quinta-feira, 27 de setembro de 2012

O Papel das Palavras na Vida





Cada Som e Cada Frase Têm um Efeito de Mantra


Carlos Cardoso Aveline



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Uma versão inicial do texto a seguir foi
publicada de forma anônima no boletim
O Teosofista”, edição de agosto de 2008.

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Estudante A:

Qual a real utilidade das palavras na caminhada teosófica?

Estudante B:

As  palavras são instrumentos comparáveis aos bens materiais. Se soubermos que as palavras só são úteis a longo prazo quando bem utilizadas, isto é, quando usadas com ética e integridade, elas serão para nós uma parte sagrada da vida. Neste caso falaremos desde o nosso coração, e assumiremos responsabilidade pelas nossas ações e intenções.

Mas se alguém pensa que as palavras em si mesmas garantem alguma coisa, está enganado. Palavras não podem  substituir a substância real que elas apenas simbolizam. Elas  só têm valor e efeito durável quando são usadas com equilíbrio  e com sinceridade.  Caso contrário, como se pode facilmente observar, geram mais confusão do que comunicação entre as pessoas.

O conhecimento do uso correto das palavras é uma das áreas do conhecimento teosófico. Quando se avança um pouco neste campo de investigação, se chega à fronteira do tema dos Mantras.  

A Ioga dos Mantras pode ser definida como uma ciência que estuda o uso de palavras sagradas para fins de expressão e manifestação da vida universal na alma humana.  

Ela começa com a prática do reto falar budista: é preciso dizer sempre a verdade, sem intenção de ferir, mas por devoção à Verdade em si. Porque a Verdade  não depende de nada e é válida em si mesma. A palavra valiosa é a palavra Verdadeira.

Estudante A:

Este tema merece um estudo cuidadoso. Onde se pode aprender mais sobre Mantras?  

Estudante B:

Mantra é um som capaz de evocar algo maior.

A percepção da componente mântrica presente em toda palavra escrita, falada ou pensada é um processo que surge aos poucos na consciência do estudante. Esta percepção não é resultado do estudo deste ou daquele texto específico.

O fato de que cada palavra é rítmica e tem uma componente mântrica se relaciona com o conceito pitagórico de Música das Esferas.  Tudo é ritmado no universo, desde as batidas do coração até o fluxo das marés e a passagem das sinapses e idéias no cérebro humano.

Tudo o que existe flui e faz parte da Dança de Shiva, da Música das Esferas, do Ritmo universal que anima desde um átomo qualquer até as estrelas reunidas no Centro da Galáxia.
Há um “batimento cardíaco” no nosso Sol. “No início era o Verbo”, diz a Bíblia. No início era o Som. No início, era o Mantra.

Foi um Mantra que despertou o Universo da longa  Noite de Brahma, o pralaya, a noite do tempo, a “ordem implícita” de David Bohm.  E assim surgiu um novo Dia de Brahma, o manvântara, o tempo cronológico, a “ordem explícita”.  Mas o grande está contido no pequeno: antes de nascer, ainda um feto, a criança escuta. Quando nasce, antes de abrir os olhos, a criança escuta.

No início, é o mantra.

No plano do uso das palavras, sabemos que todo texto escrito tem um ritmo latente, oculto. Ainda que o texto esteja em prosa, este ritmo é ocultamente musical.  

Todo texto é potencialmente conversacional. No fundo, ele é a transcrição de uma
conversa ou diálogo interior e inaudível, talvez até sem palavras, que o autor mantém consigo mesmo, ou talvez com outros seres.

Todo texto tem, portanto, o seu alicerce na tradição oral da humanidade. Na literatura oral, existem sempre o ritmo e uma certa melodia, e eles são usados também como uma mnemotécnica, uma maneira de memorizar, de guardar e de não esquecer.

Daí o fato de a literatura oral acontecer frequentemente em versos, ou seja, em mantras, especialmente na Índia e na Grécia.

Sobre a misteriosa Mantra Ioga, há pouco ou nada de real valor publicado, além de textos teosóficos de pouca circulação.  E não faz sentido começar o caminho esotérico através da Mantra Ioga.  O eu inferior é o Instrumento da música das esferas. O Músico é necessariamente o eu superior. E, na primeira etapa do aprendizado, é preciso aprender a manejar o instrumento, e a mantê-lo afinado. Esta tarefa pertence ao eu superior ou alma espiritual.

O estudante deve trasladar o foco central e médio da sua consciência desde o Instrumento que é o eu inferior, até o eu superior, que tem “ouvidos para ouvir” e percebe a música do universo,  isto é, a música do Logos, do Verbo, do Sol, do Centro da Galáxia.

Esta aprendizagem é gradual. Ela se desdobra 24 horas do dia, durante longos anos. A cada passo ela amplia e liberta um pouco mais a mente. Pouco a pouco, o centro da consciência passa a ser capaz de tocar o instrumento de modo coerente, sem mais ser arrastado por ele,  desafinando cada vez menos e corrigindo cada vez mais rapidamente os seus erros. 

Estudante A:

Dura quanto tempo esta etapa prévia do aprendizado?

Estudante B:

Em grande número de casos, depois de algumas décadas de estudo dedicado de filosofia esotérica clássica o ensinamento meta-verbal começa a surgir diante do estudante de modo espontâneo.  Então as palavras e os pensamentos que ele emite passam a ganhar força crescente.  O ser humano precisa alcançar o silêncio, para então perceber a música do universo e poder emitir o seu verdadeiro Mantra. O nível central do seu Mantra, porém,  não será feito necessariamente de palavras audíveis. O supremo som é silencioso, e um Mestre de Sabedoria escreveu [1]:

Ousar, querer, agir e manter silêncio é o lema nosso e de todo verdadeiro cabalista e ocultista.”


NOTA:

[1] “Cartas dos Mestres de Sabedoria”, Editadas por C. Jinarajadasa, Ed. Teosófica, Brasília, 1996, 295 pp., ver p. 241.


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Veja também os textos “A Palavra Correta” e “A Arte de Ler”, de Carlos Cardoso Aveline. Eles podem ser facilmente localizados através da Lista de Textos por Ordem Alfabética, em  www.FilosofiaEsoterica.com .

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Para ter acesso a um estudo diário da teosofia original, escreva a lutbr@terra.com.br  e pergunte como é possível acompanhar o trabalho do e-grupo SerAtento.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

A Teosofia e a Reencarnação



Cartas dos Mahatmas Mostram O Que
Ocorre Entre a Morte e o Renascimento
Carlos Cardoso Aveline
Uma imagem dos Himalaias, em quadro de Nicholas Roerich
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Uma versão inicial do texto
a seguir foi publicada na edição de
abril de 2008 do boletim “O Teosofista”,
 sem indicação do nome do autor.
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“Na natureza nada se cria,
nada se perde, tudo se transforma”    
(Lei de Lavoisier)

