terça-feira, 28 de agosto de 2012

O Primeiro Passo Adiante


Caros Amigos e Irmãos: Estamos distribuindo hoje, em nome de www.FilosofiaEsoterica.com ,   um texto sobre a base mínima e o alicerce da caminhada espiritual. O seu título é  O PRIMEIRO PASSO ADIANTE.

O autor é John Garrigues. O artigo - inédito em português até este momento - começa com as seguintes palavras: 

“A filosofia esotérica afirma que uma vida limpa é o primeiro passo na direção do mundo sagrado. Certamente, ninguém tem o direito de se considerar um teosofista se a sua vida não estiver à altura da ética teosófica. Tolo e imprudente é aquele que se atreve a enfrentar os perigos do caminho esotérico sem ter a pureza como proteção.”

A reprodução de O Primeiro Passo Adiante” é livre, uma vez que seja feita na íntegra e que sejam citados o autor e a fonte,www.FilosofiaEsoterica.com .  Com esta  condição, o uso do nosso material é muito bem-vindo.  O plágio é desaconselhado, primeiro, porque é um desrespeito para com o leitor, que tem direito a saber a origem daquilo que lê; e, segundo, por produzir um mau carma que prejudica grave e invisivelmente o infeliz plagiador.

Convidamos nossos leitores a visitarem os sites  www.TeosofiaOriginal.com  e www.VislumbresdaOutraMargem.com .  Os interessados em um estudo diário da filosofia esotérica original devem escrever a lutbr@terra.com.br ,  perguntando como é possível acompanhar o trabalho do e-grupo  SerAtento.   

O Primeiro Passo Adiante
Os Pensamentos Que Cada Um Alimenta
Em Seu Coração Determinam o Seu Futuro

John Garrigues

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John Garrigues (1868 - 1944) e  uma cena dos Himalaias, em quadro de Nicholas Roerich


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O texto “O Primeiro Passo Adiante
é traduzido da publicação “The Aquarian
Theosophist”, edição de Março de 2012,
onde foi publicado sob o título “The First
Step to Take”. Trata-se de um comentário
ao primeiro item de “A Escada de Ouro”. [1]

(C. C. A.)

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filosofia esotérica afirma que uma vida limpa é o primeiro passo na direção do mundo sagrado. Certamente, ninguém tem o direito de se considerar um teosofista se a sua vida não estiver à altura da ética teosófica.

Tolo e imprudente é aquele que se atreve a enfrentar os perigos do caminho esotérico sem ter a pureza como proteção. O Zoroastrismo, com sua ênfase em pensamentos puros, palavras puras e ações puras, apenas dá destaque a aquilo que todos os grandes Mestres afirmaram ser uma condição indispensável para a vida espiritual. 

Uma vida limpa envolve pureza, retidão, castidade, e inofensividade, assim como uma conduta absolutamente franca e direta. 

Como Upadhi ou base de ação neste plano, o corpo físico deve ser mantido puro, interna e externamente, de modo que possa servir como um solo firme, fértil, de onde surgirão como frutos boas ações a atitudes sábias.  Isso não pode ser deixado de lado, mas ainda mais importante é a pureza de palavra, a pureza de coração e a pureza mental.

A ligação entre a fala e a nossa natureza psíquica, ou astral, é real e íntima. Além de a energia ser desperdiçada com palavras vãs ou ditas sem pensar, o poder do som é tão grande que a fala maldosa desperta energias maldosas, assim como a fala bondosa desperta energias boas; e as energias reagem - devido a uma lei que não falha - em relação a aquele que as evocou. Cada pessoa é responsável por todas as palavras que produziu voluntariamente, sejam quais forem as consequências. “Uma palavra dura dita em vidas passadas não é destruída, mas retorna sempre outra vez”.

O controle da fala não é fácil, mas é uma brincadeira de crianças se comparado com o controle do pensamento. Reconhecemos que se quisermos um corpo puro devemos estar seguros da pureza dos alimentos e das bebidas com os quais o construímos e o mantemos. A ligação é igualmente real, embora menos óbvia, entre a pureza mental e os pensamentos que admitimos em nossa consciência. Isso foi reconhecido pelo iniciado Paulo, quando ele disse: “Tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, pensem nisso.”[2]

As ideias que alimentamos são o alimento do ser humano interior. Quando lemos livros fúteis e tolos ou participamos de conversas superficiais, estamos alimentando a mente com lixo, ao invés de dar-lhe alimento correto. Ideias impuras, apresentadas em livros ou espetáculos pouco saudáveis, envenenam cada mente que entra em contato com elas, exceto quando a pureza é forte o suficiente para rejeitar instantaneamente tudo o que não tem a mesma natureza que ela.

A pureza de pensamento implica não só uma rigorosa exclusão de todas as ideias impuras, mas também o aspecto positivo de povoar a nossa corrente no espaço com bons pensamentos.  Sobretudo, é necessária impessoalidade. Os pensamentos centrados em sua própria personalidade são - se comparados com os conceitos universais - algo como uma poça de água parada, colocada a pouca distância de água pura e em livre circulação.

É uma perda de tempo tentar purificar águas paradas. Faça com que haja uma saída da poça, e com que uma corrente de água pura chegue até ela, e em breve ela estará fluindo clara e pura.

O pensamento voltado para as verdades universais tem o poder de purificar a mente; e é por isso que a atenção dos estudantes de Teosofia é dirigida com tanta frequência para a base metafísica da filosofia. Conceitos como Espaço Ilimitado, Duração Infinita, Movimento Incessante, Grande Sopro, e Princípio e Substância Divinos, elevam a mente desde o horizonte estreito das pequenas personalidades e a colocam onde ela obtém a visão mais ampla, percebendo a marcha constante dos átomos, dos seres humanos, dos mundos e dos universos, rumo à perfeição. “Não há um fator purificador comparável ao conhecimento espiritual; e aquele que se aperfeiçoou em devoção vê o conhecimento espiritual surgir espontaneamente em si mesmo ao longo do tempo.”

A pureza de coração implica uma atenção permanente em relação aos sentimentos, com a eliminação de todos os sentimentos de desprezo, hostilidade e medo, e o cultivo dos sentimentos centrados na compreensão da nossa unidade com todos os seres. Compaixão, amor inegoísta, e reverência, surgem em relação aos seres situados  respectivamente abaixo de nós em desenvolvimento,  no mesmo estágio que nós, e num degrau mais elevado da escada. Mas, acima de tudo, manter a lembrança do Mestre em nossos corações é o segredo da pureza e do equilíbrio interior.

“Todo ser humano tem a mesma substância daquilo em que ele coloca sua fé, e sua confiança”.

Os pensamentos que cada um alimenta em seu coração determinam o seu futuro.


