Caros Amigos e Irmãos: Estamos distribuindo em
Anexo, em Word, em nome de www.FilosofiaEsoterica.com
e seus websites associados, a edição deste mês do boletim
eletrônico O TEOSOFISTA. Em nota, os editores
informam:
A edição de agosto abre com um texto sobre a busca
do equilíbrio no caminho que leva o peregrino para o alto. Nas páginas 4
e 5, um texto ácido do escritor brasileiro clássico Lima Barreto questiona a
universidade brasileira. A edição prossegue com uma nota sobre um filme
dedicado à vida do escritor Leon Tolstoi, um breve exame da ideia de Almas
Gêmeas do ponto de vista teosófico, e um estudo da obra “Luz no Caminho”
sobre o que ocorre quando uma alma espiritualmente experiente “deixa de
derramar lágrimas”. Além disso, “O TEOSOFISTA” reproduz a
visão “de voo de pássaro” de Helena Blavatsky sobre o movimento
esotérico moderno, e, para encerrar, a lista de novos títulos em nossos
websites.
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A reprodução de “O TEOSOFISTA” é
livre, uma vez que seja feita na íntegra e seja citada a sua fonte, o
website www.FilosofiaEsoterica.com.
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Boletim O TEOSOFISTA, Agosto 2012
O Teosofista
Notas e Informações Sobre Teosofia e o Movimento Esotérico
Ano VI -
Número 63 - Edição de Agosto de 2012
Å
“Nenhum ser
humano deseja a luz que ilumina
a alma
não-espacial, enquanto a dor, o sofrimento e o
desespero
não o arrancaram da vida da humanidade comum.”
(Luz no
Caminho)
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A Busca do
Equilíbrio
A Vida Como
um Campo de Aprendizado
Joaquim
Soares
Uma
Paisagem dos Himalaias, em quadro de Nicholas Roerich
Os picos
nevados erguem-se no horizonte de todo caminhante destemido. Alcançá-los é a
meta de cada peregrino. Eles representam o ponto de equilíbrio entre o céu a
terra, o lugar da paz.
Não
são os caminhos atapetados de verde e cobertos de flores que levam o estudante
montanha acima. Estes apenas circulam o vale, e o mantêm confinado a horizontes
limitados. Para prosseguir em direção ao ideal vislumbrado o caminhante precisa
escolher corajosamente aquele caminho estreito e rochoso, o único que
verdadeiramente se dirige para o alto.
Disposto
a seguir adiante a qualquer custo, o estudante dá os primeiros passos e aprende
que são as dificuldades do trajeto que o tornarão mais forte e mais sábio e que
são as pedras no caminho que lhe mostrarão as suas debilidades a serem
vencidas. Por isso, as dificuldades e os testes, ao invés de serem motivo de
desânimo, surgem no coração do aprendiz como um estímulo e uma garantia de que
está no caminho certo. O caminho não é fácil, mas todo o universo trabalha a
seu favor, desde que o ideal permaneça elevado, o coração puro, e a atenção
desperta.
A
vida passa a ser vista como um vasto campo de aprendizado e, frequentemente, as
maiores lições e oportunidades de crescimento surgem nas aparentes
insignificâncias da vida quotidiana. Ele vai desenvolvendo o seu discernimento
e vai aprendendo sobre o valor das coisas realmente importantes.
Apesar
dos erros e das quedas ele se ergue uma vez após outra, e prossegue,
internamente alegre por seguir a voz da sua consciência.
Há
um pequeno verso no Dhammapada que ensina o seguinte:
“Quem
faz canais de irrigação conduz as águas. Os flecheiros dão forma às
flechas. Os carpinteiros dão forma à madeira. Os sábios disciplinam a si
mesmos.” [1]
Aquele
que persiste, sem nunca desistir, no esforço do “autoconhecimento, autocontrole
e auto-respeito”, prossegue confiante no fato de que a vitória o espera.
Examinar
as nossas intenções profundas, avaliar os desafios diante de nós e as nossas
forças, planejar e avançar com bom senso, procurar desperdiçar cada vez menos
energia e agir construtivamente, são fatores decisivos. Nada disto é
instantâneo, como nada o é no caminho verdadeiro, mas sempre pequenas
aproximações e conquistas vão sendo alcançadas.
