sábado, 25 de maio de 2013

Por Que os Animais Sofrem?

www.FilosofiaEsoterica.com
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Um Fracasso Ético da “Civilização Ocidental e Cristã”
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Helena P. Blavatsky
 
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Neste texto vigoroso de 1883, H.P.B. mostra
o saldo ético negativo  da chamada “civilização
cristã” em relação aos animais, e especialmente em
relação aos animais mais evoluídos,  os “irmãos
menores” da humanidade. Com algumas boas
e nobres exceções, entre as quais a principal é a
de  São Francisco de Assis e do franciscanismo,
o cristianismo ainda hoje desculpa e “autoriza” o
covarde massacre cotidiano de animais indefesos.
Nesta primeira parte do século 21, nossa civilização
começa a despertar.   Os movimentos de defesa dos
animais são cada vez mais fortes. O vegetarianismo
se alastra,  e a consciência ecológica permeia  vastos
setores  do próprio cristianismo. 
O texto de HPB, porém, permanece plenamente atual.
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P. É possível para mim, que amo os animais, obter mais poder do que tenho para ajudá-los em seu sofrimento?
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R.  Um autêntico AMOR não egoísta, combinado à VONTADE,  é um “poder”  em si mesmo.  Aqueles que amam os animais devem mostrar sua afeição de maneira mais eficiente do que cobrir seus animais com fitas e levá-los para uivar e arranhar nas competições, em busca de prêmios. 
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P. Por que os animais mais nobres sofrem tanto nas mãos dos homens? Não preciso entrar em detalhes ou tentar explicar esta questão. As cidades são lugares de tortura de animais que podem, por qualquer motivo, ser usados e abusados pelo homem! E esses são sempre os mais nobres.
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R. Nos Sutras ou Aforismos de Karma-pa, uma seita que é um ramo da grande seita Gelukpa (capuz amarelo) no Tibete,  e cujo nome indica sua doutrina – “os que acreditam na eficácia do Carma” (ação, ou boas obras) – um Upasaka [1] pergunta a seu Mestre: “Por que o destino dos pobres animais mudou tanto ultimamente? Nunca um animal era morto ou tratado injustamente nas imediações de um templo budista ou outros templos na China, antigamente, enquanto hoje em dia eles são mortos e livremente vendidos nos mercados de várias cidades, etc.”  A resposta é sugestiva: . . .
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“Não ponha a culpa na natureza por esta injustiça sem igual.  Não procure inutilmente por efeitos cármicos para explicar a crueldade, porque o Tenbrel Chugnyi (conexão causal, Nidâna) não lhe mostrará nenhum. É a indesejada vinda do  Peling (cristão estrangeiro), cujos três deuses ferozes  recusaram-se a dar proteção para os fracos e pequenos (os animais), que é responsável pelos sofrimentos incessantes,  e de fazer doer o coração, de nossos companheiros mudos.”
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A resposta à pergunta acima está aqui em poucas palavras. Pode ser útil, ainda que mais uma vez desagradável, dizer a alguns religiosos que a culpa por este sofrimento universal é inteiramente da nossa religião e educação ocidentais.  Cada sistema filosófico oriental, cada religião e seita da antiguidade – bramânica, egípcia, chinesa e, finalmente, o mais puro e nobre de todos os sistemas de ética existentes, o budismo,  ensinam bondade e proteção a cada criatura viva, desde o animal e o pássaro até os seres rastejantes e mesmo o réptil. Só a nossa religião ocidental permanece em seu isolamento, como um monumento ao mais gigantesco egoísmo humano jamais desenvolvido por uma mente humana, sem uma palavra em favor ou proteção do pobre animal. Muito pelo contrário. Porque a teologia, enfatizando uma frase do capítulo jeovístico da “Criação”, interpreta-a como prova de que os animais, como todo o resto, foram criados para o homem! Portanto, a caça se tornou um dos entretenimentosmais nobres das classes superiores. Assim – pobres inocentes pássaros feridos, torturados e mortos aos milhões a cada outono, tudo em países cristãos, para a recreação do homem. Disso também surgiu a maldade, e freqüentemente a crueldade a sangue frio, durante a juventude do cavalo e do novilho, indiferença brutal com seu destino quando a idade os torna incapazes para o trabalho, e ingratidão após anos de trabalho duro para o homem e a seu serviço. Em todos os países que o europeu passa a  dominar,  começa a matança de animais e o seu massacre inútil.
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“Alguma vez o prisioneiro matou animais por prazer?”  perguntou um juiz budista numa cidadezinha fronteiriça na China, infestada de piedosos homens de igreja e missionários europeus, a respeito de um homem acusado de ter matado sua irmã. E, diante de uma resposta afirmativa, já que o prisioneiro tinha estado a serviço de um coronel russo, “um poderoso caçador diante do Senhor”, o juiz não precisou de nenhuma outra evidência e o assassino foi considerado “culpado” – com razão, como sua confissão posterior comprovou.
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Deve o cristianismo, ou mesmo o leigo cristão, ser culpado? Nenhum dos dois. É o sistema pernicioso da teologia, são os longos séculos de teocracia e o feroz e sempre crescente egoísmo dos países ocidentais civilizados. O que podemos fazer?

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NOTA:
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[1] Upasaka: discípulo. (NT)
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O texto acima, que mostra o pioneirismo do pensamento de HPB,  foi publicado pela primeira vez em maio de 1888.  Título original: “Why Do Animals Suffer?”  
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Ver “Theosophical Articles”, H.P. Blavatsky, Theosophy Company,  Los Angeles, Volume II, 532 pp., 1981, pp. 327-328.
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Artigo publicado originalmente em www.FilosofiaEsoterica.com .
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segunda-feira, 20 de maio de 2013