NOTAS:

[1] Veja o texto “A Escada de Ouro”,  na  Lista de Textos por Ordem Alfabética  emwww.FilosofiaEsoterica.com . (C. C. A.)

[2] Epístola aos Filipenses, 4: 8. (C. C. A.)


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Para ter acesso a um estudo diário da teosofia original, escreva a lutbr@terra.com.br  e pergunte como é possível acompanhar o trabalho do e-grupo SerAtento.

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segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Semana Acadêmica do curso de Psicologia




"A Atuação do Psicólogo na Contemporaneidade"

Período: de 27 a 31 de agosto
Local: Salão Azul - Biblioteca Mario Osorio Marques - Campus Ijuí/RS

Objetivos

- Promover o intercâmbio entre pesquisadores, estudantes de psicologia e áreas afins;
- Favorecer a troca de experiências entre os participantes do evento;
- Ampliar a formação acadêmica dos estudantes de psicologia, extrapolando as fronteiras da sala de aula;
- Discutir temas relacionados as várias linhas de pesquisa em psicologia na atualidade;
- Abrir espaços para a discussão sobre as perspectivas da pesquisa e do ensino de psicologia no presente e para o futuro próximo.

Promotores

Centro Acadêmico de Psicologia Unijuí – CAP “das Trieb” – Gestão 2012

Apoio

Departamento de Humanidades e Educação – Curso de Psicologia UNIJUÍ.

PATROCINADORES: 
Agroveterinária La Pampa;
Bazar Paraty;
DCE – UNIJUÍ REAÇÃO;
Fonte da Ilha;
Hotel Vera Cruz;
Libera Marin
Net Copy;
Planeta Livros;
Restaurante e Pizzaria Glasnost.

 Contato

Contatos: (55) 3332 – 0426 – Unijuí/Depart. Humanidades e Educação
(55) 8139-7796 – Comissão Organizadora CAP



Programação

Clique aqui para conferir a programação.




quarta-feira, 22 de agosto de 2012

O SerAtento Como Comunicação Social

Os Primeiros Anos de um
Projeto de Informação Solidária

Carlos Cardoso Aveline

Capa da segunda edição
de “A Informação Solidária”

A descrição do SerAtento, publicada no site de YahooGrupos, afirma que este e-grupo é “um território sutil dedicado à fraternidade sem fronteiras”.

Inspirado nas ideias que deram origem à primeira edição de “A Informação Solidária”, o Ser Atento é também uma experiência alternativa na área de comunicação social. O e-grupo coordena um pequeno conjunto que inclui websites, blogs, publicações eletrônicas e um e-grupo em língua inglesa. Como âmbito de estudo teosófico, ele promove uma reflexão diária sobre a sabedoria universal que é comum às diferentes religiões e filosofias. Mas também estimula uma percepção crítica em relação às falhas das religiões organizadas e dos grupos esotéricos:

“O objetivo”, diz a descrição do Atento, “é não só estudar e vivenciar o que há de bom, mas também identificar os erros do passado e do presente, e aprender com eles, de modo que não se tenha de repeti-los desnecessariamente.”

O SerAtento tem como referência central as obras da pensadora russa Helena Petrovna Blavatsky (1831-1891). Ao lado do seu equivalente em inglês, E-Theosophy, ele funciona  como  um laboratório de pesquisa teórica e prática e como âmbito  central de um pequeno sistema dinâmico de produção, publicação e distribuição de textos sobre filosofia.


A Evolução Quantitativa do E-Grupo

 O SerAtento surge em 29 de agosto de 2005 como instrumento para realizar um curso online de dois meses sobre a primeira parte do livro “Três Caminhos Para a Paz Interior” [1]. O nome do grupo era “O Caminho do Guerreiro” e reproduzia o título da primeira parte da obra. Ao final do evento decidiu-se continuar o e-grupo, desvinculando-o de atividades impermanentes e tornando-o um projeto de longo prazo.  
Em fevereiro de 2007, surge o website www.FilosofiaEsoterica.com como um centro de documentação online a serviço do e-grupo. Pela primeira vez desde 1875, começava publicamente no Brasil um trabalho filosófico dedicado à pesquisa, ao estudo e à vivência da teosofia original.  

Entre fevereiro e março de 2007, o trabalho ganha novo impulso com a adesão de um teosofista que passa a distribuir material semanalmente através da sua lista de emails, na época com pouco mais de 500 endereços. Devido ao interesse dos leitores por teosofia prática, a lista de distribuição ampla se expande vigorosamente.

Em maio de 2007, circula o número zero do boletim mensal do site, “O Teosofista”. Em seguida a sua coleção recebe uma seção temática própria em www.FilosofiaEsoterica.com.

No final de janeiro de 2008, é definido publicamente que o SerAtento tem como tema a teosofia original e que é inspirado pelo trabalho da Loja Unida de Teosofistas, a LUT. O foco das ações fica ainda mais claro. Em janeiro de 2009, os estudos diários do Ser Atento já reuniam 181 pessoas, e a lista geral de distribuição semanal de textos contava com 3.475 endereços. Em setembro do mesmo ano surgiu o blog em inglês www.Esoteric-Philosophy.com .

Em novembro, foi registrada em Los Angeles a criação da pequena loja luso-brasileira da Loja Unida de Teosofistas, LUT. A primeira loja da LUT em língua portuguesa surgia como resultado de um trabalho cujo principal âmbito de ação é o SerAtento. Desde então ela reúne no mundo virtual um pequeno grupo de pioneiros, geograficamente espalhados por dois países, em lados opostos do Oceano Atlântico, e cujo trabalho é crescentemente influente também em língua inglesa.


O SerAtento e seus Aliados

Em agosto de 2010, eram 229 endereços no SerAtento. Em agosto de 2012, são 383. O Atento também inspira ações pioneiras que ocorrem presencialmente em algumas cidades. Cada novo textos em língua portuguesa chega de imediato a mais de 8.000 pessoas, sem contar os leitores dos sites, blogues, outros e-grupos e Facebook. Os textos em inglês são divulgados para milhares de pessoas. O número de leitores cresce gradualmente em todas as frentes, enquanto se expande o número de textos publicados.


Entre as frentes de trabalho que fazem parte deste pequeno sistema de ação solidária temos as seguintes:  

1)   www.FilosofiaEsoterica.com  - o website central.  

2)   www.TeosofiaOriginal.com - o blog mais especificamente dedicado à Loja Unida de Teosofistas.

3)   www.VislumbresdaOutraMargem.com  - Criado em maio de 2007, o Vislumbres é um espaço de cidadania planetária. O estudo, a vivência e a divulgação da teosofia autêntica ocupam nele um lugar central.