Há
dimensões da caminhada e do aprendizado que merecem nossa reflexão contínua.
Todo ensinamento autêntico encerra mais do que um significado. À medida que
caminhamos e vamos vivenciando o ensinamento, a nossa compreensão aumenta, e
vamos, aos poucos, penetrando nos seus níveis mais profundos - não sem que essa
compreensão seja testada no campo probatório da vida.
O
que começa por ser uma compreensão intelectual, a seu tempo e dependendo do
esforço e do ritmo de cada um, passa a ser uma compreensão vivencial. Várias
vezes parecerá que já compreendemos o que nos é ensinado, até que as
circunstâncias da vida, o modo e a perspectiva que adotamos diante dos dilemas
da existência nos mostram que há muito a aprender ainda.
Por
outro lado, às vezes nos sentimos colocados diante de posições contraditórias.
Compreender e resolver as contradições é algo fundamental no percurso de cada
aspirante ao discipulado.
Como
diz HPB, “o paradoxo parece ser a linguagem natural do Ocultismo”.
“O
caminho se faz ao andar ”, diz o poeta. No seu texto “O Grande Paradoxo”, H.P.
Blavatsky escreve:
“Os
paradoxos do ocultismo devem ser vividos, não falados apenas. Aqui reside um
grande perigo, porque é muito fácil perder-se na contemplação intelectual do
caminho, e assim esquecer-se de que a estrada só pode ser conhecida quando se
caminha por ela.” [2]
No
mesmo texto, HPB diz que logo no início do caminho o estudante é confrontado
com um dilema sério:
“Ele
aprende que o alfa e o ômega, o começo e o final da vida é
altruísmo; e ele sente a verdade da afirmação de que somente na profunda
inconsciência do auto-esquecimento a verdade e a realidade do ser podem
revelar-se ao seu coração sedento. O estudante aprende que esta é a lei única
do ocultismo, ao mesmo tempo a ciência e a arte do viver, o guia para a meta
que ele deseja alcançar.”
Ao
percorrer o caminho nos é dito que precisamos aprender a conciliar o
auto-esquecimento com a atenção ao nosso eu exterior. Este aparente paradoxo,
que encerra uma equação importante a ser resolvida por todo o aprendiz, é assim
descrito por HPB:
“[E]le
descobre que seus instrutores não encorajam seus voos ardentes de sentimento,
seu anseio pelo Infinito que o faz esquecer de tudo - no plano externo e
factual de sua vida e sua consciência. Pelo menos, se não eliminam seu
entusiasmo, eles lhe apontam, como primeira e indispensável tarefa, vencer
e controlar seu corpo.”
Em
vez de ser convidado a viver no meio do incenso e das ilusões de alturas
diáfanas, o verdadeiro instrutor, ou o ensinamento autêntico, dirige a atenção
do aspirante para o momento presente, para a importância de cada pensamento,
sentimento e ação.
HPB
comenta:
“Toda
a sua atenção e vigilância são requeridas no plano exterior; ele não deve nunca
se esquecer de si mesmo, nunca descuidar de seu corpo, sua mente, seu cérebro.
Ele deve aprender a controlar a expressão de cada detalhe, verificar a ação de
cada músculo, dominar o mais leve movimento involuntário. A vida diária à sua
volta e dentro dele mesmo é assinalada como objeto do seu estudo e da sua
observação.”
Por
outro lado, o estudante sabe interiormente o que está presente no ensinamento:
que só o desapego e o auto-esquecimento em prol de um trabalho e esforço
altruísta lhe permitem escapar do perigo que se oculta no orgulho e egoísmo
espiritual.
NOTAS:
[1] “O Dhammapada”,
Capítulo Seis, versículo 5. A obra completa constitui uma seção
temática independente em www.FilosofiaEsoterica.com .
[2] “O Grande Paradoxo”, artigo de H. P.
Blavatsky que pode ser encontrado na Lista de Textos por Ordem
Alfabética em www.FilosofiaEsoterica.com .
