rodeado de
perigos que provocariam desânimo em muitos aspirantes, se fossem descritos tal
como são; de modo que ao invés de aceitar seu Guru e ser aprovado em seu exame
de admissão, tendo como meta a sua qualificação em filosofia oculta sob o
constante conselho solidário do seu Mestre, ele na realidade força o seu caminho até um local protegido, e desde
este momento deve lutar e vencer - ou morrer. Ao invés de aceitar, ele deve ser
digno de ser aceito. Ele não deve oferecer-se. Um dos Mahatmas escreveu, há
menos de um ano [1]: “Nunca se
imponha a nós como candidato ao Chelado; espere que o Chelado desça sobre
você.”
Uma
vez que foi aceito como Chela, não é verdade que ele seja apenas um instrumento
do seu Guru. Ele continua falando como
um homem comum, assim como fazia antes, e é somente quando o mestre manda
através do magnetismo do Chela uma carta fisicamente escrita que os
observadores podem dizer que houve uma comunicação através do Chela. [2]
Assim
como ocorre ocasionalmente com qualquer autor, os Chelas talvez façam afirmações
verdadeiras ou belas; mas não se deve concluir, por causa disso, que naquele momento o Guru estava falando
através do Chela. Quando há a semente de um bom pensamento na mente, a
influência do Guru, tal como a suave chuva sobre o solo, pode fazer com que a
semente germine, surgindo para a vida e florescendo de modo extraordinário. Mas
esta não é a voz do mestre. Na verdade,
são raros os casos em que os mestres falam através de um Chela.
Os
poderes dos Chelas variam de acordo com o progresso feito por eles. E todos
devem saber que se um Chela possui quaisquer “poderes”, ele não tem a permissão
de usá-los salvo em casos raros e excepcionais, e jamais pode contar vantagem
sobre o fato de que os possui. Em consequência disso, aqueles que são apenas
iniciantes não têm mais poderes do que um homem comum. A meta do Chela não é
obter poder psicológico. Sua principal tarefa é libertar-se do sentido
dominante de personalidade, o grosso véu que o impede de enxergar sua parte
imortal - o verdadeiro ser humano. Enquanto permitir que este sentimento
permaneça, ele ficará preso ao portal de ingresso no Ocultismo, incapaz de
avançar mais além.
Assim,
o sentimentalismo não faz parte dos equipamentos do Chela. Sua missão é árdua,
seu caminho cheio de pedras, e o local de destino está muito afastado. Tendo
apenas sentimentalismo, ele não pode dar um passo adiante. Ele espera que o
mestre o convide a mostrar sua coragem atirando-se desde um precipício, ou
desafiando as frias altitudes dos Himalaias? Essas são falsas esperanças; os
mestres não o chamarão desta maneira. Em consequência disso, assim como ele não deve vestir-se de
sentimentalidade, o público, ao observá-lo, tampouco deve lançar um falso véu
de sentimentalismo sobre todas as suas ações e palavras.
É
recomendável, portanto, usar um pouco mais de discernimento em relação aos
Chelas.
NOTAS:
[1] “Há menos de um
ano”; estas palavras foram publicadas em outubro de 1884.
[2] Esta frase era
válida para as condições reinantes na década de 1880. Desde o ano de 1900,
cessou toda comunicação verbal ou visual entre Mestres e discípulos leigos, ou
entre Mestres e o público. Os Mestres transmitiram ensinamentos suficientes; o
movimento teosófico deve erguer-se agora por mérito próprio, com base numa
leitura correta do ensinamento original.
Robert Crosbie:
O Carma Cria Oportunidades
Se o candidato [à sabedoria] possui
fé, sabedoria e confiança, ele realmente não terá que esperar muito.
Há uma coisa que deveria ser lembrada no meio de todas as dificuldades, e é o
seguinte: “Quando a lição é aprendida, a necessidade desaparece”.
Devemos saber que o Carma não castiga; ele simplesmente cria a
oportunidade para o ajuste. Ninguém pode lançar nosso carma sobre nós, e
tampouco alguém gostaria de fazer isso. De modo que, seja o que for que
aconteça, é bom lembrar que foi causado por nós mesmos, precipitado por nós
mesmos, e que pode ser enfrentado por nós mesmos.
(Trecho da obra “The Friendly
Philosopher”, de Robert Crosbie, Theosophy Company, Los Angeles, 1945,
ver p. 10.)
Novos Textos em FilosofiaEsoterica.com
Este é o relatório de www.FilosofiaEsoterica.com e
websites associados, válido para 17 de setembro.
O total de textos e áudios em espanhol é de 29 textos. Em inglês, são 374 textos. Em língua portuguesa há 672 itens. O conjunto dos três idiomas soma 1075
itens.
Nas
últimas quatro semanas, foram retirados de nossos sites dois textos. Um deles é
“O
que é o SerAtento”, de “Um
Estudante de Teosofia”, que foi retirado por haver sido revisado, atualizado e
recolocado com outro título. O outro é “To Spread Broadcast the Teachings”, de Carlos Cardoso Aveline. Este foi um texto
feito em função de determinadas circunstâncias, e perdeu atualidade.
Os textos incluídos nos websites associados
entre 14 de agosto e 16 de setembro de 2012 são os seguintes:
(Artigos mais recentes acima)
1.Meditating
on Peace in the Middle East - Carlos Cardoso Aveline
2.O
Momento da Dificuldade - John Garrigues
3.Devotion to the Cause of Theosophy -
The Theosophical Movement
4.The
Eclectic Philosophy - Alexander Wilder
5.Os
Sete Princípios do Movimento - Carlos Cardoso Aveline
6.Meditação
Para Abrir Estudos - Carlos Cardoso Aveline
7.A Philosophy With Determined Votaries
- N. C. Ramanujachary
8.O
Primeiro Passo Adiante - John Garrigues
9.The
Aquarian Theosophist, August 2012
10.O
SerAtento Como Comunicação Social - Carlos Cardoso Aveline
11.The Future of Mankind is Bright -
Carlos Cardoso Aveline
12.The Teachings of Plotinus -
Alexander Wilder
13.Boletim
O TEOSOFISTA, Agosto 2012
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O
Teosofista
Notas e Informações Sobre Teosofia e o Movimento Esotérico
Ano VI, Número 64, Setembro de 2012. O
Teosofista é o boletim eletrônico mensal do website www.FilosofiaEsoterica.com . Entre
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