A Filosofia de Carlos Castaneda

 
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Envolto em Mistério, Pensador
Transmitiu Sabedoria a Milhões de Leitores
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Carlos Cardoso Aveline
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Foto de Castaneda quando jovem, e a capa de um dos seus livros
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Quando Carlos Castaneda morreu com todo sossego em sua casa em Los Angeles - dia 27 de abril de 1998 - ele era um dos autores mais lidos e mais famosos ao redor do mundo. No entanto, pouco se sabia sobre sua vida pessoal, e sua passagem para além do mundo físico foi mantida em segredo durante 50 dias, sendo anunciada pelo Los Angeles Times apenas em 19 de junho. O silêncio de quase dois meses visou provavelmente dar tranquilidade à sua alma durante o início da transição para o mundo sutil.
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O autor de O Poder do Silêncio sempre teve o cuidado de resguardar-se das pressões contraditórias e desencontradas da sociedade de consumo. Ele mantinha uma cuidadosa cortina de desinformação em torno da sua pessoa, mas há indicações de que viveu 72 anos. É provável que tenha nascido em 25 de dezembro de 1925, em Cajamarca, no Peru. Por outro lado, Castaneda alegou para alguns que nascera na cidade de Juqueri, cujo nome real é Franco da Rocha, na grande São Paulo. Há quem diga que nasceu na Itália, em 1931 ou 1935. Uma coisa é inegável, porém: milhões de pessoas ampliaram sua visão da vida lendo as obras de Castaneda. Seu primeiro livro, um estudo antropológico, foi publicado em 1968. O título da obra, Os Ensinamentos de Dom Juan, foi traduzido no Brasil de modo não muito feliz como A Erva do Diabo.
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Somente em língua portuguesa, os livros de Castaneda venderam até 1998 cerca de 600.000 exemplares. No mundo, o total ficava entre dez e vinte milhões de volumes. A força do autor, porém, não pode ser medida quantitativamente: Castaneda influenciou um número expressivo de pensadores de vanguarda - inclusive físicos, biólogos e psicólogos - que por sua vez ajudaram a mudar várias áreas do conhecimento humano.
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Castaneda não recebeu apenas aplausos. Como todo pensador que se destaca à frente do seu tempo e derruba velhas concepções de mundo, ele foi atacado e descrito como charlatão. Cabe examinar aqui, especialmente, duas acusações feitas com frequência contra ele. A primeira é de que ele foi um “guru das drogas”. A segunda é a de que “inventou” a figura do seu mestre, dom Juan.
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As Drogas e a Estupidez
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Embora seja verdade que a tradição xamânica da América Central usa plantas alucinógenas para romper a visão superficial de alguns dos seus aprendizes, Castaneda explicou em uma entrevista publicada na revista Psychology Today, dos Estados Unidos:
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“Dom Juan só utilizou as plantas psicotrópicas durante o período médio de minha aprendizagem porque eu era excessivamente estúpido, sofisticado e vaidoso... Eu insistia em minha descrição do mundo como se fosse a única verdade. Os psicotrópicos destruíram minha certeza dogmática, mas em troca paguei um alto preço; meu corpo ficou debilitado, e precisei de muitos meses para recuperar-me. Sofria de ansiedade e funcionava a um nível muito baixo. Se tivesse me comportado como um guerreiro, aceitando a responsabilidade, não teria sido necessário tomá-los.”[1]
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Desde um ponto de vista teosófico, as frequentes menções a uso de plantas alucinógenas presentes nos primeiros livros de Castaneda não só são dispensáveis mas reduzem a eficiência dos seus escritos. A fase madura da obra de Castaneda é bem mais importante, embora haja trechos brilhantes no seu primeiro livro - Os Ensinamentos de Dom Juan.