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A
Universidade no Brasil
Superstição
Doutoral Produz Estagnação Mental
Lima Barreto
Affonso
Lima Barreto (1881-1922)
Nota dos Editores:
Reproduzimos
a seguir trechos de um artigo publicado pela primeira vez no Rio de Janeiro em
1920 e reproduzido em 1953 no volume “Feiras e Mafuás”, de Lima Barreto,
Editora Mérito, São Paulo e Rio de Janeiro, pp. 109-112.
O
valor do texto não está na ideia irônica de combater a universidade brasileira
em si. Neste ponto Lima Barreto exagerou: a Universidade deve ser
valorizada e fortalecida. O artigo é válido no século 21 devido à sua
crítica aos aspectos negativos da universidade atual. Entre eles está a
falta de um estímulo suficientemente forte ao pensamento independente e
criativo, circunstância que gera uma epidemia de diplomas de faz-de-conta.
A
franqueza radical com que escreve Lima Barreto é um exercício de liberdade
criativa: o pensador profundo questiona tudo, e a universidade deve ser um
espaço de questionamento e auto-questionamento.
A
ortografia foi atualizada. Em dois ou três casos, palavras hoje em desuso foram
substituídas por termos atuais. Título original do texto: “A Universidade”. Omissões
de trechos de pouco interesse são assinaladas por reticências colocadas
entre parênteses.
A Universidade no Brasil – Lima Barreto
Voltam os
jornais a falar que é intenção do atual governo criar nesta cidade uma
Universidade. Não se sabe bem por que e a que ordem de necessidades vem atender
semelhante criação. Não é novo o propósito e de quando em quando, ele surge nas
folhas, sem que nada o justifique e sem que venha remediar o mal profundo do
nosso chamado ensino superior.
Recordação
da Idade Média, a Universidade só pode ser compreendida naquele tempo de
reduzida atividade técnica e científica, a ponto de, nos
cursos de suas vetustas instituições de ensino, entrar no estudo de música e
creio mesmo a simples aritmética.
Não
é possível, hoje, aqui no Brasil, onde essa tradição universitária chegou tão
diluída, criar semelhante coisa que não obedece ao espírito do nosso tempo
(.....)
O
intuito dos propugnadores dessa criação é dotar-nos com um aparelho decorativo,
suntuoso, naturalmente destinado a fornecer ao grande mundo festividades
brilhantes de colação de grau e sessões solenes.
Nada
mais parece que seja o intuito da construção da nossa Universidade.
(.....) O ensino primário tem inúmeros defeitos, o secundário maiores, mas
o superior, sendo o menos útil e o mais aparatoso, tem o defeito essencial de
criar ignorantes com privilégios marcados em lei, o que não acontece com os
dois outros.
Esses
privilégios (.....) fazem que as escolas superiores fiquem cheias de uma porção
de rapazes, alguns às vêzes mesmo inteligentes, que, não tendo nenhuma
vocação para as profissões em que simulam estar, só têm em vista fazer exame,
passar nos anos, obter diplomas, seja como for, a fim de conseguirem boas
colocações no mandarinato nacional e ficarem cercados do ingênuo respeito com
que o povo tolo cerca o doutor.
(.....)
A
nossa superstição doutoral admite abusos que, bem examinados, são de fazer rir.
(.....) Um estudo nesse sentido exigiria um trabalho minucioso de exame de
textos de leis e regulamentos que está acima da minha paciência; mas era bom
que alguém tentasse fazê-lo, para mostrar que a doutomania não foi criada pelo
povo, nem pela avalanche de estudantes que enche as nossas escolas superiores;
mas pelos dirigentes, às vêzes secundários, que a fim de satisfazer
preconceitos e imposições de amizade, foram pouco a pouco ampliando os direitos
exclusivos do doutor.
Ainda
mais. Um dos males decorrentes desta superstição doutoral está na ruindade e na
estagnação mental do nosso professorado superior e secundário. (.....) Para que
exemplificar? Tudo isto é muito sabido e basta que se fale em geral, para que a
indicação de um mal geral não venha a aparecer como despeito e ataque pessoal.
A
Universidade, coisa sobremodo obsoleta, não vem curar o mal do nosso ensino que
viu passar todo um século de grandes descobertas e especulações mentais de tôda
a sorte, sem trazer, por qualquer dos que o versavam, um quinhão por mínimo que
fôsse.