4)  www.Esoteric-Philosophy.com  -  blog em inglês voltado para a teosofia clássica e as perspectivas de futuro da nossa humanidade. 

5) E-Theosophy – o e-grupo em língua inglesa. Em agosto de 2012, contava com 93 pessoas de 17 países. 

6)  www.TheosophyOnline.com - website em inglês, aberto ao público em 29 de agosto de 2010, e também dedicado à teosofia original e a estudos sobre o futuro da humanidade.
7) O Teosofista – boletim eletrônico mensal de  www.FilosofiaEsoterica.com .

8) The Aquarian Theosophist - revista eletrônica mensal fundada por Jerome Wheeler nos Estados Unidos no ano 2000, e cuja edição e publicação passou a ser responsabilidade da coordenação do E-Theosophy em fevereiro de 2012. Sua coleção completa está no website www.TheosophyOnline.com. Seu blog específico é www.TheAquarianTheosophist.com .

9) Blog OAquieAgora.Blogspot.com.br . Tem como lema “Informação Solidária”. Editado pela jornalista Dina Cristo e inspirado pelas propostas de “A Informação Solidária”, este blog português independente propõe e discute a comunicação participativa dos novos tempos. Embora não esteja formalmente associado ao SerAtento, é um parceiro importante, ativo, e de longo prazo.

10) O blog AmigosDaTeosofia.blogspot.com.br.  Inaugurado como iniciativa independente em 2012,  este blog é editado em  Ijuí,  RS,  e  visa constituir um círculo de amigos e simpatizantes da filosofia clássica e da teosofia original no noroeste gaúcho.  

11) Outros blogues e websites amigos  publicam textos deste conjunto de iniciativas associadas. A única condição exigida para que isso seja feito é que os artigos sejam publicados na íntegra, com clara indicação do nome do autor e do website de onde é reproduzido. O plágio é fortemente desaconselhado, inclusive porque constitui um desrespeito para com o leitor - que merece saber a verdadeira origem do que está lendo - e também um mau carma para quem o faz. Novos parceiros são bem-vindos. Os interessados devem escrever para lutbr@terra.com.br . Além de blogues e websites, cada leitor pode participar como individuo da corrente do SerAtento. Basta criar uma pequena lista de e-mails de amigos e conhecidos, para a qual pode distribuir material semanalmente. Pode-se começar passando o material para uma pessoa, ou duas, e gradualmente expandir. 

Segundo os coordenadores deste trabalho voluntário, o que foi feito até agora é muito pouco, e constitui apenas uma semente. Este é o limitado começo de um trabalho que deve ser levado adiante com determinação e humildade.

Mudança Planetária Exige Visão do Futuro

Embora o momento humano atual seja de transição em escala geológica e civilizatória, poucas escolas de pensamento têm algo a dizer sobre o futuro. Entre elas está a teosofia original.  O Ser Atento acompanha, pesquisa e escreve a respeito da atual crise planetária. Os coordenadores do e-grupo afirmam:

“Estamos investigando o presente e o futuro humanos à luz da teosofia. Trata-se de perceber o atual momento planetário desde níveis superiores de consciência que são gradualmente ativados pelo estudo solidário da teosofia original. O futuro fará com que esta atuação em pontos decisivos produza resultados, que podem ser visíveis ou invisíveis. E sabemos que os resultados invisíveis são, frequentemente, os mais importantes. Além disso, há esforços semelhantes e complementares em outras partes do planeta.”

SerAtento e o E-Theosophy tambémdiscutem o futuro do movimento teosófico. Considera-se que o verdadeiro movimento esotérico opera sobretudo em um nível de compreensão universal e buddhi-manásico, isto é, ligado à alma imortal. Este nível de compreensão permeia e transcende as dimensões mais densas da realidade, ajudando a estimular nelas uma nova consciência de co-responsabilidade planetária. Chegar a esta percepção é a meta da caminhada individual em busca da sabedoria.

A ênfase maior dos estudos e diálogos do SerAtento é dada, pois, ao autoconhecimento, ao estudo filosófico, à auto-responsabilidade, e ao esforço por viver com ética. Esta prioridade é considerada indispensável, porque só um conhecimento profundo de si mesmo permite compreender de fato o futuro saudável do planeta Terra, e participar criativamente da sua construção.    

NOTA:

[1] “Três Caminhos Para a Paz Interior”, Carlos Cardoso Aveline, Ed. Teosófica, Brasília.
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Para ingressar nos e-grupos SerAtento ou E-Theosophy, e para saber mais sobre o projeto amplo que eles expressam, visite um dos sites e blogues indicados acima ou escreva para lutbr@terra.com.br .

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quarta-feira, 15 de agosto de 2012

O Que Significa a Palavra "Ciência"



Um Trecho da Obra Clássica “Luz no Caminho”

[ “O Teosofista” começou a tradução seriada de “Luz no Caminho” em sua edição de agosto de 2011. O trecho a seguir está nas pp. 30-34 da edição original em inglês de “Light on the Path”, M. C., Theosophy Company, Los Angeles. Nele prossegue o comentário sobre o primeiro Aforismo da obra. ] 

Sei bem do fato de que já os primeiros aforismos de “Luz no Caminho”, incluídos sob o Número I, permaneceram com o seu significado interno selado para muitos que em outros aspectos compreenderam o propósito do livro.

Há quatro verdades seguras e comprovadas com relação ao ingresso no ocultismo. Os Portões Dourados barram o limiar; no entanto, alguns passam pelos portões e descobrem o que é sublime, ilimitado e está mais além. Nos longínquos espaços do Tempo, todos passarão por aqueles portões. Mas eu gostaria que o Tempo, o grande enganador, não fosse tão dominante. Para aqueles que o conhecem e o amam, nada tenho a dizer. Aos outros - que não são tão poucos quanto se pode pensar -, para quem a passagem do Tempo é como o golpe de um martelo e o sentido de Espaço é como as barras de uma jaula de ferro, eu irei traduzir e re-traduzir até que possam compreender completamente.

As quatro verdades escritas na primeira página de “Luz no Caminho” se referem ao teste da iniciação do candidato a ocultista. Enquanto não passar pelo teste, ele não pode chegar sequer à fechadura do portão que dá acesso ao conhecimento. O conhecimento é a maior herança do ser humano; por que, então, ele não deveria tentar obtê-lo através de todos os caminhos? O laboratório não é o único local em que se pode fazer experimentos; devemos lembrar que a palavra ciência deriva de sciens, particípio presente de scire, “conhecer”. A sua origem é parecida à origem da palavra “discernir”, “reconhecer”. A ciência, portanto, não lida apenas com o que é matéria, nem sequer nas suas formas mais sutis e obscuras. Uma ideia como essa nasce da mentalidade superficial dos tempos atuais. “Ciência” é uma palavra que abrange todas as formas de conhecimento. É extremamente interessante saber das descobertas da Química, e ver como elas abrem caminho através do aspecto denso da matéria em direção às suas formas mais finas; mas há outros tipos diferentes de conhecimento, e nem todos os pesquisadores restringem o seu desejo estritamente científico de obter conhecimento a experimentos que podem ser testados diante dos sentidos físicos.