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O Mestre Como Figura Arquetípica.
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Uma segunda acusação feita contra Castaneda é a de que ele inventou em grande parte a figura de seu mestre, dom Juan, e não deu informações verdadeiras sobre sua própria vida pessoal.
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É verdade que Castaneda tratou não só a seu mestre, mas também a si mesmo, como figuras arquetípicas, sobre as quais o público não consegue ter verdades superficiais confirmadas. Mas isso se deve ao fato de que a realidade é mais complexa que as imagens externas que formamos dela. O mestre dom Juan e o aluno Castaneda são verdadeiros em um sentido mais profundo que o nível físico ou aparente. A relação entre ambos pode ser vista como uma alegoria e uma parábola que retrata a relação entre o eu imortal e o eu mortal do ser humano. O eu superior, o mestre, ri e chora com os erros e a ignorância do eu inferior, o discípulo, enquanto o conduz pela longa e perigosa estrada do aprendizado.
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Florinda Donner, que pertenceu à mesma linhagem mística de Castaneda, disse que conheceu dom Juan sob outro nome, e que diante dela dom Juan tinha comportamento diferente. Outros discípulos de dom Juan podem tê-lo conhecido por diversos nomes e com estilos de atuação diferentes.
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Por que motivo Castaneda construiu um mistério em torno da sua personalidade física? Este anonimato interiormente radical é parte do ensinamento. Há uma técnica pedagógica nisto. As obras de Castaneda giram em torno da necessidade de perdermos nossas certezas sobre o mundo físico e sobre as personalidades externas das outras pessoas e olharmos para coisas mais importantes do que a superfície dos fatos. Ao manter um mistério em torno de si mesmo e apresentar um dom Juan que opera como Herói e Mito, Castaneda espera que as pessoas transcendam a forma e olhem o conteúdo do ensinamento.
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Revestir-se de segredo é parte do treinamento de um guerreiro da sabedoria. Deste modo Castaneda aplicava o princípio - difícil de cumprir - segundo o qual “o guerreiro não tem história pessoal”. De fato, segundo diversas tradições, a partir de determinado ponto do caminho espiritual a prática da eliminação psicológica do passado pessoal é inevitável. A noção de tempo deixa de ser linear. Os místicos de várias tradições desenvolvem modos de apagar suas histórias pessoais. Helena Blavatsky escreveu a seu biógrafo Alfred Sinnett:
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“Dos 17 aos 40 anos de idade cuidei durante minhas viagens para eliminar todos os indícios da minha passagem pelos lugares que visitava. Nunca deixava que as pessoas soubessem onde estava nem o que estava fazendo.” [2]
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Atribuindo a Obra à Fonte de Inspiração
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Em seus livros, Castaneda retoma o hábito milenar dos escritores místicos de atribuir o que escrevem a seus próprios mestres. Os pitagóricos seguiram esta prática em relação a Pitágoras. Platão fez isto em relação a Sócrates. Os discípulos do sábio budista Nagarjuna atribuíram grande quantidade de seus textos a seu mestre. Colocando-se sempre na posição de aprendiz e testemunha, Castaneda jamais assumiu a atitude de dono do ensinamento que transmitia. Esta postura fica clara no último texto assinado por ele, publicado pouco antes de sua morte. Trata-se dos comentários à edição de trigésimo aniversário de Os Ensinamentos de Dom Juan, lançada nos Estados Unidos no começo de 1998.
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Ao despedir-se, indiretamente, de seus leitores, Castaneda continuou tratando o que escreveu ao longo de três décadas como algo que pertence não a si, mas a seu mestre. Traduzo um parágrafo deste texto:
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“O resultado final que os xamãs como dom Juan buscavam para seus discípulos era uma compreensão que, pela sua simplicidade, é extremamente difícil de obter: a compreensão de que nós somos de fato seres que vão morrer. Portanto, a verdadeira luta do homem não é com seus companheiros humanos, mas com a infinidade, e nem se trata de fato de uma luta; ela é, na essência, uma aceitação. Nós devemos voluntariamente aceitar a infinidade. Na descrição dos feiticeiros, nossas vidas se originam na infinidade e terminam onde começam: na infinidade.” [3]
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A iluminação espiritual implica uma morte psicológica para o mundo do eu inferior. O desafio do guerreiro, segundo Castaneda, é conhecer a infinidade durante a vida e quando ainda tem boa saúde. Ele escreveu em Os Ensinamentos de Dom Juan:
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“A existência de um homem de conhecimento é uma luta incessante, e a ideia de que ele é um guerreiro, levando vida de guerreiro, dava à pessoa os meios de conseguir a estabilidade emocional. A ideia de um homem em guerra abrange quatro conceitos: (1) um homem de conhecimento tem de ter respeito; (2) ele tem de ter medo; (3) ele tem de estar bem desperto; (4) ele tem de ter confiança em si. Daí, ser um guerreiro é uma forma de autodisciplina que frisa a realização individual; no entanto, é uma posição em que os interesses pessoais são reduzidos a um mínimo, pois, na maioria dos casos, o interesse pessoal é incompatível com o rigor necessário para executar qualquer ato predeterminado obrigatório.”
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A atitude do guerreiro descrita por Castaneda é essencialmente a mesma apresentada pelas tradições taoísta, zen-budista, e hindu (incluindo a carma ioga e raja ioga). “Um homem de conhecimento em seu papel de guerreiro era obrigado a ter uma atitude de consideração diferente pelas coisas com que lidava”, escreveu ele. E prosseguiu: “tinha de imbuir tudo que se relacionava com seu conhecimento com um respeito profundo, a fim de colocar tudo numa perspectiva significativa. Ter respeito era o equivalente a avaliar seus próprios recursos insignificantes diante do Desconhecido.” [4]
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Como guerreiro, um homem de conhecimento precisa estar profundamente desperto. Daí a ideia de luta constante. A plena atenção a cada momento da vida é um conceito central no ensinamento das tradições esotéricas, orientais e ocidentais..
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O Medo Pode Ser Útil ao Despertar
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Embora o medo seja um dos primeiros obstáculos no caminho, ele tem ao mesmo tempo uma utilidade porque serve para romper a rotina mental do aprendiz.
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Em O Poder do Silêncio, dom Juan explica que “durante nossas vidas ativas nunca temos a chance de ir além do nível da mera preocupação, porque desde tempos imemoriais a rotina dos afazeres diários nos entorpeceu. É apenas quando nossas vidas quase se encontram por terminar que nossa preocupação com o destino começa a assumir um carácter diferente. Começa a fazer-nos ver através da neblina das ocupações diárias.”
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Ainda quando buscamos vivenciar na prática o ensinamento de alguma religião, mantemos o hábito subconsciente de “arranjar” nossas conclusões de modo que elas se encaixem em nosso esquema de complacência, [5] isto é,o conjunto de autojustificativas pelas quais explicamos a nós mesmos nossa lentidão e preguiça na busca da verdade e em nossas tentativas de viver impecavelmente.
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Quando nos irritamos com erros alheios, trata-se muitas vezes de uma válvula de escape da frustação que temos reprimida em nós diante do nosso próprio comportamento insatisfatório. Frequentemente o erro de outra pessoa provoca um alívio na consciência pesada do ser humano espiritualmente preguiçoso.
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Por outro lado, alguém que procure prejudicar-nos seriamente pode ser extremamente valioso como “pequeno tirano”. Seu valor decorre do fato de que entre os maiores inimigos do guerreiro da sabedoria estão a vaidade e a auto-importância.
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Quando uma pessoa visa prejudicar-nos de modo consciente e intencional, temos uma oportunidade ímpar de observar nosso próprio orgulho, nossa raiva, nossa frustração e nossa ingenuidade. São muitas as caras da auto-ilusão. Um “pequeno tirano” que tenha condições de colocar o guerreiro em risco e prejudicá-lo seriamente presta um serviço enorme e acelera o processo de auto-observação e purificação do buscador da verdade.
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A visão de mundo de Castaneda é essencialmente teosófica e universalista. Ela coincide em mais de um aspecto com o budismo, que ensina sobre a importância da plena atenção. Castaneda escreveu:
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“Dom Juan Matus e os xamãs da sua linhagem viam atenção como o ato de estar deliberadamente consciente de todas as possibilidades perceptivas do homem, e não só das possibilidades perceptivas ditadas por alguma cultura determinada, cujo papel parece ser o de restringir a capacidade perceptiva dos seus membros. Dom Juan pensava que libertar a capacidade total de percepção dos seres humanos não interferiria de modo algum com seu comportamento funcional. Na verdade, o comportamento funcional se transformaria em uma questão extraordinária, porque adquiriria um novo valor. Funcionar, nestas circunstâncias, torna-se uma necessidade imperiosa. Livre de idealizações e de pseudo-metas, o homem tem a função como única força orientadora.”
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Em outras palavras, o homem sábio segue seu dever, que é o dharma, a lei espiritual, aquilo que é correto. Para conseguir isto, ele esquece interesses pessoais de curto prazo e assim transcende a neblina mental das preocupações. Castaneda explica:
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“Os xamãs dão a isso o nome de impecabilidade. Para eles, ser impecável significa fazer o melhor que se pode, e um pouco mais que isto. Eles determinavam sua função a partir do ato de ver diretamente a energia fluir no universo.” [6]
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Os xamãs que seguiam a sabedoria mais elevada estavam livres da ambição e do medo e por isso podiam seguir o caminho do coração. O importante era encontrar o caminho do coração. Depois disso, “a viagem em si era suficiente”. Qualquer esperança de chegar a uma posição permanente estava fora dos limites do conhecimento do guerreiro.
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Para Castaneda, “se não existe forma de averiguar se dispomos de mais um minuto de vida, temos de viver cada minuto como se fosse o último. Cada ato é a última batalha do guerreiro. Por isso ele tem que atuar sempre impecavelmente. Nada pode ficar pendente.” Nisso Castaneda repetia os filósofos clássicos Mussônio Rufo e Marco Aurélio.
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A Despedida de um Pensador
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Em seu último texto, Castaneda diz adeus a seus leitores falando sobre o processo pelo qual um ser orgânico se transforma em ser inorgânico..
O guerreiro sábio faz a transição mantendo consciência de si enquanto se liberta dos sofrimentos e limitações da vida material. Seleciono e traduzo alguns parágrafos:
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* “A maior parte dos processos que descrevi em minhas obras escritas tem a ver com os altos e baixos da minha persona como um ser socializado sob o impacto de novas descrições da realidade. (...) Depois de anos de luta para manter intactas as fronteiras da minha personalidade, aquelas fronteiras cederam. Lutar para mantê-las era uma ação inútil do ponto de vista do que dom Juan e os xamãs da sua linhagem pretendiam fazer. No entanto, era uma ação muito importante do ponto de vista da minha necessidade, que era uma necessidade de toda pessoa civilizada: manter as fronteiras do mundo conhecido.”
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* “Dom Juan disse que o fato energético que constituía a pedra angular da cognição dos xamãs do antigo México é que cada nuance do cosmo é uma expressão de energia. A partir do seu modo de ver a energia diretamente, aqueles xamãs chegavam ao fato energético de que todo o cosmo é composto de forças gêmeas que são ao mesmo tempo opostas e complementares uma à outra. Eles chamaram estas duas forças de energia animada e energia inanimada.”
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* “Eles viram que a energia inanimada não tem consciência. Consciência, para os xamãs, é uma condição vibratória da energia animada. Dom Juan disse que os xamãs do antigo México foram os primeiros a ver que todos os organismos da Terra são possuidores de energia vibratória. Eles o chamaram de seres orgânicos (...). Eles também viram que há conglomereados vibratórios de energia animada que têm coesão própria, enquanto são livres das limitações de um organismo. Eles os chamaram de seres inorgânicos, e os descreveram como porções de energia coesa que são invisíveis ao olho humano; uma energia que é consciente de si mesma, e possui uma unidade determinada por uma força aglutinadora diferente da força aglutinadora de um organismo.”
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* “Xamãs como dom Juan definiam sua busca como um esforço para transformar-se, no final, em um ser inorgânico, isto é, em energia consciente de si mesma, atuando como uma unidade coesa, mas sem um organismo. Eles chamavam este aspecto da sua cognição de liberdade total, um estado em que a consciência existe livre das imposições da socialização e da sintaxe.” [7]
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Através de seus livros, Castaneda ampliou os horizontes do processo pelo qual já nasce hoje, primeiro no plano das ideias, uma civilização da fraternidade universal. Ele ensinou estoicismo, ética e diversos princípios básicos de teosofia. Entre as suas obras que possuem interesse direto para o estudante de filosofia esotérica é possível citar: “Porta Para o Infinito”, “O Poder do Silêncio”, “O Fogo Interior” e “Viagem a Ixtlán”.
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O que Helena P. Blavatsky escreveu sobre a filosofia seguida por Castaneda?
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No volume dois de “Ísis Sem Véu”, ela mostra as raízes universais da sabedoria mexicana pré-colonial e do nagualismo a que se filia o autor de “O Poder do Silêncio”. Depois de fazer uma análise comparada de diversas tradições religiosas, Blavatsky escreve:
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“A identidade perfeita dos ritos, das cerimônias e das tradições, e mesmo dos nomes das divindades, entre os mexicanos e os babilônios e os egípcios antigos, é uma prova suficiente de que a América do Sul [e Central] foi povoada por uma colônia que abriu caminho misteriosamente através do Atlântico. Quando? Em que período? A História silencia-se a este respeito, mas aqueles que consideram que não existe tradição, santificada pelos séculos, que não tenha um determinado sedimento de verdade no seu centro, acreditam na lenda da Atlântida.” [8]
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Envolta em uma aura de mistério, a obra de Castaneda inclui livros úteis para o despertar da consciência humana do século 21, e demonstra a importância de resgatar com seriedade as teosofias da cultura interamericana pré-colonial.
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NOTAS:
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[1] “Conversando com Carlos Castaneda”, Carmina Fort, Ed. Record, 124 pp., RJ, ver p. 71.
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[2] “The Letters of H.P. Blavatsky to A.P. Sinnett”, facsimile edition, Theosophical University Press, California, USA, 404 pp., ver p. 154.
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[3] “The Teachings of Don Juan: A Yaqui Way of Knowledge, With a New Commentary by the Author, by Carlos Castaneda, Washington Square Press, 1998, New York, USA, 213 pp., ver pp. XIV e XV.
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[4] “A Erva do Diabo”, Carlos Castaneda, Ed. Record, RJ, 246 pp., ver pp. 192-193.
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[5] “O Poder do Silêncio”, Carlos Castaneda, Ed. Record, RJ, 251 pp., ver p. 64.
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[6] “The Teachings of Don Juan”, obra citada, pp. XIX e XX.
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[7] “The Teachings of Don Juan: A Yaqui Way of Knowledge”, obra citada ver pp. XI a XXI. Os parágrafos acima foram tirados dos comentários de Castaneda para a edição de 1998.
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[8] “Ísis Sem Véu”, de H. P. Blavatsky, edição em quatro volumes da editora Pensamento, SP. Ver o volume II, capítulo XIV, p. 232, para a presente citação. O estudo do tema ocupa várias páginas antes e depois deste trecho específico. Na edição original em inglês de “Isis Unveiled”, a citação está na p. 557 do volume I.
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Uma versão inicial do texto acima foi publicada na edição de agosto de 1998 da revista “Planeta”.
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Sobre a sabedoria universal dos povos andinos, leia os artigos “A Teosofia dos Andes” e “Um Parentesco Entre o Peru e a Índia”. Os dois textos estão disponíveis através da Lista de Textos por Ordem Alfabética em www.FilosofiaEsoterica.com . Em inglês, leia “The Popol Vuh of the Maya Tradition”, artigo de John Garrigues que pode ser localizado em www.FilosofiaEsoterica.com, www.Esoteric-Philosophy.com e www.TheosophyOnline.com.
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Artigo originalmente publicado em www.FilosofiaEsoterica.com .
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A Filosofia de Carlos Castaneda.