Introdução
O tema da reencarnação é relativamente pouco compreendido nos meios esotéricos de Brasil e Portugal.  Vamos descrever em detalhes, no presente texto, o processo prático da reencarnação. Vamos analisar os vários estados e estágios pelos quais uma individualidade humana passa desde o final de uma vida física até o começo da próxima. Iremos investigar o que é que reencarna, e  qual é o intervalo médio de tempo entre duas vidas  da mesma alma imortal, segundo a filosofia esotérica de H. P. Blavatsky.
Cabe, porém examinar uma questão prévia: qual é a importância prática de compreender a lei da reencarnação?
A resposta está na expansão de consciência.
Ao estudar o tema, aprendemos a pensar além da vida atual e passamos a aceitar mais profundamente o fato de que somos mortais, enquanto eus inferiores e concretos. Isso pode ser inquietante, no início, porque inconscientemente  gostamos de supor que somos eternos.
Depois da inquietação inicial, há por parte do estudante uma grande expansão do sentimento de confiança na VIDA. O motivo da nova confiança é a compreensão de que o centro essencial do seu ser viverá ininterruptamente por dezenas de milênios, até alcançar a libertação e o nirvana. A compreensão do processo da morte e da reencarnação elimina a causa do medo diante da vida, ou diante da morte. 
A seguir, em sete itens numerados, um enfoque da reencarnação com base nos ensinamentos autênticos das “Cartas dos Mahatmas”[1].  As notas vão ao final de cada item.
NOTA:
[1] “Cartas dos Mahatmas Para A.P. Sinnett”, Editora Teosófica, Brasília, 2001, dois volumes.
1. Um Ensinamento Antigo no Ocidente
O conceito de reencarnação está presente na cultura ocidental desde o seu berço. Seiscentos anos antes da era cristã, a metempsicose ou reencarnação era ensinada por Pitágoras. O Cristianismo dos primeiros tempos conhecia e ensinava a reencarnação sob o nome de “ressurreição”.  
Foi durante o processo de montagem política do cristianismo como religião imperial e dominante que as passagens sobre reencarnação foram radicalmente distorcidas ou eliminadas do Novo Testamento.
O conceito atual e convencional de ressurreição é destituído de sentido e contraria as leis da natureza.   Ele supõe que em algum momento futuro os mortos sairão fisicamente vivos das suas sepulturas, usando os mesmos corpos que morreram e apodreceram longo tempo atrás. Além de absurda, tal idéia é de um evidente mau-gosto. O conceito original de ressurreição, por outro lado, corresponde à idéia de reencarnação, não entra em choque com as leis da natureza e faz todo o sentido do ponto de vista da visão evolutiva das coisas.  Dele restam alguns indícios nas escrituras cristãs.   
No capítulo 15 da primeira epístola de Paulo aos Coríntios, Jesus é descrito como o ser que abre espaço para a ressurreição de todos. Segundo a leitura esotérica dos evangelhos, “Jesus” é na verdade um símbolo do sexto princípio, Buddhi, a sede da alma espiritual. É, realmente, através e a partir deste princípio divino na consciência humana que se dá a reencarnação ou ressurreição. Em 1 Co 15: 44, vemos:
“Semeia-se o corpo natural, ressuscita o corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual.”
A frase significa que, conforme o corpo natural é semeado, o corpo espiritual “ressuscita” ou reencarna.    
Em 1 Coríntios 15: 36-42, por exemplo, vemos: 
“O que você semeia não readquire vida a não ser que morra. E o que você semeia não é o corpo da futura planta que deve nascer, mas um simples grão, de trigo ou de qualquer outra espécie. (...) Há corpos celestes e há corpos terrestres. São, porém, diferentes o brilho dos celestes e o brilho dos terrestres. Um é o brilho do sol, outro o brilho da lua, e outro o brilho das estrelas. E até de estrela para estrela há diferença de brilho. O mesmo se dá com a ressurreição dos mortos.” 
No primeiro livro de Samuel, vemos outra passagem que, apesar do “pente fino” que eliminou a idéia da reencarnação do velho testamento, ainda sugere este conceito:
“O Senhor é o que tira a vida e a dá; faz descer à sepultura e faz subir.” 
Também em Eclesiastes, apesar da censura dos teólogos, a reencarnação permanece implicitamente presente. Ali, no capítulo um, versículo nove, vemos:
“O que foi é o que há de ser; e o que se fez, isso se tornará a fazer; nada há, pois, novo debaixo do sol”.
De fato, seria absurdo imaginar que cada vez que um feto é concebido uma nova alma imortal é “fabricada”, e que esta alma só terá uma única chance de viver, no máximo cerca de cem anos, e jamais terá a possibilidade de retomar e prosseguir sua evolução natural em direção à libertação. As leis da natureza apontam na direção oposta. Como diz a lei de Lavoisier, “na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”; e as almas humanas não são uma exceção à regra.
2. Morte do Corpo é Apenas Uma Passagem
O estudo da reencarnação, feito do ponto de vista da teosofia clássica, permite obter uma visão completa e de 360 graus do processo de vida, morte e renascimento.
Um dos momentos decisivos ocorre com a passagem definitiva da consciência individual do mundo denso da matéria para o mundo sutil do astral.  Este é o momento da morte física, que, na verdade, constitui mais um nascimento.  A filosofia teosófica ensina que o ser humano não morre, se pelo verbo “morrer” entendemos uma cessação da vida. Ao contrário, o ser humano passa por três tipos de nascimento, rompendo três “placentas” em um ciclo que se renova sempre em espiral, até a sua auto-libertação final da roda do carma.  
Vejamos quais são estes três nascimentos:
1) Ao romper a placenta que durante alguns meses lhe permitiu viver dentro do corpo da sua mãe, a alma imortal nasce para a vida física e adquire um novo corpo. Durante os sete primeiros anos de vida, aprenderá gradualmente a associar-se ao novo corpo e a dirigi-lo no “novo mundo”.   
2) Setenta, noventa ou cem anos mais tarde, chega-se ao outro extremo da vida.  Ao libertar-se do velho e gasto corpo físico (agora transformado em uma segunda placenta) a mesma alma humana nasce para o mundo mais sutil da vida astral. 
3) Finalmente, ao romper a sua casca astral, algum tempo depois da morte física, a alma imortal passa a preparar-se para nascer no Devachan, o “local dos deuses”. Ali viverá um descanso abençoado até o momento de preparar-se para um novo nascimento no plano físico. Isso ocorrerá quando a individualidade “despertar” do Devachan, em média entre mil e quatro mil anos depois da morte física.    
Fica claro, pelo estudo da reencarnação tal como ensinada pelos mestres dos Himalaias, que existe uma relação direta entre rumo da vida física e o rumo da vida no pós-morte. E uma das lições práticas desse estudo é que, já que a vida pós-morte é imensamente mais longa do que a vida física, vale a pena fazer um esforço concentrado para alcançar a paz interior e a sabedoria. Assim é estabelecida uma tendência firme na direção correta, que se desdobrará durante os milhares de anos seguintes.  Para estar à altura deste desafio e desta oportunidade, o aprendiz deve ouvir o seu próprio coração e agir de acordo com a voz da sua consciência. Mas também é recomendável estudar e refletir sobre o funcionamento das leis ocultas do universo, inclusive a lei do carma e da reencarnação. O processo da reencarnação está ligado à lei mais ampla da manifestação periódica de toda vida. Esta lei se aplica tanto a seres humanos como a animais, a vegetais, a planetas e ao próprio universo. Sua abordagem se faz através da chamada Doutrina dos Ciclos.   
Talvez o instante mais decisivo de todo o processo humano seja o minuto final e o ponto culminante da vida física. Veremos a seguir um trecho de uma carta de um Mahatma que traça uma fotografia do momento em que a alma termina sua experiência terrestre e faz uma recapitulação detalhada do que viveu, antes de iniciar o longo e complexo processo que ocorre entre duas vidas físicas.
O Mestre descreve o encadeamento natural de causas e efeitos que determinará não só as condições do pós-morte, mas também as condições, objetivas e subjetivas, do próximo nascimento
Pode-se perceber facilmente a força destas palavras finais do trecho:
“Que falem em sussurros vocês que assistem a um leito de morte e se encontram na presença solene da Morte. Devem permanecer quietos especialmente logo após a Morte colocar sua mão fria e úmida sobre o corpo. Falem em sussurros, digo, para que não perturbem a calma vibração do pensamento, prejudicando o trabalho ativo do Passado que lança seu reflexo sobre o Véu do Futuro.”
O trecho reúne duas perguntas e duas respostas da Carta 93B em “Cartas dos Mahatmas Para A. P. Sinnett” (volume II, pp. 139-140):
[O Que Acontece no Momento da Morte]
Pergunta 16:
[Você diz: – “Lembre-se de que nós criamos nós próprios o nosso Devachan [ .... ] e principalmente durante os últimos dias e mesmo nos últimos momentos das nossas vidas sensíveis.”]
Resposta 16:
(16) Segundo uma crença amplamente difundida entre todos os hindus, o futuro estado pré-natal e o nascimento de uma pessoa são moldados pelo último desejo que ela pode ter no momento da morte. Mas este último desejo, dizem eles, depende necessariamente da forma que a pessoa tenha dado a seus desejos, paixões, etc., durante a sua vida passada. É por essa mesma razão, isto é, para que nosso último desejo não seja desfavorável ao nosso progresso futuro – que devemos observar nossas ações e controlar nossas paixões e desejos ao longo de toda nossa trajetória terrena.
Pergunta 17:
[Mas será que os pensamentos em que a mente pode estar envolvida no último momento dependem necessariamente do caráter predominante da vida passada? Caso contrário pareceria que o caráter do Devachan [ ....] da pessoa poderia ser determinado caprichosa e injustamente pelo acaso que trouxe para uma posição dominante, no final, algum pensamento específico?]
Resposta 17:
(17) Não pode ser de outro modo. A experiência de homens que estavam morrendo – por afogamento ou outros acidentes – e são trazidos de volta à vida tem corroborado nossa doutrina em quase todos os casos. Tais pensamentos são involuntários e não temos mais controle sobre eles do que teríamos sobre a retina do olho para impedir que ela percebesse aquela cor que mais a afeta. No último momento, toda a vida é refletida em nossa memória e emerge em todos os ângulos e detalhes, imagem após imagem, um acontecimento depois do outro. O cérebro moribundo expele a memória com um forte impulso supremo, e a memória devolve fielmente cada impressão confiada a ela durante o período da atividade cerebral. A impressão – e o pensamento – que foi mais forte naturalmente se torna a mais vívida e sobrevive, digamos, a todo o resto que agora se desvanece e desaparece para sempre, para reaparecer apenas no Devachan. Nenhum homem morre insano ou inconsciente – ao contrário do que dizem alguns fisiólogos. Mesmo um louco, ou alguém que esteja sob um ataque de delirium tremens terá seu instante de perfeita lucidez no momento da morte, embora seja incapaz de dizer isso aos presentes. O homem pode frequentemente parecer morto. No entanto desde a última pulsação, entre a última batida do seu coração e o momento em que a última fagulha de calor animal deixa o corpo – o cérebro pensa e o Ego revive de novo naqueles poucos e breves segundos toda a sua vida. Que falem em sussurros vocês que assistem a um leito de morte e se encontram na presença solene da Morte. Devem permanecer quietos especialmente logo após a Morte colocar sua mão fria e úmida sobre o corpo. Falem em sussurros, digo, para que não perturbem a calma vibração do pensamento, prejudicando o trabalho ativo do Passado que lança seu reflexo sobre o Véu do Futuro.
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Estas, acima, são as perguntas e respostas 16 e 17 da Carta 93B, de “Cartas dos Mahatmas”, sobre o momento do abandono final do corpo físico.
3. A Luta Que Ocorre Após a Morte
Uma vez completada a morte do instrumento físico, pode-se dizer que está determinado o rumo de todo o processo até o próximo nascimento. Mas isso não significa que não deva haver luta entre as diferentes partes e inclinações do material vivencial que deve ser processado. Está feito o roteiro; agora, o caminho deve ser percorrido de fato. 
Neste ponto, é necessário explicar algumas expressões usadas pelo Mahatma ao abordar o tema.   
Para a filosofia esotérica, o ser humano tem sete princípios ou níveis de consciência. O primeiro é o corpo físico, sthula-sharira. O segundo princípio é a vitalidade, prana. O terceiro é linga-sharira, formado pelos arquétipos sutis da vitalidade, o que inclui o patrimônio genético e outros registros cármicos.  
O quarto princípio, Kama, é o das emoções pessoais e sentimentos de ordem animal (medo, raiva, apego, rejeição, etc.). O quinto princípio, Manas, é a mente. O sexto, Buddhi, é o princípio da inteligência espiritual, da compaixão universal e da intuição superior. O sétimo, Atma, é o princípio supremo, o mais universal, do qual pouco se pode falar com palavras.
A “tríade inferior”, de que fala o mestre, corresponde aos princípios um, dois, e três, que cessam de funcionar no momento da morte: são o físico, o vital, e a “estrutura sutil da vitalidade”. Sobram então, na etapa inicial do pós-morte, quatro princípios de consciência, que o mestre chama de “quaternário sobrevivente”.
Destes quatro princípios, dois ainda são inferiores (Kama e Manas), e dois são espirituais (Buddhi e Atma). São duas duplas, portanto, e elas entram em uma “luta mortal” para ver quem predomina.
Quando ocorre a vitória da dupla espiritual, o que pode demorar desde algumas semanas até vários anos, a parte mais nobre de Manas, a mente, se associa a Buddhi (sexto princípio) e a Atma (sétimo princípio). É este material que irá dar lugar, mais adiante, ao “habitante do Devachan”, isto é, ao eu espiritual que viverá nas esferas abençoadas de um a quatro milênios do tempo cronológico terrestre, mas sem que tenha qualquer noção de tempo. O habitante do Devachan  é o verdadeiro eu do indivíduo, e terá esta existência de bem-aventurança como recompensa cármica pelos aspectos espirituais da sua vida terrestre.  Esta recompensa, na verdade, não é só um prêmio: é também a preparação para um futuro renascimento completamente renovado.   
Separados dos princípios superiores, os restos inferiores e dejetos da mente se associarão ao quarto princípio (instintos e sentimentos pessoais), e ficarão algum tempo como uma “Casca” semi-viva no astral até se decomporem. É esta Casca que pode ser atraída para sessões mediúnicas e espíritas, e então é confundida com o indivíduo que um dia viveu. Mas, na verdade, a Alma da pessoa já está em níveis superiores e ali só há um precário cadáver astral. O Mestre usa ironicamente a expressão “guia angelical” — porque o espetáculo é lamentável. Revitalizar esta Casca é um erro grave, e cria problemas muito sérios para a próxima encarnação do eu superior. Mas isso não é tudo. Os médiuns também ficam gravemente prejudicados e alterados nos seus princípios sutis. Há uma violência impressionante no fato de o corpo de alguém ser ocupado pelos princípios inferiores de outro ser. Especialmente quando estes “princípios inferiores” são apenas pedaços de um cadáver astral.
Vejamos, então, a segunda metade da resposta 5, na Carta 68 de “Cartas dos Mahatmas”.
[O Processo do Plano Astral]
Todos os egos, exceto aquele que, atraído pelo seu magnetismo grosseiro, cai na corrente que o arrastará para o “planeta da Morte”, o satélite tanto mental quanto físico da nossa terra – estão capacitados para passar a uma condição relativamente “espiritual”, de acordo com a sua condição prévia na vida e seu modo de pensamento. Pelo que sei e recordo, H.P.B. explicou ao sr. Hume que o sexto princípio humano não poderia existir nem ter existência consciente no Devachan como algo puramente espiritual, a menos que assimilasse alguns dos atributos mentais mais abstratos e puros do quinto princípio ou alma animal, seu manas (mente) e sua memória. Quando o homem morre os seus segundo e terceiro princípios morrem com ele; a tríade inferior desaparece, e o quarto, o quinto, o sexto e o sétimo princípios formam o quaternário sobrevivente.  (...) A partir de então há uma luta “mortal” entre as dualidades Superior e Inferior. Se vencer a superior, o sexto, tendo atraído para si a quinta-essência do Bem do quinto – as suas afeições mais nobres, as suas aspirações puras (embora terrestres), e as porções mais espiritualizadas da sua mente – segue o seu divino irmão mais velho (o 7º) até o estado de “gestação”; e o quinto e o quarto permanecem associados como uma casca vazia (a expressão é perfeitamente correta) que vagueia pela atmosfera terrestre tendo perdido metade da memória pessoal, e com os instintos mais animais completamente despertos durante um certo período de tempo – em resumo, um “Elementário”. Este é o guia angelical do médium comum. Se, por outro lado, for a Dualidade Superior a derrotada, é o quinto princípio que assimila tudo o que possa restar no sexto de lembrança pessoal e percepções da sua individualidade pessoal. Mas com todo este material adicional, ele não permanecerá em Kama-loka – “o mundo do Desejo” ou a atmosfera da nossa terra. Em muito pouco tempo, como uma palha flutuando dentro do campo de atração dos vórtices e buracos do Maelstrom [1] , ele é capturado e arrastado para o grande remoinho dos Egos humanos; enquanto o sexto e o sétimo – agora são uma MÔNADA individual puramente espiritual – que, nada tendo restado em si da última personalidade, e não tendo de passar por nenhum período regular de “gestação” (já que não há um Ego pessoal purificado para renascer) depois de um período mais ou menos prolongado de Descanso inconsciente no Espaço ilimitado se verá renascida em outra personalidade (...) .  Quando chega o período da “Consciência Individual Completa” – que precede o período da Consciência Absoluta no Pari-Nirvana – esta vida pessoal perdida se torna algo como uma página arrancada no grande Livro das Vidas, sem que nem mesmo uma palavra desconexa tenha sido deixada para assinalar a sua ausência. A mônada purificada nem perceberá nem lembrará dela na série de vidas passadas – o que faria, se tivesse ido para o “Mundo das Formas” (rupa-loka) – e seu olhar retrospectivo não perceberá nem o mais leve sinal de que ela aconteceu. A luz de Samma-Sambuddh
“...aquela luz que brilha além do nosso campo de visão mortal
A luz de todas as vidas em todos os mundos” –
não lança raio algum sobre aquela vida pessoal na série de vidas passadas.
A favor da humanidade, tenho a dizer que esta total obliteração de uma existência dos registros do Ser Universal não ocorre com frequência suficiente para somar uma grande porcentagem. Na verdade, assim como o muito mencionado “deficiente mental congênito”, uma coisa como essa é um lusus naturae – uma exceção, não uma regra.
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Até aqui, as palavras do Mestre. A esta explicação, cabe acrescentar:
1) Um “Elementário” é uma casca ou cadáver astral em que predominam impulsos inferiores, negativos e nocivos.
2) O Devachan é um descanso no sentido de "felicidade divina". É um sonho, mas, como sabemos, os sonhos podem ser mais reais que a vida em vigília. A vida em vigília, por sua vez, talvez não passe de um sonho. De modo que não se deve desprezar o Devachan apenas porque ele é qualificado como um estado “subjetivo” de consciência. Ele é mais intenso (ver a parte 4 desta edição especial) e talvez mais “verdadeiro” que a vigília.                                                                                                                                                                                    
NOTA:
[1] Maelstrom – um remoinho famoso, que ocorre na costa da Noruega. 
4. Devachan: um Estado de Pura Felicidade
                                                                                                                            