O
caminho é outro; é a emulação.
(13
de Março de 1920)
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Cinema
Discute Leon Tolstoi
“A Última
Estação” Mostra o Dilema Final do Escritor Russo
O
DVD de “A Última Estação”
O filme
“A Última Estação”, que conta com bom elenco, foi bem dirigido e fácil de obter
em locadoras ou através do website da Livraria Cultura, narra o último ano de
vida Leon Tolstoi. Discípulo leigo dos Mestres de Sabedoria, considerado
um teosofista por H. P. Blavatsky, Tolstoi é um dos maiores
clássicos da literatura de todos os tempos.
Embora
não haja muito de filosófico no filme, alguns elementos estão presentes. O
mérito maior da história está em retratar o exemplo de vida de Tolstoi,
mostrando aspectos nítidos da sua proposta de ação comunitária. São abordados
os desafios e provações familiares que ocorrem com alguma frequência entre
buscadores sinceros da sabedoria universal. Também mostra suas dificuldades com
o governo czarista, e faz uma boa reconstituição histórica.
Descontadas
as inevitáveis concessões para a viabilização do filme como evento comercial,
na forma de superficialidades, eis aí um filme eficiente e uma obra de arte a
ser vista com interesse pelos leitores de H. P. Blavatsky. É um retrato,
vívido ainda que parcial, do que havia de melhor na Rússia e no mundo
cerca de cem anos atrás. É uma fotografia do povo russo, em que nasceu
Helena Blavatsky, e um estudo desconcertante sobre o paradoxo que há entre o eu
superior e o eu inferior. Tolstoi morreu enfrentando o conflito pessoal entre o
ideal universalista e superior da vida comunitária e o amor e o apego às
riquezas materiais e aos laços de família.
As Almas
Gêmeas e a Teosofia
Pergunta:
Fala-se
muito hoje em “almas gêmeas”. O que a teosofia tem a dizer a respeito?
Comentário:
O
conceito de alma gêmea, tal como vem sendo usado, parece ser uma
noção sobretudo emocional. A ideia expressa a expectativa intensa, mas
irrealista, de formar um casal onde não haja dificuldades de relacionamento.
Ora, onde há vida, deve haver dificuldades e lições a aprender. Assim, a ideia
de alma gêmea como símbolo de um relacionamento de casal em que não haja coisas
a melhorar não corresponde à realidade. Todo casal é fonte de testes e
lições.
Num
plano mais profundo, a ideia de alma gêmea aponta para
uma harmonia, vinda de vidas anteriores, em que não há desgaste desnecessário
na interação entre duas individualidades.
Ainda
assim o conceito é imperfeito, porque neste contexto a ideia de “gêmeo” parece
implicar que as almas têm a mesma idade. Na esmagadora maioria dos casos,
quando predomina a harmonia na relação entre duas almas, uma delas é mais
experiente que a outra. E isso ocorre também no caso de um casal, e em
qualquer outra instância de convívio, seja no plano familiar, profissional ou
teosófico. A relação entre avós e netos, por exemplo, é das mais
harmoniosas.
Deste
modo, a expressão alma gêmea revela não ter uma base
filosófica sólida. Ela parece indicar sobretudo a busca da
harmonia nos relacionamentos, e a fantasia emocional de que “alguém será o eco
gêmeo das minhas aspirações”.
Isso
não existe. Cada alma é única. Uma alma imortal tem o seu próprio
carma e dharma, e eles são irrepetíveis. A responsabilidade diante
da vida é individual. A harmonia interna (não externa) deve ser buscada
com todas as esferas da vida e em relação a todos os seres, e não em relação a
um ser apenas. A filosofia esotérica é uma filosofia de amor à vida. No
casal, a felicidade é profunda quando ambos se colocam criativamente a serviço
da vida, e, neste processo, geram mais vida.
Cabe
observar, ainda, que em “A Doutrina Secreta” H. P. Blavatsky revela o
simbolismo esotérico do signo zodiacal de Gêmeos. Um dos gêmeos é o eu
superior, ou alma imortal. O outro é o eu inferior, ou alma
emocional.