sábado, 18 de maio de 2013

Confiar na Vida e em Si Mesmo


www.FilosofiaEsoterica.com 

Saber Em Que Confiar é Uma Função do Discernimento
 
 
Carlos Cardoso Aveline
 
 
 
 
 
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O texto a seguir foi publicado pela
primeira vez sem indicação de nome de autor na
edição de novembro de 2010 de “O Teosofista”.
 
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Viver é um ato de confiança.  Confiar é saber que a vida prossegue infinitamente, e que ela avança de modo vitorioso, distribuindo dádivas e retribuindo a ações conforme o que é plantado no plano individual e no plano coletivo, nos vários níveis e aspectos da vida. A colheita de algo pode ser postergada, mas ela virá a seu tempo e com os devidos acréscimos.

O ato de confiar na vida, nos outros e em si mesmo não é algo que possa  ser forçado. A confiança deve ser um processo realista e uma ação natural. Quando trilhamos um caminho correto, podemos ter confiança sem necessidade de garantias externas.  

Sabendo onde pisamos e conhecendo em primeira mão e por nós mesmos o fato de que caminhamos em solo firme, temos consciência de que a tendência geral dos acontecimentos é positiva. Isso é mais do que suficiente. Não necessitamos saber de antemão os detalhes da vitória.  Basta saber que caminhamos para ela de modo real e realista, numa estratégia de longo prazo que inclui mais de uma encarnação.

Quando ocorre uma  colheita que não corresponde ao que foi plantado, isso também será corrigido, a seu devido tempo. A lei do carma é a lei da harmonização constante. Ela é uma lei de resgate cíclico daquilo que é justo  e bom, ainda que, talvez, o que é correto tenha ficado momentaneamente esquecido. Com freqüência a justiça é feita de uma maneira renovadora e impossível de prever.  

O carma positivo necessita de uma Oportunidade para que possa emergir no mundo visível. Ele pode ficar algum tempo num plano potencial e implícito. Mas um dia surge uma ocasião propícia e o bom carma é ativado e colocado em movimento.  Por isso não necessitamos preocupar-nos. Confiando na Lei e no trabalho, fazendo o melhor que podemos, temos todas as condições e motivos para viver de modo interiormente seguro e confiante.
 
Confiar é ter felicidade, e não confiar é ser infeliz. Confiar é incondicional. Confiar não é o mesmo que ter expectativas, porque expectativas produzem medo.
 
Confiar é saber que a vida é regida pela Boa Lei Universal. Uma grande fonte de confiança está em ter conhecimento real de um fato muito simples: o fato de que TENTAR O MELHOR é tudo o que se espera daquele que trilha o caminho do Bem.

A felicidade é expansiva. Ela mostra a unidade entre todos os seres. O bem-estar da alma é contagioso. Ele se espalha através da fraternidade e da ajuda mútua. Ele faz melhorar a saúde, provoca justiça social, coloca em funcionamento a preservação do meio ambiente, cura todos os males e faz com que se tenha a impressão de que o intenso sofrimento do passado, na verdade,  jamais existiu.

Confiar não é sinônimo de ser ingênuo. E desconfiar não é sinônimo de ser “esperto”.  Saber confiar, e saber em que confiar, é uma função do Discernimento.
 
Confiar é a capacidade de ter fé naquilo que se faz, e para isso é necessário fazer aquilo em que se tem fé. Quando desenvolvemos a coragem e a determinação necessárias para fazer aquilo em que confiamos - que sabemos ser verdadeiro - então cada passo e cada tentativa já são vitórias em si mesmos. Mas se ainda não há certeza, o caminho deve ser testado. 
 
O estudante de teosofia deve confiar, pois, sabendo em que confia, e por que razão. Assim ele irradia a seu redor a energia da coragem com discernimento e da determinação com mente aberta. 
 