Todo aquele que tem um pouco de inteligência e não foi reduzido à condição de idiota por algum vício dominante já tem a impressão, ou talvez tenha percebido com alguma certeza, que há sentidos mais sutis presentes nos sentidos físicos. Não há nada de extraordinário nisso. Se nos déssemos ao trabalho de ouvir o testemunho da Natureza, saberíamos que tudo o que é perceptível para a vista comum tem algo ainda mais importante escondido dentro de si. O microscópio abriu todo um mundo para nós, mas dentro das estruturas que o microscópio revela, há um mistério que máquina alguma pode sondar.

O mundo inteiro é animado e iluminado, até nas suas formas mais materiais, por um mundo que há em seu interior. Este mundo interno é chamado de “astral” por algumas pessoas, e esta é uma palavra tão boa quanto qualquer outra, embora signifique simplesmente “estelar”; mas as estrelas, como Locke assinalou, são corpos luminosos que irradiam luz de si mesmos. Esta qualidade é característica da vida que existe dentro da matéria; porque aqueles que a veem não necessitam de lâmpadas para enxergar. A palavra inglesa “star” (estrela), além disso, é derivada do verbo anglo-saxão “stir-an”, conduzir, mover; e sem dúvida é esta vida interna que domina a vida externa, assim como o cérebro de um ser humano guia os movimentos dos seus lábios. De modo que embora a palavra “Astral” não seja em si mesma excelente, posso usá-la sem problemas para alcançar meu objetivo atual.

Toda a obra “Luz no Caminho” está escrita em uma linguagem cifrada de símbolos astrais, e, portanto, só pode ser decifrada por alguém que lê astralmente. E o seu ensinamento tem como meta principal o desenvolvimento da vida astral. Enquanto não for dado o primeiro passo neste sentido, o conhecimento rápido que é chamado de intuição segura continua sendo impossível para o ser humano. E esta intuição segura e positiva é a única forma de conhecimento que capacita o ser humano a trabalhar rapidamente ou alcançar o seu estado verdadeiro e elevado, dentro dos limites do seu esforço consciente. Obter conhecimento através de experimentos é um método muito tedioso para aqueles que aspiram por realizar um real trabalho; quem obtém conhecimento através da intuição segura conquista o conhecimento, em suas várias formas, com suprema rapidez, através de um intenso esforço de vontade, assim como um operário pega suas ferramentas sem pensar no peso delas ou em qualquer outra dificuldade. Ele não perde tempo testando cada ferramenta; ele usa aquela que lhe parece adequada.

Todas as regras contidas em “Luz no Caminho” estão escritas para todos os discípulos, mas só para os discípulos, isto é, aqueles que “obtêm conhecimento”. As leis desta escola não têm qualquer utilidade ou interesse para ninguém - exceto os seus alunos.

A todos aqueles que estão seriamente interessados em Ocultismo, eu digo, em primeiro lugar: “obtenham conhecimento”. A aquele que tem, lhe será dado. É inútil esperar pelo conhecimento. O círculo do Tempo se fechará diante de você e em tempos futuros você ficará sem poder nascer e sem força. Digo, portanto, aos que têm fome ou sede de conhecimento: “prestem atenção a estas regras”.  

[ A tradução continuará. As partes anteriores de “Luz no Caminho” podem ser vistas nas edições deste boletim que vão de agosto de 2011 a abril de 2012, e estão na seção temática chamada “O TEOSOFISTA”, no website www.FilosofiaEsoterica.com. ]

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terça-feira, 14 de agosto de 2012

Boletim O TEOSOFISTA, Agosto 2012

Caros Amigos e Irmãos:  Estamos distribuindo em Anexo, em Word, em nome de  www.FilosofiaEsoterica.com  e seus websites associados,  a edição deste mês do boletim eletrônico  O TEOSOFISTA. Em nota, os editores informam:


A edição de agosto abre com um texto sobre a busca do equilíbrio no caminho  que leva o peregrino para o alto. Nas páginas 4 e 5, um texto ácido do escritor brasileiro clássico Lima Barreto questiona a universidade brasileira. A edição prossegue com uma nota sobre um filme dedicado à vida do escritor Leon Tolstoi,  um breve exame da ideia de Almas Gêmeas do ponto de vista teosófico, e um estudo da obra “Luz no Caminho” sobre o que ocorre quando uma alma espiritualmente experiente “deixa de derramar lágrimas”. Além disso,  “O TEOSOFISTA” reproduz a visão “de voo de pássaro” de Helena Blavatsky sobre o movimento esotérico moderno, e, para encerrar, a lista de novos títulos em nossos websites.

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A reprodução de “O TEOSOFISTA” é livre, uma vez que seja feita na íntegra e seja citada a sua fonte, o website  www.FilosofiaEsoterica.com.

Convidamos nossos leitores a visitarem os sites   www.TeosofiaOriginal.com  e  www.VislumbresdaOutraMargem.com .  Os interessados em um estudo diário da filosofia esotérica original devem escrever a  lutbr@terra.com.br ,  perguntando como é possível acompanhar o trabalho do e-grupo  SerAtento.   

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Boletim O TEOSOFISTA, Agosto 2012

O Teosofista
Notas e Informações Sobre Teosofia e o Movimento Esotérico

O Boletim Mensal do Website www.FilosofiaEsoterica.com

Ano VI - Número 63 - Edição de Agosto de 2012
 FacebookFilosofiaEsoterica.com. Email: lutbr@terra.com.br
Å  
“Nenhum ser humano deseja a luz que ilumina
a alma não-espacial, enquanto a dor, o sofrimento e o
desespero não o arrancaram da vida da humanidade comum.”
(Luz no Caminho)

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A Busca do Equilíbrio
A Vida Como um Campo de Aprendizado

Joaquim Soares



 Uma Paisagem dos Himalaias, em quadro de Nicholas Roerich


Os picos nevados erguem-se no horizonte de todo caminhante destemido. Alcançá-los é a meta de cada peregrino. Eles representam o ponto de equilíbrio entre o céu a terra, o lugar da paz.

Não são os caminhos atapetados de verde e cobertos de flores que levam o estudante montanha acima. Estes apenas circulam o vale, e o mantêm confinado a horizontes limitados. Para prosseguir em direção ao ideal vislumbrado o caminhante precisa escolher corajosamente aquele caminho estreito e rochoso, o único que verdadeiramente se dirige para o alto. 