A Visão de
um Pássaro em Voo
Em 1888, H.
P. Blavatsky escreveu uma carta para William Judge contando sobre uma “visão do
alto” que havia tido sobre o movimento teosófico, com ajuda do seu mestre.
Robert
Crosbie reproduz as palavras exatas de H. P. B. em seu livro “The Friendly
Philosopher”:
“Antes
de ontem, à noite, foi-me dada uma visão de pássaro em voo sobre as
Sociedades Teosóficas. Vi uns poucos teosofistas confiáveis em uma luta de vida
ou morte com o mundo em geral, e com outros ― nominalmente
teosofistas, mas ambiciosos. Os teosofistas confiáveis eram mais
numerosos do que você pode pensar, e eles venceram, assim como vocês na América
vencerão, se permanecerem leais ao programa de ação do Mestre e verdadeiros
para consigo mesmos”. [1]
Por
essa descrição da cena do movimento, fica claro que ele é um campo de testes e
de treinamento, onde luzes e sombras se combinam e misturam o tempo todo.
Portanto, é melhor, mais honesto e mais saudável poder falar abertamente disso,
ao invés de fingir que tudo é feito de harmonia e essências de rosas.
NOTA:
[1] “The Friendly Philosopher”,
Robert Crosbie, Theosophy Co., Los Angeles, 1945, 415 pp., ver p. 389.
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O
texto acima foi reproduzido da edição de julho de 2007 de “O Teosofista”.
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Ser Incapaz
de Derramar Lágrimas
Quando o
Indivíduo Transcende Prazer e Dor
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“O
Teosofista” começou a tradução seriada
de “Luz no
Caminho” em sua edição de agosto
de 2011.
Interrompida nas edições de junho e
julho de
2012, a série é retomada agora. O trecho
a seguir
está nas pp. 34-39 da edição original em
inglês de “Light
on the Path”, M. C., Theosophy
Company, Los
Angeles. Prossegue agora o comentário
sobre o
primeiro Aforismo da obra, que diz: “Antes que
os olhos
possam ver, eles devem ser incapazes de lágrimas.”
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A todos
aqueles que estão seriamente interessados em Ocultismo, eu digo, em primeiro
lugar: “obtenham conhecimento”. A aquele que tem, lhe será dado. É inútil
esperar pelo conhecimento. O círculo do Tempo se fechará diante de você e em
tempos futuros você ficará sem poder nascer e sem força. Digo, portanto, aos
que têm fome ou sede de conhecimento: “prestem atenção a estas regras”.
Nenhuma
delas foi criada ou inventada por mim. Elas são apenas a expressão de leis da
natureza superior. Elas colocam em palavras verdades que são tão absolutas em
suas próprias esferas quanto as leis que governam a conduta da Terra e da sua
atmosfera.
Os
sentidos de que se fala nestas quatro afirmativas [1] são os
sentidos astrais, ou internos.
Nenhum
ser humano deseja a luz que ilumina a alma não-espacial, enquanto a dor, o
sofrimento e o desespero não o arrancaram da vida da humanidade comum. Primeiro
é o prazer que se esgota; depois, a dor é vivida até que ela chega ao fim;
então os seus olhos se tornam finalmente incapazes de lágrimas.
O
que se segue é óbvio, embora eu saiba muito bem que será recebido com um
desmentido veemente por muitos que estão em simpatia com ideias surgidas da
vida interna. O ato de ver com o sentido da vista astral
é uma forma de atividade inicialmente de difícil compreensão para nós. O
cientista sabe que um milagre é realizado cada vez que uma criança nasce no
mundo, desenvolve a visão através dos olhos e consegue comandá-la através do
cérebro. Um milagre equivalente acontece com cada um dos sentidos, sem
dúvida; mas este controle da visão talvez seja o esforço mais estupendo. A
criança o faz quase inconscientemente, pela força hereditária do
hábito. Ninguém é consciente, na vida adulta, de que alguma vez o tenha
feito. Do mesmo modo, não podemos lembrar os movimentos que nos permitiram, por
exemplo, subir uma montanha, um ano atrás. Isso decorre do fato de que nós nos
movimentamos, vivemos e temos o nosso ser na matéria. Nosso conhecimento a
respeito do mundo material se tornou intuitivo.