Nas duas primeiras perguntas da carta 68, em “Cartas dos Mestres”, o jornalista e discípulo leigo Alfred Sinnett pergunta se a consciência individual que “renasce” no Devachan é capaz de lembrar da sua vida na terra. Ele também quer saber que relação existe entre o “Devachan” ― o ponto culminante da trajetória entre duas vidas físicas segundo a filosofia oriental ― e a velha idéia do  “paraíso” ou “céu” cristão. 
A resposta é de um dos Mahatmas que inspiram os setores autênticos do movimento teosófico:
“Certamente, o novo Ego, depois de renascer, retém durante certo tempo – proporcional à sua vida terrestre, uma “completa lembrança da sua vida na terra.” (...)  Mas ele nunca pode retornar à terra, do Devachan, e este último tampouco tem – mesmo omitindo todas as “idéias antropomórficas de Deus” – qualquer semelhança com o paraíso ou céu de qualquer religião, e foi a imaginação literária de H.P.B. que sugeriu a ela a maravilhosa comparação.”
Este Ego “nunca pode retornar à Terra”, conforme afirma o Mestre, porque ele ainda é o “eu espiritual” da vida anterior. Quem retornará à Terra será apenas a Mônada, ou Atma-Buddhi. Ela  emergirá da etapa final e sem formas do Devachan (“Arupa-Devachan”), para provocar o seu próprio renascimento, sem recordações, em um novo corpo.  
A seguir, na terceira pergunta da Carta 68, Alfred Sinnett deseja saber “quem vai para o Céu, ou Devachan”. E Sinnett explica a pergunta: “Esta condição só é atingida pelos poucos que são muito bons, ou pelos muitos que não são muito ruins – depois do lapso, no caso destes, de uma incubação ou gestação inconsciente mais longa?”
No segundo parágrafo da resposta, o mestre menciona que há um certo “egoísmo” no Devachan. Isso deve ser explicado. O Devachan é um estado "egoísta" apenas em um sentido técnico da filosofia budista, já que, nele, o indivíduo não tem um sentimento consciente de auto-sacrifício por todos os seres. Porém o habitante do Devachan não possui nada de “egoísmo” no sentido comum do termo, que implica prejudicar alguém. Ele está em uma esfera autenticamente espiritual e de bem-aventurança. Está unido à lei universal, e neste sentido é “altruísta”, porque é “puro e inocente”. 
O mestre responde:
“ ‘Quem vai para o Devachan?’ O Ego pessoal, é claro, mas beatificado, purificado, sagrado. Cada Ego – a combinação do sexto e do sétimo princípios – que, depois do período de gestação inconsciente, renasce no Devachan, é necessariamente tão puro e inocente quanto um bebê recém-nascido. O mero fato de haver renascido mostra a preponderância do bem sobre o mal em sua personalidade anterior. E, enquanto o (mau) carma fica de lado por algum tempo para segui-lo em sua futura encarnação terrestre, ele traz consigo para este Devachan o carma das suas boas ações, palavras e pensamentos. “Mau” é um termo relativo para nós – como já lhe foi dito mais de uma vez – e a Lei de Retribuição é a única lei que nunca falha. Portanto, todos aqueles que não caíram no lodo do pecado e da bestialidade irrecuperáveis – vão para o Devachan. Eles terão de pagar por seus pecados, voluntários e involuntários, mais tarde. Enquanto isso, eles são recompensados; recebem os efeitos das causas produzidas por eles.”
“Naturalmente se trata de um estado; um estado, digamos assim, de intenso egoísmo, durante o qual o Ego colhe a recompensa do seu altruísmo na terra. Ele está completamente envolvido na bênção de todas as suas afeições, preferências e pensamentos pessoais terrestres, e colhe o fruto das suas ações meritórias. Nenhuma dor, nenhuma aflição, e nem mesmo a sombra de uma tristeza surge para escurecer o horizonte iluminado da sua pura felicidade; porque é um estado de perpétua “Maya”. ... Já que a percepção consciente da personalidade do indivíduo na terra é apenas um sonho passageiro, esta percepção também será a de um sonho no Devachan – só que cem vezes mais intensa. Isso é tão verdade, de fato, que o Ego feliz é incapaz de ver através do véu as maldades, aflições e angústias a que os que ele amou na terra podem estar sujeitos. Ele vive naquele doce sonho com os que ama – quer tenham ido antes ou ainda permaneçam na terra; ele os têm perto de si, tão felizes, tão abençoados e tão inocentes como o próprio sonhador desencarnado; e no entanto, exceto raras visões, os habitantes do nosso planeta denso não o sentem. É aí, durante esta condição de completa Maya que as almas ou Egos astrais dos sensitivos puros e amorosos, operando sob a mesma ilusão, pensam que suas pessoas queridas descem até eles na terra, quando são os seus próprios Espíritos que se elevam até os outros no Devachan. Muitas das comunicações espirituais subjetivas – a maior parte delas quando os sensitivos têm mente pura – são reais; mas é extremamente difícil para o médium não-iniciado fixar em sua mente as imagens verdadeiras e corretas do que ele vê e ouve. Alguns dos fenômenos chamados de psicografia (embora mais raramente) são também reais. O espírito do sensitivo fica odilizado, digamos assim, pela aura do Espírito que está no Devachan, e se transforma durante alguns minutos naquela personalidade desencarnada, escrevendo com a letra desta última, com sua linguagem e seus pensamentos, como eles eram durante sua vida. Os dois espíritos ficam misturados como se fossem um; e a preponderância de um sobre o outro durante tais fenômenos determina a preponderância da personalidade nas características demonstradas em tais escritos e nas “falas em transe”. O que você chama de “rapport” é na verdade uma identidade de vibrações moleculares entre a parte astral do médium encarnado e a parte astral da personalidade desencarnada. Acabo de ver um artigo sobre o olfato escrito por um professor inglês (que farei com que seja comentado no Theosophist e sobre o qual direi algumas palavras) e descobri nele algo que se aplica ao nosso caso. Assim como, na música, dois sons diferentes podem formar parte de um acorde e ser distinguíveis separadamente, sendo que esta harmonia ou dissonância depende das vibrações sincrônicas e períodos complementares, do mesmo modo há um rapport entre o médium e a “entidade” quando as suas moléculas astrais se movimentam harmonizadamente. E a questão sobre se a comunicação refletirá mais a idiossincrasia pessoal de um ou de outro é determinada pela intensidade relativa dos dois conjuntos de vibrações na onda composta no Akasha. Quanto menos idênticos os impulsos vibratórios, mais  mediúnica e menos espiritual será a mensagem. Deste modo, então, avalie o estado moral do seu médium pelo estado moral da Inteligência que supostamente o controla, e os seus testes de autenticidade não deixarão nada a desejar.”
5. Quem Tem Direito ao Devachan?
Na questão número cinco da Carta 68, Alfred Sinnett pergunta ao Mestre se as pessoas moralmente boas, mas não espiritualizadas, têm direito e conseguem acesso ao Devachan. Na sua resposta, o Mestre menciona aquilo que a tradição dos índios tupi-guarani chama de “Terra Sem Males”, e que constitui um equivalente indígena do Devachan. O Mestre explica que o Devachan ―  
“É uma ‘dimensão espiritual’ apenas em contraste com nossa própria e grosseira ‘dimensão material’ e, como já foi dito, são estes graus de espiritualidade que constituem e determinam a grande ‘diversidade’ de condições dentro dos limites do Devachan. Uma mãe de uma tribo selvagem não é menos feliz que uma mãe de um palácio real, com seu filho perdido de volta aos braços; e embora como Egos verdadeiros as crianças mortas prematuramente antes do aperfeiçoamento da sua entidade setenária não encontrem seu caminho para o Devachan, mesmo assim a fantasia amorosa da mãe encontra a criança lá, e nenhuma delas deixa de encontrar aquele ou aquela pelo qual seu coração anseia. Pode-se dizer que é apenas um sonho, mas, afinal, o que é a própria vida objetiva exceto um espetáculo de vívidas irrealidades? Os prazeres experimentados por um indígena pele-vermelha em seus ‘felizes campos de caça’ naquela Terra de Sonhos não são menos intensos que o êxtase sentido pelo connoisseur  que passa longas eras enlevado pela delícia de escutar sinfonias divinas tocadas por coros e orquestras angelicais imaginários. Assim como não é culpa do pele-vermelha haver nascido como um ‘selvagem’ com instinto de matar – embora ele tenha causado a morte de muitos animais inocentes – se, contudo, ele foi um bom pai, um bom filho, marido, por que ele não deveria desfrutar da sua quota de recompensa?  (Ver “Cartas” vol. I, pp. 300-301.)
De 1.000 a 4.000 Anos Antes da Próxima Encarnação
6.Um Longo Intervalo Entre Duas Vidas
O Devachan não é apenas um descanso espiritual merecido. Ele é também indispensável para que  a alma imortal possa voltar renovada, em boas condições, à intensa luta que é a encarnação física.  O bom guerreiro não deve ir mal-equipado e exausto para uma batalha que será longa e dura: se fizer isso, poderá perder a batalha em pouco tempo. Por isso o Devachan é indispensável para a evolução da alma espiritual: ele prepara a individualidade superior para a próxima “batalha” na Terra.
É verdade que há exceções. Um discípulo avançado dos Mestres de Sabedoria poderá “cancelar” seu Devachan, reencarnando em apenas alguns anos ou décadas. Isso, porém, só é possível porque ele conhece em vida, e experimenta diariamente, em estado de vigília, algo da substância essencial da consciência que há no Devachan.   Assim, nestes casos pouco frequentes, a situação e a duração do pós-morte se altera. Os critérios da lei da reencarnação são universais. Eles não se alteram. Eles pertencem à lei do carma e não estão sujeitos a qualquer ação casuística ou clientelística em favor ou desfavor deste ou daquele indivíduo. O indivíduo é que deve alcançar a sabedoria, e viver estados equivalentes ao Devachan em vida, se quiser encurtar o processo pós-morte para servir a humanidade.
Os processos cósmicos (densos e sutis) são definidos por inteligências e hierarquias implícitas, intuitivas e espontâneas, que expressam de modo prático a pura lei universal e eterna do equilíbrio. Tais inteligências não necessitam tomar decisões ao estilo do nosso hemisfério cerebral esquerdo, de modo calculado, dualista e raciocinado. Tudo flui. Embora os Mestres que ainda retêm corpos físicos cumpram na hierarquia planetária as funções equivalentes a um “hemisfério cerebral esquerdo”, eles não trabalham com qualquer tipo de “casuísmo” e usam com grande rigor e parcimônia a energia dos Nirmanakayas que é colocada à sua disposição. Eles têm fortes motivos para isso. 
Assim, no caso de cada indivíduo, o intervalo de tempo entre duas vidas dependerá da qualidade e quantidade do material que deve ser processado, ou re-vivenciado, nas esferas subjetivas do pós-morte. Seu intervalo de vida subjetiva só poderá mudar na medida em que tiver sido alterada, antes, a qualidade de vida na encarnação objetiva anterior.   
Vamos agora documentar o intervalo médio entre duas vidas, segundo a literatura teosófica autêntica. Na pergunta 26 da Carta 93-B de “Cartas dos Mahatmas”, Alfred Sinnett menciona os casos infelizes em que o material espiritual do pós-morte não chega a ser suficiente para que a individualidade “nasça” no Devachan. Sinnett pergunta quando é que, nestes casos, a mônada (a alma imortal) poderá voltar ao plano físico para uma nova encarnação. Na resposta, o Mestre afirma:  “certamente não  antes de mil ou dois mil anos”. A frase completa diz: “Isso significa que, como a mônada não tem corpo Cármico para orientar o seu renascimento, cai na não-existência durante um certo período e depois reencarna ― certamente não  antes de mil ou dois mil anos.”   (“Cartas dos Mahatmas”, vol. II, p. 148, pergunta 26, e resposta única às perguntas 25 e 26). 
Em outro texto, falando dos casos normais, em que há Devachan, o Mestre esclarece: “Sem dúvida, o Ego real é inerente aos princípios superiores que reencarnam periodicamente a cada mil, dois mil, três mil ou mais anos.” (“Cartas dos Mahatmas”, volume II, Carta 85B, p. 40). Na Carta 62, o Mestre explica mais uma vez que “os intervalos entre os renascimentos são incomensuravelmente grandes” (volume I, página 256). O início da resposta número nove da Carta 68 deixa, também, muito claro: o intervalo entre duas vidas é normalmente não só de anos e décadas, mas “séculos e milênios, frequentemente multiplicados por alguma coisa mais”.  E o Mestre acrescenta: “os prazos de existência encarnada de um homem correspondem a apenas uma pequena proporção dos seus períodos de existência internatal”. (volume I, p. 305).
H. P. Blavatsky não foi omissa a respeito do tamanho dos intervalos. No artigo intitulado “Teosofia e Espiritismo”, ela deixa claro que o período entre duas vidas é de milênios e não de séculos.[1]  Em outro texto, H.P.B. menciona que, salvo exceções, o intervalo é de “cerca de 3.000 anos, às vezes mais, às vezes menos.” [2] Fica bem clara, assim, a dimensão do intervalo de tempo entre as encarnações segundo a teosofia clássica.
Quando a mônada está finalmente pronta para renascer, ela é tomada por um impulso por aprender mais. No caminho da vida física, ela se reencontrará com seus antigos skandhas ou registros cármicos, que aguardavam por ela para guiá-la em um novo ciclo de colheita e plantio.   
NOTAS:
[1] “Theosophy and Spiritism”, em “The Collected Writings of H.P.Blavatsky”, Theosophical Publishing House, Adyar, India, volume V, página 45. 
[2] “Transmigration of Life Atoms”, texto publicado em “Theosophical Articles”, H.P. Blavatsky, Theosophy Co., Los Angeles, 1981, volume II, p. 249. O mesmo texto está no volume V de “Collected Writings”, TPH.  
7.Por Que a Teosofia Se Opõe à Mediunidade
Diz um Mestre de Sabedoria, em “Cartas dos Mahatmas”:
“A regra é que uma pessoa que tenha uma morte natural permaneça “desde algumas horas até uns poucos anos” dentro da atração da terra, isto é, no Kama-loka. Mas há exceções, no caso dos suicidas e daqueles que têm uma morte violenta em geral. (...) (...) Felizes, três vezes felizes, em comparação, são aquelas entidades desencarnadas que dormem seu longo sono e vivem em sonhos no seio do Espaço! E pobres daqueles cuja Trishna [1] os atraia para os médiuns, e pobres destes últimos, que os colocam em tentação (...) Pois ao agarrar-se a eles e satisfazer sua sede de vida, o médium ajuda a desenvolver neles – é de fato a causa de – um novo conjunto de Skandhas, um novo corpo, com tendências e paixões muito piores que as do corpo anterior.  (...) Se pelo menos os médiuns e espíritas soubessem, como eu disse, que cada novo “anjo-guia” a que eles dão as boas-vindas em êxtase é induzido por eles a um Upadana [2] que produzirá uma série de males indescritíveis para o novo Ego (...) – eles seriam, talvez, menos liberais na sua hospitalidade.”
“E agora você pode entender por que nos opomos com tanta força ao espiritismo e à mediunidade.” ( “Cartas dos Mahatmas”, Carta 68, Volume I, pp. 312-313)
NOTAS:
[1] Trishna : sede de viver, em sânscrito.
[2] Upadana: o processo de adquirir órgãos sensoriais.   
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Sobre o mesmo tema, veja o texto “O Processo Entre Duas Vidas”, também disponível através da Lista de Textos em Ordem Alfabética em www.FilosofiaEsoterica.com .  
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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