Disposto a seguir adiante a qualquer custo, o estudante dá os primeiros passos e aprende que são as dificuldades do trajeto que o tornarão mais forte e mais sábio e que são as pedras no caminho que lhe mostrarão as suas debilidades a serem vencidas. Por isso, as dificuldades e os testes, ao invés de serem motivo de desânimo, surgem no coração do aprendiz como um estímulo e uma garantia de que está no caminho certo. O caminho não é fácil, mas todo o universo trabalha a seu favor, desde que o ideal permaneça elevado, o coração puro, e a atenção desperta.

A vida passa a ser vista como um vasto campo de aprendizado e, frequentemente, as maiores lições e oportunidades de crescimento surgem nas aparentes insignificâncias da vida quotidiana. Ele vai desenvolvendo o seu discernimento e vai aprendendo sobre o valor das coisas realmente importantes.

Apesar dos erros e das quedas ele se ergue uma vez após outra, e prossegue, internamente alegre por seguir a voz da sua consciência.

Há um pequeno verso no Dhammapada que ensina o seguinte:

“Quem faz  canais de irrigação conduz as águas.  Os flecheiros dão forma às flechas. Os carpinteiros dão forma à madeira. Os sábios disciplinam a si mesmos.” [1] 

Aquele que persiste, sem nunca desistir, no esforço do “autoconhecimento, autocontrole e auto-respeito”, prossegue confiante no fato de que a vitória o espera.

Examinar as nossas intenções profundas, avaliar os desafios diante de nós e as nossas forças, planejar e avançar com bom senso, procurar desperdiçar cada vez menos energia e agir construtivamente, são fatores decisivos. Nada disto é instantâneo, como nada o é no caminho verdadeiro, mas sempre pequenas aproximações e conquistas vão sendo alcançadas.

Há dimensões da caminhada e do aprendizado que merecem nossa reflexão contínua. Todo ensinamento autêntico encerra mais do que um significado. À medida que caminhamos e vamos vivenciando o ensinamento, a nossa compreensão aumenta, e vamos, aos poucos, penetrando nos seus níveis mais profundos - não sem que essa compreensão seja testada no campo probatório da vida.

O que começa por ser uma compreensão intelectual, a seu tempo e dependendo do esforço e do ritmo de cada um, passa a ser uma compreensão vivencial. Várias vezes parecerá que já compreendemos o que nos é ensinado, até que as circunstâncias da vida, o modo e a perspectiva que adotamos diante dos dilemas da existência nos mostram que há muito a aprender ainda.

Por outro lado, às vezes nos sentimos colocados diante de posições contraditórias. Compreender e resolver as contradições é algo fundamental no percurso de cada aspirante ao discipulado.

Como diz HPB, “o paradoxo parece ser a linguagem natural do Ocultismo”.

“O caminho se faz ao andar ”, diz o poeta. No seu texto “O Grande Paradoxo”, H.P. Blavatsky  escreve:

“Os paradoxos do ocultismo devem ser vividos, não falados apenas. Aqui reside um grande perigo, porque é muito fácil perder-se na contemplação intelectual do caminho, e assim esquecer-se de que a estrada só pode ser conhecida quando se caminha por ela.” [2]

No mesmo texto, HPB diz que logo no início do caminho o estudante é confrontado com um dilema sério:

“Ele aprende que o alfa e o ômega, o começo e o final da vida é altruísmo; e ele sente a verdade da afirmação de que somente na profunda inconsciência do auto-esquecimento a verdade e a realidade do ser podem revelar-se ao seu coração sedento. O estudante aprende que esta é a lei única do ocultismo, ao mesmo tempo a ciência e a arte do viver, o guia para a meta que ele deseja alcançar.”

Ao percorrer o caminho nos é dito que precisamos aprender a conciliar o auto-esquecimento com a atenção ao nosso eu exterior. Este aparente paradoxo, que encerra uma equação importante a ser resolvida por todo o aprendiz, é assim descrito por HPB:

“[E]le descobre que seus instrutores não encorajam seus voos ardentes de sentimento, seu anseio pelo Infinito que o faz esquecer de tudo - no plano externo e factual de sua vida e sua consciência. Pelo menos, se não eliminam seu entusiasmo, eles lhe apontam, como primeira e indispensável tarefa, vencer e controlar seu corpo.”

Em vez de ser convidado a viver no meio do incenso e das ilusões de alturas diáfanas, o verdadeiro instrutor, ou o ensinamento autêntico, dirige a atenção do aspirante para o momento presente, para a importância de cada pensamento, sentimento e ação.

HPB comenta:

“Toda a sua atenção e vigilância são requeridas no plano exterior; ele não deve nunca se esquecer de si mesmo, nunca descuidar de seu corpo, sua mente, seu cérebro. Ele deve aprender a controlar a expressão de cada detalhe, verificar a ação de cada músculo, dominar o mais leve movimento involuntário. A vida diária à sua volta e dentro dele mesmo é assinalada como objeto do seu estudo e da sua observação.”

Por outro lado, o estudante sabe interiormente o que está presente no ensinamento: que só o desapego e o auto-esquecimento em prol de um trabalho e esforço altruísta lhe permitem escapar do perigo que se oculta no orgulho e egoísmo espiritual.

NOTAS:

[1]  “O Dhammapada”,  Capítulo  Seis, versículo 5. A obra completa constitui uma seção temática independente em  www.FilosofiaEsoterica.com .

[2] “O Grande Paradoxo”, artigo de H. P. Blavatsky que pode ser encontrado na Lista de Textos por Ordem Alfabética em www.FilosofiaEsoterica.com .


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A Universidade no Brasil

Superstição Doutoral Produz Estagnação Mental

Lima Barreto

Affonso Lima Barreto (1881-1922)

Nota dos Editores:

Reproduzimos a seguir trechos de um artigo publicado pela primeira vez no Rio de Janeiro em 1920 e reproduzido em 1953 no volume “Feiras e Mafuás”, de Lima Barreto, Editora Mérito, São Paulo e Rio de Janeiro, pp. 109-112.

O valor do texto não está na ideia irônica de combater a universidade brasileira em si. Neste ponto Lima Barreto exagerou: a Universidade deve ser valorizada e fortalecida.  O artigo é válido no século 21 devido à sua crítica aos aspectos negativos da universidade atual. Entre eles está a falta de um estímulo suficientemente forte ao pensamento independente e criativo, circunstância que gera uma epidemia de diplomas de faz-de-conta.  