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Artigo originalmente publicado em www.FilosofiaEsoterica.com .




terça-feira, 14 de maio de 2013

A Chegada do Novo Ciclo



O Movimento Teosófico
Deve Abrir Espaço Para o Futuro
 
 
Carlos Cardoso Aveline


 
 
 
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Esse texto foi  publicado inicialmente sob o título
The  Coming  of  the  New  Cycle”  na revista
eletrônica “The Aquarian Theosophist”, edição do
mês  de  novembro de 2005, pp. 01-07. A coleção
completa de “The Aquarian Theosophist” está
disponível em www.TheosophyOnline.com . A presente
versão em língua portuguesa é uma tradução de Martha
Vieira, e inclui algumas poucas adaptações para o
público de língua portuguesa, feitas pelo autor.
 
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Neste início do século 21, os estudantes da filosofia esotérica podem se perguntar qual é a sua responsabilidade em relação ao conjunto do carma humano.
 
De certo modo, eles são guardiães de uma sabedoria tão antiga quanto moderna.  No entanto, eles não devem estudar a Sabedoria somente para seu próprio benefício. Se o fizerem,  seu  fracasso será desde o começo inevitável.  
 
Para entender o espírito da sabedoria sagrada, o objetivo do estudante deve ser beneficiar a humanidade. E mesmo isso não é suficiente: Helena P. Blavatsky  ensinou que o conhecimento filosófico também deve ser um processo vivo e criativo, constantemente aplicado e testado na nossa vida cotidiana. Não se alcança a sabedoria repetindo sempre as mesmas  ideias contidas nos livros sagrados.
 
Mas, se tivermos algum grau de verdadeiro altruísmo e de vontade de agir a partir desse sentimento,  pode ser, então,  que nos confrontemos com uma questão  bastante desconfortável:
 
“À medida que nossa civilização se confronta com perigos grandes e crescentes de vários tipos, de que forma devemos nos sentir responsáveis por seu futuro?  Qual é a nossa responsabilidade real?”
 
Responder a essa questão não é tarefa simples. Há, porém, pelo menos uma coisa sobre a qual podemos ter certeza:  estamos rodeados de crises e oportunidades.
 
A cada noite,  elas estão nos noticiários de televisão. Elas são apresentadas em  nossos jornais e programas de TV favoritos. Por toda a África, Europa, Ásia e Américas, inundações, incêndios florestais, secas, furacões e outros eventos semelhantes parecem promover uma mudança climática global que pode ter efeitos drásticos sobre o destino da nossa civilização. Essas centenas de eventos climáticos são mostradas na mídia como se fossem fatos isolados que  acontecem nesse momento apenas por alguma estranha coincidência.  
 
Isso, porém,  não é verdade. Também não é por coincidência que os sinais de decadência ética e social da nossa civilização – incluindo crime organizado,  corrupção na política, miséria,  guerras  e ataques terroristas – ocorrem ao mesmo tempo que o desmatamento,  a poluição ambiental e as mudanças climáticas. A verdade é que espírito e matéria evoluem juntos: ao longo da História,  cada vez que a ganância do homem o fez destruir seu ambiente natural, ele mesmo acabou pagando caro por isso.
 
Ao escrever em 1879 sobre os efeitos do desmatamento na Índia, por exemplo, H. P. Blavastsky disse:
 
“Uma rápida olhada nas páginas da História já mostra que a ruína e a extinção definitiva do poder nacional se segue à extirpação das florestas, tão certo como a noite segue o dia. A natureza providenciou os meios para o desenvolvimento humano, e suas leis nunca podem ser violadas sem desastre.” [1]   
 
Os ecologistas e aqueles que estudam a filosofia esotérica sabem que tudo no planeta  se inter-relaciona.
 
Por outro lado, também vemos que ter acesso à informação  não é o mesmo que ter conhecimento. A diferença entre conhecimento e  informação é que o conhecimento leva à ação correta, mas a mera informação,  não.
 
Assim, para responder à pergunta sobre a nossa responsabilidade em relação ao destino da civilização atual, nós teremos que começar por examinar um questionamento prévio e também desconfortável:
 
“Quanto conhecimento direto temos sobre filosofia esotérica?”
 
A importância disso é que só o conhecimento direto provoca um sentimento duradouro de responsabilidade, livre de vaidade ou messianismo.   
 
Uma percepção exata das coisas, sentida profundamente, produz um senso de ética e uma intenção ativa de ser útil. Talvez tenha sido para ressaltar o significado desse sentimento de responsabilidade pessoal que Thomas Taylor, o filósofo neoplatônico, escreveu há alguns séculos:
 
“Um pouco de conhecimento é uma coisa perigosa.
Beba muito, ou  então não prove da fonte PLATÔNICA;
Nela,   pequenos goles intoxicam o cérebro,
E beber profundamente  nos faz sóbrios de novo.” [2]
 
A responsabilidade que emerge do conhecimento profundo nos torna sóbrios de novo – porque ela  nos leva  para a ação,  externa e  interna.
 
Quando os estudantes têm um sentido de responsabilidade natural e espontânea  em função daquilo que estão aprendendo, então surge o momento certo para um número crescente deles começar a pensar, de forma calma e tranquila, sobre duas questões:
 
1) Para a filosofia esotérica, o tempo é circular, ou cíclico. Ele avança em espiral. Como podemos avaliar o atual momento de nossa civilização, do ponto de vista dessa doutrina dos ciclos  ou eras?
 
2) Qual é a relação entre o surgimento de um  novo ciclo do tempo humano e as crescentes dificuldades enfrentadas por tantos países nesta primeira parte do século 21?
 
Talvez possamos obter apenas alguns fragmentos da resposta  – mas isso não é, em absoluto, razão para desistir. Investigar pacientemente o assunto e compartilhar nossos  esforços pode ser útil tanto para a causa do bem da humanidade como para nós mesmos. Cada aspirante à verdade deve começar pelos fragmentos que estão ao seu alcance.  Cedo ou tarde a intuição e o bom senso podem ajudá-lo a preencher os espaços em branco. À medida que o tempo  passa, o Carma e aqueles que sabem mais do que nós tendem a facilitar nossa tarefa  de vários modos  visíveis ou invisíveis.
 
Ao investigar a doutrina dos ciclos, relacionando-a ao momento atual da história da humanidade, há algo que devemos lembrar desde o início. É inútil tentar estabelecer o momento exato em que esse ou aquele “grande evento” deverá acontecer.  As mudanças dos ciclos de tempo, ou eras,  não ocorrem de acordo com a nossa noção de tempo superficial. No texto de HPB, Conversations on Occultism(Conversações Sobre Ocultismo), um estudante pergunta:
 
“Será correto inquirir sobre os períodos em que os ciclos mudam, e especular sobre mudanças, astrológicas ou outras, que anunciam uma queda?” 
 