As Seis Virtudes Gloriosas



 
Como a Sabedoria Permite Agir Corretamente 

Robert Crosbie
 
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Este  texto foi traduzido do livro “The
 Friendly Philosopher”, de Robert Crosbie,
Theosophy Company, Los Angeles, EUA, 1945,
416 pp.  Trata-se da Carta Vinte e Seis, da seção
“The Spirit in the Body”, às pp. 78-81 da obra.
 
Robert Crosbie fundou a Loja Unida de Teosofistas
(LUT) em 1909. A LUT é hoje uma rede informal de
estudantes de teosofia e existe  em cerca de 15 países.
 
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“Tente; tente; permaneça tentando sempre.” 
 
“A compreensão é resultado de uma concentração nas coisas que devem ser compreendidas”. 
 
Para quem obedece a tais recomendações, vindas Daqueles Que Sabem, haverá um constante progresso.  Os altos e baixos continuarão existindo, de acordo com a oscilação do pêndulo, ou, mais precisamente, de acordo com a volta da espiral. Conhecendo a lei da ação, podemos seguir adiante, quer estejamos no ponto mais alto ou no ponto mais baixo do ciclo. Á medida que o tempo passa e a atitude correta é mantida, estaremos cada vez menos sujeitos às oscilações.
 
Seria desencorajador compreender desde o início o esforço contínuo que é necessário;  mas à medida que a grandeza da tarefa que assumimos se torna mais e mais evidente,  nós chegamos à situação representada pelas seis virtudes gloriosas, que é a de ser intrinsecamente incapaz de desviar do caminho correto.
 
No passado nós produzimos, ou criamos pelo pensamento  e reforçamos pela ação, numerosos  seres elementais [1] da natureza de Prakritti [2]. Enquanto o nosso pensamento está de acordo com as naturezas desses elementais, não há grande conflito; mas quando nossos pensamentos deixam de dar sustentação a eles, começa a luta pela vida, e ela deve continuar até que esses seres criados por nós morram, ou sejam tão transformados que não causem mais obstáculos.  Há então um novo Manvantara no nosso pequeno sistema solar [3], “um espírito-guia” que governa, controla,   ou afasta todas as entidades ligadas à velha evolução, de acordo com a nota-chave da nova evolução.  Assim, no estado concreto da velha,  e no estado nebuloso da nova, temos que passar pelas Rondas preparatórias. A Grande Natureza repete sua ação de acordo com a Lei,  assim no pequeno como no grande.
 
Quanto ao “trabalho mais difícil de reconciliação”,  que cabe a você nesta questão de H______ :  você deve lembrar que eu  disse em uma carta recente que queria que você se mantivesse em contato com os vários acontecimentos, de modo que pudesse observar a evolução das coisas – e ver quais são os resultados quando se usam certos métodos baseados em princípios, porque tudo isso traz lições objetivas.
 
Em primeiro lugar, não há possibilidade de um erro de avaliação; a regra deve ser “não julgue nadacomo se fossem questões pessoais”. Quanto às idéias deles, a  capacidade que eles tenham de compreender um conjunto implica uma capacidade de outros tipos.  Se eles têm  concepções erradas e são sensíveis à razão, as suas concepções erradas podem ser razoavelmente avaliadas por seus méritos – em si mesmas, primeiro,  e depois na sua relação com outras concepções. Em tudo isso, deve-se procurar primeiro os     pontos em que há concordância – todos eles; na verdade, deve-se mostrar uma  disposição de concordar. Em nenhum momento deve ser assumida, ou sentida,  uma disposição opositora – nem deve ser expressada ou colocada implicitamente uma superioridade de conhecimento.  Se houver oposição, ainda que seja em pensamento,  surge uma contra-oposição e o objetivo de esclarecer não é alcançado. Naturalmente, nada disso nos impede de ver as coisas como são, ou de deixar a porta bastante aberta para que outros vejam o que estamos fazendo.
 
Nosso trabalho ocorre entre pessoas cujas idéias estão em  forte oposição  ao que nós conhecemos como verdade. Temos que fazer frente às idéias à medida que as  encontramos, e colocá-las na direção que nós sabemos.  Essa é uma situação diferente de uma palestra sobre Teosofia, onde estamos fazendo uma exposição para que outros possam ficar sabendo o que ela é.
 
Um dos frutos da sabedoria é a capacidade  – até certo ponto, pelo menos  –  de fazer a coisa certa, no momento certo e no lugar certo.  O objetivo de toda a ação correta é ajudar outros,  que vemos e que sabemos que não estão corretos.  Nossa visão e nosso conhecimento da sua situação atual nos dão indicações sobre o tipo e o modo da ajuda.  Se os considerarmos incapazes, não poderemos dar-lhes ajuda alguma.  Por isso, nós não julgamos, mas, assim como o Sol e a Natureza, tratamos a todos de igual maneira  –  brilhamos para todos, trabalhamos por todos, sem levar em conta as idéias que alimentam atualmente, ou as aparentes qualificações de cada um.  Essa tem sido a trajetória de todos os grandes Instrutores.   Eles vêm “não para chamar os santos, mas para chamar os pecadores ao arrependimento.”  Todos têm tido os seus Judas, mas mesmo os Judas têm tido as suas oportunidades, como os outros; mesmo eles são intrinsecamente perfeitos, e, sendo dotados de livre arbítrio,  podemaproveitar a oportunidade.  O hino cristão que diz que “enquanto a chama está acesa,  até o mais vil pecador pode recuperar-se” –   expressa uma verdade; assim, o que é que existe de real em  tudo o que depende de julgamentos mortais?    “Nada”, acho que você irá dizer, quando considerar a questão na sua dimensão mais ampla, e à luz do Carma, que traz oportunidades tanto para dar como para receber.
 
Não há pretensão de virtude, ou de conhecimento pessoal,  no ato de dizer para benefício dos outros o que nós percebemos como bom para eles. Mas uma pretensão, e até mesmo um pensamento sobre virtude pessoal, prejudica,  porque é pessoal.  As percepções do eu superior neste plano ficam limitadas por esse tipo de coisa.
 
“Teu corpo não é o ser,  teu Ser,  em si mesmo, é  sem corpo, não é alcançado nem por elogios nem por acusações.”
 
“A libertação mental da escravidão através da cessação do pecado e dos erros não é algo para os “Eus-Devas” (os ‘eus’ reencarnantes). Isso é afirmado pela ‘Doutrina do Coração’.”
 
“O Dharma do ‘Coração’ é a  corporificação de Bodhi (Sabedoria Verdadeira, Divina), o que é Permanente e Eterno.”
 
“Viver para ajudar a humanidade é o primeiro passo. Praticar as seis virtudes gloriosas é o segundo.”
 