A franqueza radical com que escreve Lima Barreto é um exercício de liberdade criativa: o pensador profundo questiona tudo, e a universidade deve ser um espaço de questionamento e auto-questionamento.

A ortografia foi atualizada. Em dois ou três casos, palavras hoje em desuso foram substituídas por termos atuais. Título original do texto: “A Universidade”. Omissões de trechos de pouco interesse são assinaladas por reticências colocadas entre parênteses.

A Universidade no Brasil – Lima Barreto

Voltam os jornais a falar que é intenção do atual governo criar nesta cidade uma Universidade. Não se sabe bem por que e a que ordem de necessidades vem atender semelhante criação. Não é novo o propósito e de quando em quando, ele surge nas folhas, sem que nada o justifique e sem que venha remediar o mal profundo do nosso chamado ensino superior.

Recordação da Idade Média, a Universidade só pode ser compreendida naquele tempo de reduzida atividade técnica e científica, a ponto de,  nos cursos de suas vetustas instituições de ensino, entrar no estudo de música e creio mesmo a simples aritmética.

Não é possível, hoje, aqui no Brasil, onde essa tradição universitária chegou tão diluída, criar semelhante coisa que não obedece ao espírito do nosso tempo

(.....)

O intuito dos propugnadores dessa criação é dotar-nos com um aparelho decorativo, suntuoso, naturalmente destinado a fornecer ao grande mundo festividades brilhantes de colação de grau e sessões solenes.

Nada mais parece que seja o intuito da  construção da nossa Universidade. (.....) O ensino primário tem inúmeros defeitos, o secundário maiores, mas o superior, sendo o menos útil e o mais aparatoso, tem o defeito essencial de criar ignorantes com privilégios marcados em lei, o que não acontece com os dois outros.

Esses privilégios (.....) fazem que as escolas superiores fiquem cheias de uma porção de rapazes, alguns às vêzes mesmo inteligentes, que, não tendo nenhuma vocação para as profissões em que simulam estar, só têm em vista fazer exame, passar nos anos, obter diplomas, seja como for, a fim de conseguirem boas colocações no mandarinato nacional e ficarem cercados do ingênuo respeito com que o povo tolo cerca o doutor.

(.....)

A nossa superstição doutoral admite abusos que, bem examinados, são de fazer rir. (.....) Um estudo nesse sentido exigiria um trabalho minucioso de exame de textos de leis e regulamentos que está acima da minha paciência; mas era bom que alguém tentasse fazê-lo, para mostrar que a doutomania não foi criada pelo povo, nem pela avalanche de estudantes que enche as nossas escolas superiores; mas pelos dirigentes, às vêzes secundários, que a fim de satisfazer preconceitos e imposições de amizade, foram pouco a pouco ampliando os direitos exclusivos do doutor.

Ainda mais. Um dos males decorrentes desta superstição doutoral está na ruindade e na estagnação mental do nosso professorado superior e secundário. (.....) Para que exemplificar? Tudo isto é muito sabido e basta que se fale em geral, para que a indicação de um mal geral não venha a aparecer como despeito e ataque pessoal.

A Universidade, coisa sobremodo obsoleta, não vem curar o mal do nosso ensino que viu passar todo um século de grandes descobertas e especulações mentais de tôda a sorte, sem trazer, por qualquer dos que o versavam, um quinhão por mínimo que fôsse.

O caminho é outro; é a emulação.   

(13 de Março de 1920)

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Cinema Discute Leon Tolstoi
“A Última Estação” Mostra o Dilema Final do Escritor Russo



O DVD de “A Última Estação”


O filme “A Última Estação”, que conta com bom elenco, foi bem dirigido e fácil de obter em locadoras ou através do website da Livraria Cultura, narra o último ano de vida Leon Tolstoi. Discípulo leigo dos Mestres de Sabedoria, considerado um teosofista por H. P. Blavatsky, Tolstoi é um dos maiores clássicos da literatura de todos os tempos.

Embora não haja muito de filosófico no filme, alguns elementos estão presentes. O mérito maior da história está em retratar o exemplo de vida de Tolstoi, mostrando aspectos nítidos da sua proposta de ação comunitária. São abordados os desafios e provações familiares que ocorrem com alguma frequência entre buscadores sinceros da sabedoria universal. Também mostra suas dificuldades com o governo czarista, e faz uma boa reconstituição histórica.

Descontadas as inevitáveis concessões para a viabilização do filme como evento comercial, na forma de superficialidades, eis aí um filme eficiente e uma obra de arte a ser vista com interesse pelos leitores de H. P. Blavatsky. É um retrato, vívido ainda que parcial, do que havia de melhor na Rússia e no mundo cerca de cem anos atrás. É uma fotografia do povo russo, em que nasceu Helena Blavatsky, e um estudo desconcertante sobre o paradoxo que há entre o eu superior e o eu inferior. Tolstoi morreu enfrentando o conflito pessoal entre o ideal universalista e superior da vida comunitária e o amor e o apego às riquezas materiais e aos laços de família.  

As Almas Gêmeas e a Teosofia

Pergunta:

Fala-se muito hoje em “almas gêmeas”. O que a teosofia tem a dizer a respeito?

Comentário:

O conceito de alma gêmea, tal como vem sendo usado, parece ser uma noção sobretudo emocional.  A ideia expressa a expectativa intensa, mas irrealista, de formar um casal onde não haja dificuldades de relacionamento. Ora, onde há vida, deve haver dificuldades e lições a aprender. Assim, a ideia de alma gêmea como símbolo de um relacionamento de casal em que não haja coisas a melhorar não corresponde à realidade. Todo casal é fonte de testes e lições.

Num plano mais profundo,  a ideia de alma gêmea aponta para uma harmonia, vinda de vidas anteriores, em que não há desgaste desnecessário na interação entre duas individualidades.  
Ainda assim o conceito é imperfeito, porque neste contexto a ideia de “gêmeo” parece implicar que as almas têm a mesma idade. Na esmagadora maioria dos casos,  quando predomina a harmonia na relação entre duas almas, uma delas é mais experiente que a outra. E isso ocorre também no caso de um casal, e  em qualquer outra instância de convívio, seja no plano familiar, profissional ou teosófico. A relação entre avós e netos, por exemplo, é das mais harmoniosas. 

Deste modo, a expressão alma gêmea  revela não ter uma base filosófica sólida. Ela parece indicar sobretudo a busca da harmonia nos relacionamentos, e a fantasia emocional de que “alguém será o eco gêmeo das minhas aspirações”. 

Isso não existe.  Cada alma é única.  Uma alma imortal tem o seu próprio carma e dharma, e eles são  irrepetíveis.  A responsabilidade diante da vida é individual.  A harmonia interna (não externa) deve ser buscada com todas as esferas da vida e em relação a todos os seres, e não em relação a um ser apenas. A filosofia esotérica é uma filosofia de amor à vida. No casal, a felicidade é profunda quando ambos se colocam criativamente a serviço da vida, e, neste processo, geram mais vida.