E um sábio responde:
 
“Não. Há um antigo ditado que diz que os deuses têm ciúmes dessas coisas, não desejando que os mortais as saibam. Nós podemos analisar a era, mas é melhor não tentar fixar a hora de uma mudança de ciclo. Além disso, você não será capaz de determiná-la porque um ciclo não começa em um certo dia ou ano de um outro ciclo, eles se sobrepõem, de modo que embora a roda de um período ainda esteja girando, o momento inicial do outro já começou.” [3]
 
Quanto à chegada do novo ciclo, iniciada no final do  século 19, há um parágrafo bem conhecido,  escrito por um discípulo conforme o ditado de um Mestre de Sabedoria:
 
“Nós estamos no final de um ciclo – geológico e de outras dimensões – e no começo de outro ciclo. Cataclismo seguirá cataclismo. As forças acumuladas estão explodindo em muitos locais; e os homens não serão apenas engolidos ou mortos aos milhares; “novas” terras aparecerão e “velhas” submergirão, erupções vulcânicas e ondas gigantescas causarão medo; mas segredos de um passado insuspeito serão revelados, para assombro dos teóricos ocidentais e humilhação de uma ciência arrogante. Essa nau à deriva, se observada,  pode parecer encalhar nos vestígios emergentes de antigas civilizações, e se despedaçar. Não ambicionamos as honras dos profetas: ainda assim,  que isso fique como uma profecia.” [4]
 
Cataclismo seguirá cataclismo, disse a profecia em 1883.  Já que  sabemos que o ciclo novo e o ciclo velho se misturam e convivem muito tempo durante a transição, podemos deduzir facilmente que essa profecia não se referia apenas a algumas décadas. Vejamos,  então – do ponto de vista dos melhores levantamentos científicos disponíveis atualmente  –  qual é a avaliação científica  feita, em 2005,  a respeito dos acontecimentos geológicos e climáticos que ocorreram  nos últimos 100 anos, aproximadamente.  Isso servirá para ilustrar o fato de que, apesar de todos os obstáculos, a filosofia esotérica deve manter um diálogo vivo com a ciência e os cientistas.
 
Como escreveu um dos Mahatmas: “A ciência moderna é o nosso melhor aliado.” [5] A ciência convencional frequentemente despreza a sabedoria esotérica; mesmo assim, a palavra do Mestre permanece verdadeira. 
 
O mundialmente respeitado WorldWatch Institute, em Washington, costuma estudar os acontecimentos do mundo atual à luz da sustentabilidade ecológica e da ética social. Na edição de Janeiro/Fevereiro de 2005, o Instituto publicou um artigo chamado Repensando a Segurança – um Papel Diferente Para os Militares. Escrito por Gregory D. Foster – professor na Universidade Nacional de Defesa em Washington e importante especialista militar dos EUA – o texto compara dois dos principais problemas que, no momento, confrontam nossa civilização: o terrorismo e a crise ambiental.
 
O professor Foster diz que a maioria dos governos costumam subestimar a importância das questões ecológicas. E explica:
 
 “Que as questões ambientais preocupem tão pouco o público em geral é um reflexo do quão limitado e pouco estratégico é, na realidade, o nosso pensamento sobre segurança. (...) Vejam, por exemplo, a comparação entre o número de mortes causadas pela ameaça terrorista, que dispõe de alta credibilidade,  e a ameaça dos desastres naturais, que merece pouco crédito.  Desde 1968, ocorreram 19.114 incidentes terroristas em todo o mundo, resultando num total de 23.961 mortes  e 62.502 ferimentos associados. Por mais perturbadores que possam ser esses dados, eles perdem força quando comparados aos dos desastres naturais.”
 
Gregory Foster prossegue:
 
“A média anual de mortes no decorrer do século passado, devido a seca, fome, enchentes, vendavais, extremos de temperatura e incêndios florestais, foi de 243.577. Assim, mesmo ignorando terremotos, erupções vulcânicas e epidemias, e não contando os ferimentos e demais prejuízos (tais como ficar desabrigado), três vezes mais pessoas morrem a cada ano, em média, em desastres naturais que poderiam estar relacionados – e exacerbados – pela mudança climática,  do que as que foram mortas ou feridas, ao todo,  em 37 anos de incidentes terroristas. E,  se a média de todo um século parece indesejável,  temos que,  considerando apenas o período a partir de 1990,  já ocorreram mais de 207.000 mortes causadas por esses desastres apenas no sul da Ásia; mais de 23.000 na América Central e México,  e dezenas de milhares em outras partes do mundo.” [6]
 
Assim, a profecia escrita em 1883 é confirmada pelos fatos, se a compararmos com os dados provenientes das melhores  fontes científicas disponíveis atualmente.
 
O artigo do professor Foster na revista “Worldwatch” não é um fato isolado.
 
Um ano antes, Sir David King, conselheiro-chefe para assuntos científicos do primeiro-ministro britânico Tony Blair, escreveu um artigo publicado na edição de 4 de janeiro de 2004 da revistaScience,  dizendo que a mudança climática era “o problema mais grave que estamos enfrentando hoje – mais grave até do que a ameaça terrorista”. Sir David King disse que  o governo dos EUA estava fracassando em enfrentar o desafio do aquecimento global”.  [7]
 
Em fevereiro de 2004 as revistas “The Observer”, na Inglaterra,  e “Fortune”, nos EUA,  revelaram algumas das principais conclusões de um relatório científico feito pelo Pentágono para o presidente George W. Bush.  A  revista brasileira “CartaCapital” dedicou reportagem de capa ao assunto.[8] O relatório antevia a possibilidade de uma desordem ecológica, geológica, econômica, social e militar de âmbito mundial, entre 2010 e 2015, com sérios problemas começando a partir de 2007.
 
Vale a pena registrar que o bem conhecido filme “O Dia Depois de Amanhã”  (“The Day After Tomorrow”) está  baseado em algumas das principais hipóteses que ecologistas e cientistas têm adotado recentemente.
 
Fatos são fatos: cientistas e especialistas de ponta estão tendo que aceitar uma realidade óbvia. Os padrões e ritmos climáticos têm ficado mais e mais imprevisíveis ao redor do mundo. Em dezembro de 2004 vimos o tsunami asiático causar milhares de vítimas em vários países. Todo o planeta foi levemente sacudido por aquele acontecimento, sugerindo que eventos maiores desse tipo podem mudar a posição do eixo planetário, um evento cíclico discutido na obra de H.P. Blavatsky  “A Doutrina Secreta”.
 
Em agosto de 2005 o furacão Katrina matou muitas pessoas e causou grande devastação nos EUA.  Vulcões entram em atividade, secas e enchentes se espalham, e milhares de eventos menos espetaculares acontecem todos os dias, com custos econômicos e sociais imensos.
 
O Brasil não é exceção.  Vale a pena registrar um  fato entre muitos: em meados de 2006, a seca atingia vários estados nas regiões sul e sudeste do país. No dia 21 de agosto, em Ribeirão Preto, em SP, a umidade relativa do ar caiu para 4,8 por cento, quebrando o récorde nacional de todos os tempos desde que há  medições.  No mesmo dia, a umidade relativa do ar no deserto do Sahara, no norte da África, foi de 10 por cento. [9]  
 
Será que a desregulação climática tem  relação com a mudança de ciclo na evolução humana? Sim: podemos estar razoavelmente seguros a respeito disso.  Os eventos futuros mais importantes frequentemente lançam sua sombra sobre o presente,  e um Mestre de Sabedoria escreveu:
 
“A aproximação de cada novo ‘obscurecimento’ é sempre assinalada  por cataclismos – de fogo ou de água.” [10]  
 
Fica claro, agora,  que as forças “acumuladas” às quais a profecia de 1883 se referiu não estão apenas “explodindo por todos os lados”.  Elas  estão também acelerando o ritmo com que eclodem.  O fato de estarmos enfrentando tantos eventos diferentes no mundo externo –  todos ocorrendo ao mesmo tempo –  nos faz pensar sobre a relação  entre a aceleração de tais acontecimentos e a mudança de ciclo na história humana.   
 