As seis virtudes gloriosas são:
 
UM  - “Sama.”  Consiste em obter perfeito controle sobre a mente (a sede das emoções e desejos), e em forçar a mente a agir sob o comando do intelecto, que já terá sido fortalecido pela obtenção de  –
 
( I ) “Correto conhecimento do real e do irreal” ( correta filosofia ).
 
( II ) “Perfeita indiferença aos frutos das suas ações,  tanto nessa vida como depois dela” ( renúncia aos frutos das ações ).
 
DOIS - “Dama.” Completo controle sobre os atos do corpo.
 
TRÊS - “Uparati”. Renúncia a toda religião formal,  e ser capaz de contemplar os objetos sem ser perturbado em nada durante a realização da grande  tarefa que assumiu como sua.
 
QUATRO - “Titiksha.”  Cessação  do desejo e uma constante disposição para abrir mão de qualquer coisa no mundo.
 
CINCO - “Samadana”. Aquilo que torna o estudante intrinsecamente incapaz de desviar-se do caminho correto.
 
SEIS - “Shradda”.  Confiança implícita da parte do aprendiz no poder do seu Mestre de ensinar,  e em  seu próprio poder de aprender.
 
SETE -  Mais uma, a última realização requerida, é um intenso desejo de libertação da existência condicionada, e de poder transformar-se na Vida Una.
 
Embora alguns desses itens possam estar além do nosso alcance, nós podemos “avançar” na direção deles, e nós sabemos que a prática traz o aperfeiçoamento.
 
Bem, devo parar agora e mando a você o melhor que  tenho, com afeto.
 
Como sempre,  R. C. 
 
 
NOTAS:
 
[1] Elementais  -- os espíritos dos elementos (ar, fogo, terra, água); seres sutis que reforçam os hábitos e influenciam de várias maneiras o comportamento humano. Para a tradição esotérica,  têm uma certa inteligência. Podem  ser benéficos ou maléficos. O estudante da sabedoria divina aprende a dominá-los ao invés de obedecer-lhes.  (NT)
 
[2] Prakritti -  (Sânscrito) Matéria, mundo material. (NT)
 
[3] Manvantara é um período de manifestação de um Universo ou de um Sistema Solar. O autor faz aqui uma analogia entre o ser humano e o sistema  solar do qual ele é uma miniatura.  (NT)

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segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Revista Virtual "O TEOSOFISTA" Nº 64 - Setembro 2012


O Teosofista
Notas e Informações Sobre Teosofia e o Movimento Esotérico   

O Boletim Mensal do Website  www.FilosofiaEsoterica.com

Ano VI - Número 64 - Edição de Setembro de 2012 
Facebook: FilosofiaEsoterica.com. Email:  lutbr@terra.com.br
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“O Carma não castiga; ele simplesmente cria a oportunidade para o ajuste.”

(Robert Crosbie)

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O Caminho da Sabedoria na Educação
Educar É Tornar Possível a Cada Ser Humano a
Percepção da Luz e da Força Que Há Nele Mesmo

Regina Maria Pimentel de Caux


Carlos Cardoso Aveline afirma que “quando percebe de fato que a vida física é apenas uma hospedagem passageira, o indivíduo passa a cuidar daquilo que é efetivamente seu, isto é,  a sua responsabilidade perante seu próprio eu superior, o seu “pai espiritual”, ao qual terá que prestar contas ao final da encarnação.[1]

Esta ideia merece ser examinada. É essencial despertar para as vivências não-exteriores, que ocorrem em camadas de consciência ainda ignoradas ou até mesmo rejeitadas por nós. Desta interioridade vem o saber verdadeiro, que manifesta o poder e a força invencíveis.

À medida que as sementes da teosofia são plantadas, percebemos dia a dia novos progressos dentro e fora de nós.

Podemos observar o sentimento de tédio e vazio existencial nos adolescentes e jovens. A escola muitas vezes existe fora dos contextos da vida, do ser. Desestimulante, afasta os alunos de seus ideais mais profundos e dos valores humanos. Isso provoca efeitos desastrosos em nossa civilização.

Os jovens precisam de encorajamento, e devem ser tocados com afeição e compaixão. Precisam ser aceitos e reconhecidos em sua dignidade, independentemente do resultado dos estudos e de sua origem sócio-econômica. Deve-se valorizar seu esforço, a perseverança em seu processo de desenvolvimento, e mesmo os pequenos avanços.

Cabe-nos examinar até que ponto assumimos no plano educacional compromissos que são coerentes com nossa jornada pelo caminho da sabedoria. O caminho da sabedoria está disponível, e é preciso conhecer a sua existência. É possível abrir as portas para percebê-lo, trilhá-lo e vivenciá-lo. Se queremos realmente progredir, cabe optar pelo estudo assíduo, com perseverança e sinceridade. É recomendável abolir de nossa existência tudo que contradiz a verdade.

Enquanto prosseguimos com este trabalho, como podem os educadores dar apoio para que os alunos tenham autoconfiança e determinação? Como podem incentivar a autonomia e os seus talentos? Como contribuir para o estado de concentração, harmonia e cooperação entre os alunos, ao invés de repetir as meras formas externas?

Educar é tornar possível a cada ser a percepção da luz e da força existentes nele mesmo. É aprender a intensificar a existência, e dar-lhe sentido.

Carlos Aveline escreveu, referindo-se a Paulo Freire:

“Pensador socrático, ele apoiou sua pedagogia sobre o diálogo. As bases do seu pensamento estão na Grécia antiga. Grande erudito, ele vai além dos livros. Ele ensina que devemos recriar a cada momento o nosso conhecimento da realidade, em um processo aberto de diálogo e investigação, em que não devem faltar nem a coragem nem a humildade.”  [2]

E Leonardo Boff, um dos principais criadores da Teologia da Libertação, afirmou:

“A importância de Paulo Freire foi de ter mostrado que o oprimido jamais é somente um oprimido. É também um criador de cultura e um sujeito histórico, que, quando conscientizado e organizado, pode transformar a sociedade. (...) O processo de libertação implica fundamentalmente uma pedagogia. A libertação se dá no processo de afastamento do opressor que carregamos dentro e na constituição da pessoa livre e libertada, capaz de relações geradoras de participação e de solidariedade. (...)” [3]

Em seu livro “A Chave Para a Teosofia”,  Helena P. Blavatsky apresenta a seguinte proposta para a educação:

“Reduziríamos o trabalho puramente mecânico da memória a um mínimo absoluto e dedicaríamos todo o tempo ao desenvolvimento e treinamento dos sentidos internos, das faculdades e das capacidades latentes. Nós nos empenharíamos em lidar com cada criança como uma unidade, educando-a de modo a produzir o desabrochar mais harmonioso e equilibrado de seus poderes, para que suas aptidões especiais se desenvolvam natural e plenamente. Deveríamos ter como objetivo a criação de homens e mulheres livres - livres intelectualmente, livres moralmente, sem preconceitos de qualquer natureza e, acima de tudo, não egoístas. E acreditamos que muito, se não tudo isso, poderia ser conseguido através de uma educação apropriada e verdadeiramente teosófica.” [4]

Um sistema muda quando as pessoas dentro do sistema mudam. Que espaço melhor para começar o trabalho do que o espaço compartilhado com as novas gerações?

NOTAS:

[1] “Os Limites da Infância”, artigo que pode ser localizado através da Lista de Textos por Ordem Alfabética em www.FilosofiaEsoterica.com .

[2] “Conversas na Biblioteca, Um Diálogo de 25 Séculos”,  Carlos Cardoso Aveline, Editora Edifurb, SC, p. 156.

[3] Citado em “Conversas na Biblioteca”, na mesma página 156 mencionada na nota anterior. 

[4] “A Chave Para a Teosofia”, H. P. Blavatsky, Editora Teosófica, p. 232-233.

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A educadora mineira Regina Maria Pimentel de Caux é licenciada em Pedagogia, e tem Pós-graduação em Processo Ensino-Aprendizagem  e  Psicopedagogia.

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A Impessoalidade Vê Além da Carapaça
Ser Imparcial é Respeitar a Verdade dos Fatos

Evaldo Berwig

Impessoalidade é despir-se da carapaça da personalidade, quando a aproximação com a alma imortal cria condições para assimilar a verdade do coração. 

Impessoalidade é imparcialidade, é ir além das afinidades pessoais, é defender a verdade em quaisquer circunstâncias.

A compreensão da imparcialidade proporciona o cuidado necessário nas questões que exigem, além do discernimento, a superação de tendências que surgem a partir de manobras da mente emocional, quando ela quer decidir por si, através da simpatia ou da antipatia em relação aos indivíduos envolvidos no processo. As necessidades abrem possibilidades no sentido de ir além dos conceitos de “amigo” e de “inimigo”.

As dificuldades nos relacionamentos são possibilidades de aprendizado através do significado oculto das situações. Só aprende a conhecer a si mesmo aquele que aprende a conhecer os outros. A compreensão através da auto-observação e da observação dos seres mais próximos facilita a correção dos erros e a aceitação da realidade.

O rompimento das relações de amor e afeto traz consigo grandes desafios. Não é raro que as pessoas percam uma preciosa oportunidade de aprenderem com as situações difíceis. O conhecimento dá certeza de que o término de qualquer relacionamento não é o fim, e leva a decisões mais acertadas em relação à continuidade da vida.

A impessoalidade traz uma compreensão da responsabilidade das personalidades frente aos sentimentos de amor e afeição, ultrapassando a barreira de interesses pessoais em qualquer nível. A partir destas responsabilidades, deixa de existir todo um universo de interesses manipulados de acordo com os desejos do indivíduo.