Cabe observar, ainda, que em “A Doutrina Secreta” H. P. Blavatsky revela o simbolismo esotérico do signo zodiacal de Gêmeos. Um dos gêmeos é o eu superior, ou alma imortal. O outro é o eu inferior, ou alma emocional.

A Visão de um Pássaro em Voo

 
  
Em 1888, H. P. Blavatsky escreveu uma carta para William Judge contando sobre uma “visão do alto” que havia tido sobre o movimento teosófico, com ajuda do seu mestre.  

Robert Crosbie reproduz as palavras exatas de H. P. B. em seu livro “The Friendly Philosopher”: 

“Antes de ontem, à noite, foi-me dada uma visão de pássaro em voo  sobre as Sociedades Teosóficas. Vi uns poucos teosofistas confiáveis em uma luta de vida ou morte com o mundo em geral, e com outros ― nominalmente  teosofistas,  mas  ambiciosos. Os teosofistas confiáveis eram mais numerosos do que você pode pensar, e eles venceram, assim como vocês na América vencerão, se permanecerem leais ao programa de ação do Mestre e verdadeiros para consigo mesmos”. [1]

Por essa descrição da cena do movimento, fica claro que ele é um campo de testes e de treinamento, onde luzes e sombras se combinam e misturam o tempo todo. Portanto, é melhor, mais honesto e mais saudável poder falar abertamente disso, ao invés de fingir que tudo é feito de harmonia e essências de rosas.

NOTA: 
 [1] “The Friendly Philosopher”, Robert Crosbie,  Theosophy Co., Los Angeles, 1945, 415 pp., ver p. 389.

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O texto acima foi reproduzido da edição de julho de 2007 de “O Teosofista”.

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Ser Incapaz de Derramar Lágrimas
Quando o Indivíduo Transcende Prazer e Dor

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O Teosofista” começou a tradução seriada
de “Luz no Caminho” em sua edição de agosto
de 2011. Interrompida nas edições de junho e
julho de 2012, a série é retomada agora. O trecho
a seguir está nas pp. 34-39 da edição original em
inglês de “Light on the Path”, M. C., Theosophy
Company, Los Angeles. Prossegue agora o comentário
sobre o primeiro Aforismo da obra, que diz: “Antes que
os olhos possam ver, eles devem ser incapazes de lágrimas.”

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A todos aqueles que estão seriamente interessados em Ocultismo, eu digo, em primeiro lugar: “obtenham conhecimento”. A aquele que tem, lhe será dado. É inútil esperar pelo conhecimento. O círculo do Tempo se fechará diante de você e em tempos futuros você ficará sem poder nascer e sem força. Digo, portanto, aos que têm fome ou sede de conhecimento: “prestem atenção a estas regras”. 

Nenhuma delas foi criada ou inventada por mim. Elas são apenas a expressão de leis da natureza superior. Elas colocam em palavras verdades que são tão absolutas em suas próprias esferas quanto as leis que governam a conduta da Terra e da sua atmosfera.

Os sentidos de que se fala nestas quatro afirmativas [1] são os sentidos astrais, ou internos.

Nenhum ser humano deseja a luz que ilumina a alma não-espacial, enquanto a dor, o sofrimento e o desespero não o arrancaram da vida da humanidade comum. Primeiro é o prazer que se esgota; depois, a dor é vivida até que ela chega ao fim; então os seus olhos se tornam finalmente incapazes de lágrimas.

O que se segue é óbvio, embora eu saiba muito bem que será recebido com um desmentido veemente por muitos que estão em simpatia com ideias surgidas da vida interna. O ato de ver com o sentido da vista astral é uma forma de atividade inicialmente de difícil compreensão para nós. O cientista sabe que um milagre é realizado cada vez que uma criança nasce no mundo, desenvolve a visão através dos olhos e consegue comandá-la através do cérebro. Um milagre equivalente acontece com cada um dos sentidos, sem dúvida; mas este controle da visão talvez seja o esforço mais estupendo. A criança o faz quase inconscientemente, pela força hereditária do hábito. Ninguém é consciente, na vida adulta, de que alguma vez o tenha feito. Do mesmo modo, não podemos lembrar os movimentos que nos permitiram, por exemplo, subir uma montanha, um ano atrás. Isso decorre do fato de que nós nos movimentamos, vivemos e temos o nosso ser na matéria. Nosso conhecimento a respeito do mundo material se tornou intuitivo.

O que acontece com a nossa vida astral é muito diferente. Desde há longas eras o ser humano tem dado muito pouca atenção a ela; tão pouca atenção que praticamente perdeu o uso dos sentidos astrais. É verdade que em cada civilização a estrela brilha de novo e o ser humano confessa, de modo mais ou menos tolo e confuso, que tem consciência de existir. Mas com muita frequência ele nega o fato. E, ao ser materialista, o ser humano se torna algo estranho, um ser que não pode ver a sua própria luz. Ele passa a ser uma coisa viva que não quer viver, um animal astral que tem olhos, e ouvidos, e a fala, e energia, e no entanto não quer usar nenhum destes dons. Este é um fato. O hábito da ignorância está tão estabelecido que atualmente ninguém vê com a visão interna enquanto o sofrimento não fez com que os olhos físicos sejam incapazes de ver, e enquanto ele não fez com que o olhos estejam destituídos de lágrimas, a umidade da vida.

Ser incapaz de derramar lágrimas é ter enfrentado e vencido a simples natureza humana, e ter alcançado um equilíbrio que não pode ser abalado por emoções pessoais. Isso não implica nenhuma dureza ou indiferença de coração. O fato não significa que não haja dor, como acontece quando a alma que sofre parece não ter mais forças para sofrer intensamente; não significa que haja a insensibilidade típica da velhice, quando a emoção se torna entorpecida porque as cordas que vibram com ela estão gastas. Nenhuma destas condições é adequada para um discípulo, e se qualquer uma delas existir nele, ela terá que ser superada antes que ele possa ingressar no caminho. A dureza de coração é uma característica do homem egoísta, do egocêntrico, para quem o portal está sempre fechado. A indiferença é patrimônio do tolo e do falso filósofo. A indecisão os torna simples marionetes, por que não têm a força necessária para encarar as realidades da existência. Quando se desgasta a intensidade maior da dor e do sofrimento, o resultado é uma letargia semelhante àquela que acompanha a idade avançada, tal como na experiência usual de homens e mulheres. Uma situação como esta torna impossível o ingresso no caminho, porque nele o primeiro passo é difícil e só pode ser dado por um indivíduo forte, cheio de vigor psíquico e físico.   