Podemos nos lembrar de uma carta de um Mestre,  em que ele usa a expressão antropológica-esotérica “sub-raça”, termo  que significa “uma sucessão de civilizações ao longo de milhares de anos”.  Disse o sábio, na década de 1880: 
 
“Menos de dois séculos antes da chegada de Cortez houve uma grande ‘aceleração’ em direção ao progresso entre as sub-raças do Peru e México, assim como há hoje na Europa e nos E.U.A. A sub-raça deles terminou em quase total aniquilação devido a causas geradas por ela própria ; o mesmo ocorrerá com a sua,  ao final desse ciclo.”  [11]  
 
Menos de dois séculos, de fato. Estaria o Mestre sugerindo que um  ciclo seria concluído “menos de dois séculos” depois dos anos 1880, quando sua carta foi escrita?
 
No mesmo texto, esse místico dos Himalaias acrescentou – usando a palavra “raça” no seu sentido esotérico/espiritual de uma longa série de civilizações, cujos cidadãos podem ter diferentes características físicas:
 
“... Assim, havendo atingido o ápice do seu desenvolvimento e glória, a quarta Raça, dos atlantes, foi destruída por água; você encontra hoje apenas seus remanescentes decadentes e caídos, cujas sub-raças, no entanto – ah, cada uma delas teve seus dias prósperos, gloriosos e de relativa grandeza.  O que elas são agora – vocês serão algum dia, porque a lei dos ciclos é única e imutável.  Quando a sua raça – a quinta – houver alcançado o seu zênite de intelectualidade física, e desenvolvido a civilização mais elevada (...), incapaz de elevar-se em mais nada em seu próprio ciclo, seu avanço em direção ao mal absoluto será interrompido (como seus antecessores, os lemurianos e atlantes, foram interrompidos em sua marcha no mesmo rumo) por uma destas mudanças  cataclísmicas; sua grande civilização será destruída (...).” [12]
 
No parágrafo acima, é  útil meditar especialmente sobre essas palavras:
 
“... Seu avanço em direção ao mal absoluto será interrompido (.....) por uma destas mudanças  cataclísmicas ...”
           
De fato, os acontecimentos internos e externos estão fortemente conectados,  e não podem ser separados.
           
As crises ética, social e geológica de nosso tempo são todas parte de um mesmo processo.  Os ciclos cósmicos e geológicos estão ligados de modo direto às marés subjetivas que sobem e descem dentro das almas dos seres vivos. 
             
William Q. Judge escreveu:
           
“Em relação aos grandes cataclismos que ocorrem no início e no fim dos grandes ciclos, as principais leis que governam os seus efeitos  são as leis do Carma e da Reeencarnação, que atuam de acordo com a regra cíclica. Não é apenas o homem que é governado por essas leis, mas também cada átomo de matéria e o conjunto da matéria estão constantemente passando por mudanças ao mesmo tempo que o homem.” [13]
           
A Bíblia cristã registra esse fato em vários trechos, inclusive em Deuteronômio, capítulos 27 e 28;  no primeiro livro de Reis,  capítulo 8; e em Isaías, capítulos 10 e 29.  O antigo Wen-tzu taoísta estabelece a mesma ligação direta entre a evolução da alma e os processos geológicos. [14]  
 
Nessa relação entre os processos  da alma e os processos geológicos, sabemos que os fatos da consciência, que são  sutis,  têm mais influência do que os fatos materiais e densos.  “O Universo é governado de dentro para fora”, segundo afirmou o famoso cientista do século 20 Fred Hoyle, um físico, em seu livro “O Universo Inteligente”.
 
Assim, ao examinar o destino dos globos planetários [e o mesmo vale para civilizações], Judge diz:
           
“Nós não admitimos que o fim de uma força está na  retirada por parte de um Deus de sua proteção, nem no súbito impulso dado por ele a uma outra força contra o globo, mas que a força em ação e que determina o grande ciclo é a mesma força do homem, considerado como ser espiritual; quando ele terminou de usar o globo , ele o deixa  (...).”  [15]    
 
A ideia se aplica também a civilizações porque, como se sabe,   aquilo que é válido para os ciclos mais longos  vale,  também,  para os ciclos menores.  
 
Então podemos ver que os altos e baixos das marés cíclicas da ética, da justiça e da solidariedade na alma coletiva da humanidade exercem  uma influência decisiva no destino das civilizações.
 
E isso torna-se muito claro quando vemos a Profecia Purânica, registrada por H.P.Blavatsky  nas páginas de “A Doutrina Secreta”:
 
“Haverá monarcas contemporâneos reinando sobre a terra, reis de espírito mau e caráter violento, devotados à mentira e à perversidade. Farão matar mulheres, crianças e vacas; apoderar-se-ão dos bens dos seus súditos , e cobiçarão as mulheres dos outros; terão um poder ilimitado,  suas vidas serão curtas, seus desejos insaciáveis. (...) Apenas a propriedade material definirá a posição social; a riqueza será a única coisa capaz de inspirar devoção; a paixão será o único elo de união entre os sexos; a falsidade será o único meio de sucesso nos conflitos, e as mulheres serão meros objetos de gratificação sensual... até que a raça humana se aproxime de sua aniquilação (pralaya) ..... Quando o fim da era de Kali  estiver próximo, uma porção daquele ser divino que existe, de sua própria natureza espiritual.... deverá descer à terra... (Kalki avatar) (.....) Ele restabelecerá a justiça sobre a terra e as mentes daqueles que viverem no final do  Kali Yuga serão despertadas e se tornarão translúcidas como o cristal.”
 
Novamente, não há motivo para pensar que essas palavras se referem  unicamente a algum futuro distante, já que sabemos que grandes ciclos são antecipados por ciclos menores.   Logo abaixo dessa transcrição da profecia purânica, H.P.B.  escreveu, ironicamente:
 
“Certa ou errada a profecia acima,  as ‘bençãos’ do Kali Yuga são bem descritas e se casam admiravelmente com o que vemos e ouvimos na Europa e em outras terras civilizadas e cristãs, em pleno século XIX e alvorecer do XX, a respeito da nossa grande era ILUMINADA”. [16]
           
Como sabemos que  os eventos externos (físicos) e internos (da alma) estão sempre ligados, fica mais fácil entender certos aspectos da responsabilidade cármica e ética que pertence aos estudantes de filosofia esotérica, com relação ao destino de nossa atual civilização.
 
H.P.B. não se recusou a escrever sobre isso. Em pelo menos dois textos, ela reconheceu a existência de uma ligação direta entre o nível de lealdade à Verdade,  no movimento esotérico e nos seres humanos de boa vontade,  e o destino da nossa civilização.
 
No artigo “Our Cycle and the Next”  (“Nosso Ciclo e o Próximo”) , H.P.Blavatsky  cita uma profecia otimista atribuída ao escritor francês Victor Hugo.  O autor de “Os Miseráveis” escreveu:
 
“O século dezesseis será conhecido como a era dos pintores, o dezessete será nomeado a era dos escritores, o dezoito a era dos filósofos, o dezenove a era dos apóstolos e profetas. (....) No século vinte, a guerra estará morta, o cadafalso estará morto, a animosidade estará morta, mas o homem viverá. Para todos haverá um único país – e esse país será a terra inteira; para todos haverá apenas uma esperança –  e essa esperança todo o paraíso.”
 