Aceitando o Abismo do Vazio
Como a Alma Se Liberta do Mundo das Oscilações



Sir Edward Bulwer-Lytton  (1803-1873), citado em “Luz no
Caminho”, foi um discípulo leigo dos Mestres de Sabedoria. À
direita, a capa de uma das edições brasileiras de seu romance “Zanoni”

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O Teosofista” começou a tradução seriada da
obra “Luz no Caminho” em sua edição de agosto
de 2011. O trecho a seguir está nas pp. 34-39 da
edição original de “Light on the Path”, M. C., Theosophy
Co., Los Angeles. Trata-se da parte final do Comentário
sobre o primeiro Aforismo da obra, que diz: “Antes que
os olhos possam ver, eles devem ser incapazes de lágrimas.”

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Os quatro primeiros aforismos de “Luz no Caminho” se referem inteiramente ao desenvolvimento astral. Este desenvolvimento deve ser realizado até certo ponto - isto é, deve ser completamente iniciado - antes que o resto do livro seja realmente compreensível além do plano intelectual, e, na verdade, antes que ele possa ser lido como um tratado prático, e não metafísico.

Em uma das grandes Fraternidades místicas, há quatro cerimônias, realizadas no início do ano, que ilustram e explicam de modo prático estes aforismos. Só neófitos tomam parte destas cerimônias, porque são funções relativas simplesmente ao limiar. Mas elas servem para mostrar a seriedade do processo pelo qual alguém se torna um discípulo, quando se compreende que estas são todas cerimônias de sacrifício. A primeira cerimônia é esta que estou comentando. A mais aguda satisfação, o sofrimento mais amargo, a angústia da perda, e o desespero são despertados na alma trêmula, que ainda não encontrou a luz na escuridão, e que está tão indefesa como um cego. E até que estes choques possam ser suportados sem perda de equilíbrio, os sentidos astrais devem permanecer fechados. Assim estabelece a lei da compaixão. O “médium” ou o “espírita” que se apressa a ingressar no mundo do psiquismo sem a devida preparação é alguém que vai contra a lei, alguém que desobedece às leis da super-natureza. Quem contraria as leis da Natureza perde a saúde física; quem contraria as leis da vida interior, perde a saúde psíquica. Os “médiuns” se tornam loucos, se suicidam, se transformam em criaturas miseráveis e destituídas de sentido moral. Frequentemente terminam como descrentes, duvidando até mesmo daquilo que os seus próprios olhos viram. O discípulo é levado a se tornar o seu próprio mestre antes de aventurar-se por este terreno perigoso, e antes de tentar ficar frente a frente com os seres que vivem e trabalham no mundo astral, aos quais nós chamamos de mestres, por causa do seu grande conhecimento e da sua capacidade de controlar não só a si mesmos, mas as forças ao seu redor.

A condição da alma que vive para a vida de sensações e não para a vida de conhecimento é uma condição vibratória ou oscilante, e não fixa. Esta é a representação literal mais aproximada do fato; mas só é literal para o intelecto, e não para a intuição. É necessário um outro vocabulário para esta parte da consciência humana. A ideia de “condição fixa” pode ser, talvez, substituída pela ideia de “estar em casa”. No mundo das sensações, nenhuma “casa” permanente pode ser encontrada, porque a mudança é a lei desta existência vibratória. Este é o primeiro fato a ser aprendido pelo discípulo. É inútil parar e chorar por causa de uma cena em um caleidoscópio que já mudou.

Bulwer Lytton abordou com grande força o fato bem conhecido de que a primeira experiência do neófito em Ocultismo é uma tristeza insuportável. Uma sensação de vazio cai sobre aquele que faz do mundo algo sem valor e da vida um esforço inútil. É isso é o que acontece após a sua primeira contemplação séria do abstrato. Ao ver, ou mesmo ao tentar ver, o mistério inefável da sua própria natureza superior, ele próprio faz com que a provação inicial caia sobre si. A oscilação entre prazer e dor deixa de ocorrer talvez durante um só instante; mas isso é o suficiente para que ele se liberte das amarras que o ligavam ao mundo da sensação. Ele experimentou, mesmo que brevemente, a vida maior; e a partir de então a existência convencional é acompanhada por uma sensação de irrealidade, de vazio, de negação desagradável. Este é o pesadelo que acompanha o neófito no romance “Zanoni”, de Bulwer Lytton, e mesmo o próprio Zanoni, que havia aprendido grandes verdades, e a quem grandes poderes haviam sido confiados, ainda não havia passado de fato pelo limiar no qual medo e esperança, desespero e contentamento, parecem num momento realidades absolutas, e no momento seguinte, meras fantasias.

Esta provação inicial é frequentemente trazida até nós pela própria vida. Porque a vida é, afinal de contas, o grande instrutor. Voltamos a estudar a vida, depois que adquirimos poder sobre ela, assim como o professor de Química aprende no laboratório mais do que o seu aluno. Há pessoas tão próximas à porta do conhecimento que a própria vida as prepara para o conhecimento, e ninguém precisa invocar o terrível guardião da entrada. Tais indivíduos devem ser naturalmente perspicazes e fortes, capazes do mais intenso prazer; em seguida surge o sofrimento e cumpre o seu grande dever. As formas mais intensas de dor caem sobre tais indivíduos, até que ao final eles emergem do estupor em que estavam as suas consciências, e, pela força da sua vitalidade interna, avançam através do limiar até um lugar de paz. Então a vibração da vida perde o seu poder de dominação. A natureza sensível ainda deve sofrer; mas a alma se libertou e permanece afastada, guiando a vida na direção da sua grandeza. Aqueles que estão sujeitos ao Tempo e atravessam lentamente todos os seus espaços vivem através de uma longa série de sensações, e sofrem uma constante mistura de prazer e dor. Eles não se atrevem a dominar e vencer a cobra do eu inferior, o que os tornaria  divinos. Preferem continuar afligindo-se ao longo das várias experiências, e sofrendo golpes das forças contraditórias.

Quando um destes indivíduos sujeitos ao Tempo decide entrar no caminho do Ocultismo, esta é sua primeira tarefa. Se a vida ainda não a ensinou a ele, se ele não for suficientemente forte para ensinar esta tarefa a si mesmo, e se ele tem força suficiente para pedir e merecer a ajuda de um mestre, então esta temível provação, descrita em “Zanoni”, é colocada diante dele. A oscilação em que ele vive é por um instante eliminada; e ele tem que sobreviver ao choque de enfrentar o que lhe parece à primeira vista ser o abismo do nada. Só quando ele tiver aprendido a viver neste abismo, e quando tiver encontrado a paz deste abismo, será possível que seus olhos se tornem incapazes de lágrimas.

A dificuldade de escrever de maneira compreensível sobre estes assuntos é tão grande que eu peço a quem tiver lido este artigo com algum interesse e ainda permanecer com dúvidas e perplexidades que me escreva através da seção dedicada aos leitores desta revista. [1]  Faço este pedido porque as perguntas bem formuladas são tão úteis para o leitor quanto as respostas a elas.

NOTA:
[1] O artigo acima foi publicado inicialmente na edição de Setembro de 1887 da revista “Lucifer”, de Londres. A palavra latina “Lúcifer”, como se sabe, significa “portador da luz” e designa o planeta Vênus, a “estrela d’alva”.  Desde a idade média, o termo tem sido distorcido por sacerdotes desinformados, e é usado até hoje como pretexto para perseguir aqueles que ousam questionar os dogmas impostos pelo Vaticano.  

A FELICIDADE
Um Capítulo do Dhammapada Budista

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Reproduzimos a seguir o capítulo 15 da obra  
clássica “O Dhammapada”, que está disponível  
na íntegra no website  www.FilosofiaEsoterica.com .

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1. Devemos viver, pois, livres do ódio e felizes entre os que odeiam. Entre os homens que odeiam, que nós vivamos livres do ódio. 

2. Devemos viver, pois,  livres da doença da cobiça e felizes entre os que sofrem desta doença. Entre os homens que têm a doença da cobiça, que vivamos livres desta doença. 

3. Devemos viver, pois, livres da ansiedade e felizes  entre os que estão consumidos pela preocupação. Entre os ansiosos, que nós vivamos livres da ansiedade.  

4. Devemos viver com felicidade, pois, nós que nada possuímos. Vivamos como os Seres Iluminados, alimentados pelo contentamento. [1]

5. A vitória cria o ódio; os derrotados permanecem no sofrimento; mas o homem tranquilo vive com felicidade, sem dar atenção a vitória ou derrota.

6. Não há fogo comparável à luxúria;  não há mal comparável ao ódio; não há sofrimento comparável à existência pessoal [2] ; não há paz superior à tranquilidade. 

[Nota:]

A existência pessoal é, no texto original, a combinação dos cinco skandhas. Eles são: (1) Corpo; (2) Sensação; (3) Percepção; (4) Tendências da Mente; e (5) Poderes Mentais ( ampliação do anterior).


7. A fome do desejo é a pior das doenças, a existência pessoal é o pior dos sofrimentos. Para alguém que sabe realmente disso, o Nirvana é a mais alta bem-aventurança.  

[Nota:]

O termo “fome” neste versículo, assim como o termo “saúde” no versículo 204, não se referem apenas ao plano físico, mas também à fome e à saúde psíquicas e mentais. “Samkhara” é o quarto dos cinco skandhas, mas o termo é usado aqui como “existência pessoal”. As tendências mentais são a base inicial da personalidade.

8. A saúde é o maior dos presentes; o contentamento é a maior das riquezas; a confiança é o melhor dos relacionamentos; o Nirvana é a mais alta felicidade. 

9. Aquele que experimenta a doçura da solidão e o sabor  da tranquilidade fica livre do pecado e do medo; e tem acesso ao néctar divino da Boa Lei.   

10. É benéfico ver algo dos Seres Nobres; viver com eles é uma contínua felicidade. O homem é feliz se tem a sorte de ser ignorado pelos tolos. 

11. Quem se relaciona com tolos enfrenta grande prejuízo. A companhia de tolos é como a companhia de inimigos − produz sofrimento. A companhia de sábios é como encontrar um membro querido da família − produz felicidade. 