É verdade que, como disse Edgar Allan Poe, os olhos são as janelas da alma; as janelas do palácio mal assombrado no qual ela vive. Esta é a expressão mais próxima possível, em linguagem comum, do significado do texto. Se a aflição, o desânimo, a decepção ou o prazer podem abalar a alma fazendo-a perder o contato com o calmo espírito que a inspira e derramando a umidade da vida, e mergulhando o conhecimento na sensação, então tudo fica confuso, as janelas são escurecidas e a luz se torna inútil. Isso é tão literalmente verdadeiro quanto o fato de que se um homem estiver na beira de um precipício e perder sua calma devido a alguma forte emoção, certamente cairá. O equilíbrio do corpo, deve ser preservado, não só em lugares perigosos, mas também em solo firme, e com toda a ajuda que a Natureza nos dá através da lei da gravidade.

O mesmo ocorre com a alma; ela é o elo entre o corpo externo e o espírito brilhante como uma estrela que está mais além. A centelha divina existe no espaço estável em que nenhuma convulsão da Natureza pode sacudir o ar; e isso ocorre sempre. Mas alma pode perder o seu contato com este espaço, e pode perder o seu conhecimento disso, apesar de estes dois fatores serem parte de um único todo; e é pela emoção, pela sensação, que este contato é perdido.

Experimentar prazer ou dor causa uma vibração intensa que é, para a consciência do ser humano, vida. Esta sensibilidade não diminui quando o discípulo começa o auto-treinamento; ela aumenta. Este é o primeiro teste para a sua força. Ele deve sofrer, desfrutar ou suportar mais agudamente que os outros seres humanos, ao mesmo tempo que escolheu para si um dever que não existe para os outros, o dever de não deixar que o sofrimento o afaste do seu propósito firme. 

Na verdade, já no primeiro passo ele deve tomar as rédeas de si mesmo e colocar-se um limite: e só ele pode fazer isso.


NOTA:

[1] O presente fragmento faz parte do comentário ao primeiro dos quatro aforismos iniciais da Parte I de “Luz no Caminho”.

Novos Textos em FilosofiaEsoterica.com       

Este é o relatório de   www.FilosofiaEsoterica.com  e  websites associados, válido para 13 de agosto.

O total de textos e áudios em língua portuguesa é de 667 itens. Em inglês, são 368.  Em espanhol, 29. O conjunto dos três idiomas soma 1064 itens.

Lista de textos novos colocados nos websites associados, no período entre 8 de julho e 13 de agosto de 2012:

(Textos mais recentes acima)

1) Filosofia de Vida e Estabilidade - Robert Crosbie
2) The Real H. P. Blavatsky - William Kingsland
3) The Teachings of Plato - Alexander Wilder
4) Life and Writings of John Garrigues - Carlos Cardoso Aveline
5) The Hour of Need - John Garrigues
6) A Motivação Correta - John Garrigues
7) The Right Motive - John Garrigues
8) Paz, Conflito e Fraternidade - Carlos Cardoso Aveline
9) Between the Lines - John Garrigues
10) The First Step To Take - John Garrigues
11) Auto-Sacrifício Traz Felicidade? - Carlos Cardoso Aveline
12) A Book of Quotations - Robert Crosbie
13) Faith in God Is a Superstition - A Mahatma of the Himalayas
14) La Fuerza de un Compromiso Sagrado - Carlos Cardoso Aveline
15) Onze Aforismos da Tradição Judaica - Carlos Cardoso Aveline
16) A Força de Um Compromisso Sagrado - Carlos Cardoso Aveline
17) The Aquarian Theosophist, July 2012
18) A Arte da Estratégia - Carlos Cardoso Aveline
19) A Essência do Movimento Teosófico - Carlos Cardoso Aveline
20) O Espírito da Revolução Farroupilha - J. P. Coelho de Souza
21) Self-Contentment in Theosophy - The Theosophical Movement
22) The Yoga Aphorisms of Patanjali - William Q. Judge
23) Sabedoria, Felicidade e Contentamento - The Theosophical Movement
24) A Teosofia na Origem do Rio Grande - Carlos Cardoso Aveline
25) Two Schools of Occultism - A Mahatma of the Himalayas
26) Os Teosofistas Podem Reunificar-se? - The Theosophical Movement
27) The Etheric Double? - Geoffrey A. Farthing
28) A Borboleta, Símbolo da Alma - Carlos Cardoso Aveline
29) Boletim O TEOSOFISTA, Julho de 2012
30) Transcending Organized Delusion - Carlos Cardoso Aveline


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O Teosofista 
Notas e Informações Sobre Teosofia e o Movimento Esotérico
Ano VI, Número 63, Agosto de 2012. O Teosofista é o boletim eletrônico mensal do website  www.FilosofiaEsoterica.com .  Entre em contato com os editores e faça perguntas e sugestões pelo e-mail: lutbr@terra.com.br .

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Em 13 de agosto de 2012 19:32, Régis Alves de Souza <realso.sc@gmail.com> escreveu:
 
Caros Amigos e Irmãos:  Estamos distribuindo em Anexo, em Word, em nome de  www.FilosofiaEsoterica.com  e seus websites associados,  a edição deste mês do boletim eletrônico  O TEOSOFISTA

Em nota, os editores informam:

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A edição de agosto abre com um texto sobre a busca do equilíbrio no caminho  que leva o peregrino para o alto. Nas páginas 4 e 5, um texto ácido do escritor brasileiro clássico Lima Barreto questiona a universidade brasileira. A edição prossegue com uma nota sobre um filme dedicado à vida do escritor Leon Tolstoi,  um breve exame da ideia de Almas Gêmeas do ponto de vista teosófico, e um estudo da obra “Luz no Caminho” sobre o que ocorre quando uma alma espiritualmente experiente “deixa de derramar lágrimas”. Além disso,  “O TEOSOFISTA” reproduz a visão “de voo de pássaro” de Helena Blavatsky sobre o movimento esotérico moderno, e, para encerrar, a lista de novos títulos em nossos websites.

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A reprodução de “O TEOSOFISTA” é livre, uma vez que seja feita na íntegra e seja citada a sua fonte, o website  www.FilosofiaEsoterica.com.

Convidamos nossos leitores a visitarem os sites   www.TeosofiaOriginal.com  e  www.VislumbresdaOutraMargem.com .  Os interessados em um estudo diário da filosofia esotérica original devem escrever a  lutbr@terra.com.br ,  perguntando como é possível acompanhar o trabalho do e-grupo  SerAtento.   

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http://filosofiaesoterica.com/ler.php?id=1500#.UCpPcJ1lTgw