Logo abaixo dessa citação, H.P.B.  refere-se ao elo oculto que liga o destino da nossa civilização à Sabedoria Esotérica (um de cujos muitos nomes é “Teosofia”).  Ela escreveu:  
 
“Se a Teosofia, prevalecendo na luta, lançar as raízes profundas de sua filosofia toda abrangente nos corações e mentes dos homens, se suas doutrinas da Reencarnação e do Carma, em outras palavras, da Esperança e Responsabilidade, encontrar abrigo nas vidas das próximas gerações, então, de fato, uma época de alegria e contentamento nascerá para todos aqueles que agora estão  desprezados e sofrendo. Porque a verdadeira Teosofia é ALTRUÍSMO, e isso tem suprema importância.  É o amor fraternal, ajuda mútua, devoção inabalável à Verdade. Se de uma vez por todas os homens se conscientizarem de que apenas assim pode-se encontrar a felicidade,  e nunca na riqueza,em posses ou gratificações egoístas, então as nuvens negras serão dissipadas e uma nova humanidade nascerá sobre a terra. Então de fato terá início a Idade de Ouro. Mas se não for assim, a tempestade explodirá e nossa alardeada civilização e sua cultura afundarão num mar de tamanho horror como jamais se registrou.” [17]
 
“A Chave Para a Teosofia” é um outro livro em que  H.P.B.  liga o futuro da civilização ao trabalho do movimento esotérico ou “teosófico”. Ela escreve, no parágrafo final do livro,  que se o movimento cumprisse  sua missão, a  Terra seria um paraíso no século 21, se comparada com o que ela era no século dezenove. [18]
 
Menos de dois séculos se passaram desde que essas palavras foram escritas.
 
Surgiram no movimento esotérico inúmeras divisões. Multiplicaram-se falsos clarividentes, ritualismos, crenças e dogmas religiosos em um movimento que deveria ser filosófico e buscar livremente a verdade que está além das formas e instituições. Perdeu-se grande parte da perspectiva geral e ampla trazida por HPB.  Alguns progressos foram feitos.
 
Embora ainda pouco visível, permanece no mundo na  primeira década do século 21, um núcleo de lealdade sincera e ativa à Verdade Universal e ao altruísmo – isso é, à  Sabedoria  Divina livre de rótulos externos.   
 
Esse núcleo está espalhado por vários países e línguas. De um ponto de vista profundo, esse é um grupo de almas, e não de personalidades físicas.  
 
Muitas dessas pessoas sequer ouviram falar sobre Mestres de Sabedoria, Teosofia ou Helena Blavatsky. Muitos tampouco participam da Universidade da Paz, da organização Brahma Kumaris, do movimento Boa Vontade Mundial (Escola Arcana) ou de outros movimentos universalistas. Mas suas mentes estão sinceramente voltadas para o bem da humanidade,  em uma perspectiva capaz de transcender esta ou aquela religião,  e portanto participam, em escala maior ou menor,  do esforço do Novo Ciclo.
 
Alguns buscadores da verdade estudam filosofia esotérica, meditam, refletem  e buscam o autoaperfeiçoamento de modo regular e diário, enquanto expandem sua consciência individual como cidadãos planetários.
 
Cada um faz o que lhe parece adequado a cada momento. O mais importante, para a filosofia esotérica, é a existência de um Território Sutil de Veracidade, Sabedoria e Compaixão; ou seja, uma massa acumulada de pensamentos e sentimentos universalmente fraternos, que é alimentada por pessoas de boa vontade. 
 
Esse “território” subjetivo vive  dentro do campo magnético maior que é o inconsciente coletivo da humanidade;  e ele  abre caminho para o próximo passo evolutivo da  caminhada comum. 
 
Grande ou pequeno, esse guarda-chuva de fraternidade incondicional  já está aberto sob um céu que promete tempestades. 
 
Esse guarda-chuva de sabedoria planetária  é um fator construtivo central no processo que define o  destino da civilização humana  nas próximas décadas.  
 
 
NOTAS:
 
[1] “The Theosophist”, Adyar, India,  Volume I, November 1879, p. 42. 
 
[2] “The Theosophist”, Adyar, India,  Volume II, December 1880, p. 52.
 
[3] “H. P. Blavatsky Collected Writings”, TPH,  India-USA, Volume IX (1888), TPH, USA, 1986, p.101.
 
[4]  Esse trecho pertence ao parágrafo final do texto intitulado “Sakya Muni’s Place in History”, publicado pela primeira vez no século 19.  Veja “Five Years of  Theosophy”, The Theosophy Co., Los Angeles, 1980, p. 388. Também aparece em “Collected Writings” de HPB, TPH, volume V, p. 259.  Quanto ao autor da profecia, H.P.B. escreveu em uma carta particular ao sr.  Sinnet que um Mestre  “ordenou  a Subba Row  que respondesse sua objeção sobre a data de nascimento do Buda e as fantasiosas datas de Cunningham”  (Veja “Letters of H. P. Blavatsky to A.P. Sinett”, T.U.P., Pasadena, CA, facsimile edition, 1973, Letter XXIII,  p. 46.)  O sr. Subba Row escreveu as ideias do mestre, e  isso inclui a profecia.  
 
[5] “Cartas dos Mahatmas para  A. P. Sinnett”,  Editora Teosófica, Brasília, 2001, edição em dois volumes, ver volume I, Carta 65, p. 268.
 
[6]  “WorldWatch magazine”, Worldwatch Institute, Washington, vol. 18, no. 1, January/February 2005, p. 43. Todo o artigo é muito útil para uma avaliação teosófica do atual momento da humanidade.
 
[7] Citado pelo professor Foster  em “Worldwatch magazine”, January/February 2005, p. 38. 
 
[8] “CartaCapital”, edição semanal de 03 de março de 2004. Ver também a revista “Wordwatch”, do “Wordwatch Institute”, Washington, May/June 2004, p. 9. 
 
[9] “Folha de S. Paulo”,  SP,  22 Agosto 2006,  Capa e página C6.
 
[10] “Cartas dos Mahatmas para  A. P. Sinnett”,  Editora Teosófica, Brasília, 2001, edição em dois volumes, ver volume II, Carta 93B, p. 120. 
 
[11] “Cartas dos Mahatmas para  A. P. Sinnet”,  Editora Teosófica, Brasília, 2001, edição em dois volumes, ver volume II, Carta 93B, p. 110.  
 
[12]  “Cartas dos Mahatmas para  A. P. Sinnett”,  obra citada, volume II, Carta 93B, p. 120.
 
[13] “The Ocean of Theosophy”, William Judge, Theosophy Co., Los Angeles, 1987, see p. 123.
 
[14] Ver os capítulos 15, 19, 136 e 178 de “Wen-tzu, a Compreensão dos Mistérios, Ensinamentos de Lao-Tzu” , Ed. Teosófica,  Brasília, 198 pp.  A obra tem 180 capítulos breves.      
 
[15] “The Ocean of Theosophy”, William Judge, obra citada,  p. 118.
 
[16]  “The Secret Doctrine”, H. P. Blavatsky, The Theosophy Co., Los Angeles, 1982, volume I, pp. 377-378. Veja também a edição brasileira: “A Doutrina Secreta”,  Ed. Pensamento, SP, seis volumes, volume II, pp. 84-85.
 
[17] “H. P. Blavatsky Collected Writings”, Volume XI (1889), TPH, India-USA, 1973, p. 202.
 
[18] “A Chave Para a Teosofia”, H.P.Blavatsky, Editora Teosófica, Brasília, 1991, 262  pp., ver  p.261.
 
 
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Artigo originalmente publicado em www.FilosofiaEsoterica.com .