12. Portanto, assim como a Lua segue o seu caminho entre as estrelas, nós devemos seguir os sábios, aqueles que têm discernimento, que têm conhecimento, que são constantes, que cumprem o seu dever, os nobres. Devemos seguir tais indivíduos.

NOTAS:

[1] É interessante comparar os quatro versículos anteriores com a bem conhecida “Oração de São Francisco”. A oração diz: “Onde houver ódio, que eu leve o amor; onde houver ofensa, que eu leve o perdão; onde houver discórdia, que eu leve a união”, e assim sucessivamente. (“A Oração de São Francisco”, Leonardo Boff, Ed. Sextante, 1999, 144 pp.)  (NT)

[2] Segundo o  budismo, a raja ioga e a teosofia, a crença na existência de um eu separado é uma ilusão que provoca grande sofrimento. (NT)

Os Chelas
O Que é, e o Que Não é, Discipulado

Helena P. Blavatsky

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Nota Editorial:
O artigo a seguir foi publicado pela
primeira vez na revista “The Theosophist”,
na Índia,  em Outubro de 1884.  Título original:
Chelas”. O leitor deve levar em conta que, desde
o ano de 1900, o movimento teosófico não possui
Chelas ostensivamente; e caso ele possua Chelas, vale
o antigo aforismo taoísta: “quem sabe não fala; quem
fala, não sabe”. Por outro lado, o caminho da busca do
chelado leigo continua aberto aos aspirantes em todo o mundo.

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H. P. Blavatsky


Apesar dos vários artigos que têm aparecido nesta revista sobre o tema do chelado, a falta de compreensão e as visões equivocadas ainda parecem predominar. O que são os Chelas, e quais os seus poderes? Eles cometem erros? Em que aspectos eles são diferentes dos que não são Chelas? Será que cada palavra pronunciada por um Chela deve ser aceita como uma verdade sagrada?

Estas questões surgem porque muitas pessoas têm alimentado pontos de vista absurdos sobre os Chelas já há algum tempo, e, quando chegou-se à conclusão de que era necessário mudar tais visões, a reação em vários casos foi bastante violenta.

A palavra “Chela” significa simplesmente “discípulo”, mas ficou cristalizada na literatura teosófica, e recebe nas diversas mentes tantas definições diferentes quanto a própria palavra “Deus”. Algumas pessoas chegaram ao ponto de dizer que quando alguém é um Chela é imediatamente colocado num plano em que cada palavra dita por ele é imediatamente encarada como uma palavra vinda de uma autoridade, e ele não possui mais o privilégio de falar como uma pessoa comum. Quando fica claro que alguma coisa foi dita por ele mesmo, por sua própria conta e risco, o Chela é acusado de enganar aqueles que o ouviram.  

Esta ideia errada deve ser corrigida de uma vez por todas. Há Chelas e Chelas, assim como há MAHATMAS e MAHATMAS.  Há MAHATMAS que, na verdade, são eles próprios Chelas de seres ainda mais elevados. Mas ninguém pode confundir, nem por um instante, um Chela que começa a sua arriscada viagem com aquele Chela maior que é um MAHATMA.

Na verdade o Chela é um homem infeliz que ingressou num “caminho não-manifestado”, e Krishna diz que “este é o mais difícil dos caminhos”.

Ao invés de ser o constante porta-voz do seu Guru, ele percebe que está mais sozinho no mundo do que aqueles que não são Chelas. O seu caminho é rodeado de perigos que provocariam desânimo em muitos aspirantes, se fossem descritos tal como são; de modo que ao invés de aceitar seu Guru e ser aprovado em seu exame de admissão, tendo como meta a sua qualificação em filosofia oculta sob o constante conselho solidário do seu Mestre, ele na realidade força  o seu caminho até um local protegido, e desde este momento deve lutar e vencer - ou morrer. Ao invés de aceitar, ele deve ser digno de ser aceito. Ele não deve oferecer-se. Um dos Mahatmas escreveu, há menos de um ano [1]: “Nunca se imponha a nós como candidato ao Chelado; espere que o Chelado desça sobre você.”

Uma vez que foi aceito como Chela, não é verdade que ele seja apenas um instrumento do seu Guru.  Ele continua falando como um homem comum, assim como fazia antes, e é somente quando o mestre manda através do magnetismo do Chela uma carta fisicamente escrita que os observadores podem dizer que houve uma comunicação através do Chela. [2]

Assim como ocorre ocasionalmente com qualquer autor, os Chelas talvez façam afirmações verdadeiras ou belas; mas não se deve concluir, por causa disso,  que naquele momento o Guru estava falando através do Chela. Quando há a semente de um bom pensamento na mente, a influência do Guru, tal como a suave chuva sobre o solo, pode fazer com que a semente germine, surgindo para a vida e florescendo de modo extraordinário. Mas esta não é a voz do mestre.  Na verdade, são raros os casos em que os mestres falam através de um Chela.

Os poderes dos Chelas variam de acordo com o progresso feito por eles. E todos devem saber que se um Chela possui quaisquer “poderes”, ele não tem a permissão de usá-los salvo em casos raros e excepcionais, e jamais pode contar vantagem sobre o fato de que os possui. Em consequência disso, aqueles que são apenas iniciantes não têm mais poderes do que um homem comum. A meta do Chela não é obter poder psicológico. Sua principal tarefa é libertar-se do sentido dominante de personalidade, o grosso véu que o impede de enxergar sua parte imortal - o verdadeiro ser humano. Enquanto permitir que este sentimento permaneça, ele ficará preso ao portal de ingresso no Ocultismo, incapaz de avançar mais além.

Assim, o sentimentalismo não faz parte dos equipamentos do Chela. Sua missão é árdua, seu caminho cheio de pedras, e o local de destino está muito afastado. Tendo apenas sentimentalismo, ele não pode dar um passo adiante. Ele espera que o mestre o convide a mostrar sua coragem atirando-se desde um precipício, ou desafiando as frias altitudes dos Himalaias? Essas são falsas esperanças; os mestres não o chamarão desta maneira. Em consequência disso,  assim como ele não deve vestir-se de sentimentalidade, o público, ao observá-lo, tampouco deve lançar um falso véu de sentimentalismo sobre todas as suas ações e palavras.

É recomendável, portanto, usar um pouco mais de discernimento em relação aos Chelas.

NOTAS:

[1] “Há menos de um ano”; estas palavras foram publicadas em outubro de 1884.
[2] Esta frase era válida para as condições reinantes na década de 1880. Desde o ano de 1900, cessou toda comunicação verbal ou visual entre Mestres e discípulos leigos, ou entre Mestres e o público. Os Mestres transmitiram ensinamentos suficientes; o movimento teosófico deve erguer-se agora por mérito próprio, com base numa leitura correta do ensinamento original.

Robert Crosbie:
O Carma Cria Oportunidades

Se o candidato [à sabedoria] possui  fé, sabedoria e confiança, ele realmente não terá que esperar muito. Há uma coisa que deveria ser lembrada no meio de todas as dificuldades, e é o seguinte: “Quando a lição é aprendida, a necessidade desaparece”.

Devemos saber que o Carma não castiga; ele simplesmente cria a oportunidade para o ajuste. Ninguém pode lançar nosso carma sobre nós, e tampouco alguém gostaria de fazer isso. De modo que, seja o que for que aconteça, é bom lembrar que foi causado por nós mesmos, precipitado por nós mesmos, e que pode ser enfrentado por nós mesmos.

(Trecho da obra “The Friendly Philosopher”, de Robert Crosbie, Theosophy Company, Los Angeles, 1945, ver p. 10.)

Novos Textos em FilosofiaEsoterica.com

Este é o relatório de   www.FilosofiaEsoterica.com  e  websites associados, válido para 17 de setembro.   

O total de textos e áudios em espanhol é de 29 textos.  Em inglês, são 374 textos. Em língua portuguesa  há 672 itens. O conjunto dos três idiomas soma 1075 itens.

Nas últimas quatro semanas, foram retirados de nossos sites dois textos. Um deles é “O que é o SerAtento”,  de “Um Estudante de Teosofia”, que foi retirado por haver sido revisado, atualizado e recolocado com outro título. O outro é “To Spread Broadcast the Teachings”, de  Carlos Cardoso Aveline. Este foi um texto feito em função de determinadas circunstâncias, e perdeu atualidade.

Os textos incluídos nos websites associados entre 14 de agosto e 16 de setembro de 2012 são os seguintes:

(Artigos mais recentes acima)

1.Meditating on Peace in the Middle East - Carlos Cardoso Aveline
2.O Momento da Dificuldade - John Garrigues
3.Devotion to the Cause of Theosophy - The Theosophical Movement
4.The Eclectic Philosophy - Alexander Wilder
5.Os Sete Princípios do Movimento - Carlos Cardoso Aveline
6.Meditação Para Abrir Estudos - Carlos Cardoso Aveline
7.A Philosophy With Determined Votaries - N. C. Ramanujachary
8.O Primeiro Passo Adiante - John Garrigues
9.The Aquarian Theosophist, August 2012
10.O SerAtento Como Comunicação Social - Carlos Cardoso Aveline
11.The Future of Mankind is Bright - Carlos Cardoso Aveline
12.The Teachings of Plotinus - Alexander Wilder
13.Boletim O TEOSOFISTA, Agosto 2012


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O Teosofista
Notas e Informações Sobre Teosofia e o Movimento Esotérico
Ano VI, Número 64, Setembro de 2012.  O Teosofista é o boletim eletrônico mensal do website www.FilosofiaEsoterica.com  .  Entre em contato com os editores e faça perguntas e sugestões pelo e-mail lutbr@terra.com.br . Facebook:  FilosofiaEsoterica.com .                                             

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