O
que acontece com a nossa vida astral é muito diferente. Desde há longas eras o
ser humano tem dado muito pouca atenção a ela; tão pouca atenção que
praticamente perdeu o uso dos sentidos astrais. É verdade que em cada
civilização a estrela brilha de novo e o ser humano confessa, de modo mais ou
menos tolo e confuso, que tem consciência de existir. Mas com muita frequência
ele nega o fato. E, ao ser materialista, o ser humano se torna algo estranho,
um ser que não pode ver a sua própria luz. Ele passa a ser uma coisa viva que
não quer viver, um animal astral que tem olhos, e ouvidos, e a fala, e energia,
e no entanto não quer usar nenhum destes dons. Este é um fato. O hábito da
ignorância está tão estabelecido que atualmente ninguém vê com a visão interna
enquanto o sofrimento não fez com que os olhos físicos sejam incapazes de ver,
e enquanto ele não fez com que o olhos estejam destituídos de lágrimas, a
umidade da vida.
Ser
incapaz de derramar lágrimas é ter enfrentado e vencido a simples natureza
humana, e ter alcançado um equilíbrio que não pode ser abalado por emoções
pessoais. Isso não implica nenhuma dureza ou indiferença de coração. O fato não
significa que não haja dor, como acontece quando a alma que sofre parece não
ter mais forças para sofrer intensamente; não significa que haja a
insensibilidade típica da velhice, quando a emoção se torna entorpecida porque
as cordas que vibram com ela estão gastas. Nenhuma destas condições é adequada
para um discípulo, e se qualquer uma delas existir nele, ela terá que ser
superada antes que ele possa ingressar no caminho. A dureza de coração é uma
característica do homem egoísta, do egocêntrico, para quem o portal está sempre
fechado. A indiferença é patrimônio do tolo e do falso filósofo. A indecisão os
torna simples marionetes, por que não têm a força necessária para encarar as
realidades da existência. Quando se desgasta a intensidade maior da dor e do
sofrimento, o resultado é uma letargia semelhante àquela que acompanha a idade
avançada, tal como na experiência usual de homens e mulheres. Uma situação como
esta torna impossível o ingresso no caminho, porque nele o primeiro passo é
difícil e só pode ser dado por um indivíduo forte, cheio de vigor psíquico e
físico.
É
verdade que, como disse Edgar Allan Poe, os olhos são as janelas da alma; as
janelas do palácio mal assombrado no qual ela vive. Esta é a expressão mais
próxima possível, em linguagem comum, do significado do texto. Se a aflição, o
desânimo, a decepção ou o prazer podem abalar a alma fazendo-a perder o contato
com o calmo espírito que a inspira e derramando a umidade da vida, e
mergulhando o conhecimento na sensação, então tudo fica confuso, as janelas são
escurecidas e a luz se torna inútil. Isso é tão literalmente verdadeiro quanto
o fato de que se um homem estiver na beira de um precipício e perder sua calma
devido a alguma forte emoção, certamente cairá. O equilíbrio do corpo, deve ser
preservado, não só em lugares perigosos, mas também em solo firme, e com toda a
ajuda que a Natureza nos dá através da lei da gravidade.
O
mesmo ocorre com a alma; ela é o elo entre o corpo externo e o espírito
brilhante como uma estrela que está mais além. A centelha divina existe no
espaço estável em que nenhuma convulsão da Natureza pode sacudir o ar; e isso
ocorre sempre. Mas alma pode perder o seu contato com este espaço, e pode
perder o seu conhecimento disso, apesar de estes dois fatores serem parte de um
único todo; e é pela emoção, pela sensação, que este contato é perdido.
Experimentar
prazer ou dor causa uma vibração intensa que é, para a consciência do ser
humano, vida. Esta sensibilidade não diminui quando o discípulo começa o
auto-treinamento; ela aumenta. Este é o primeiro teste para a sua força. Ele
deve sofrer, desfrutar ou suportar mais agudamente que os outros seres
humanos, ao mesmo tempo que escolheu para si um dever que não existe para os
outros, o dever de não deixar que o sofrimento o afaste do seu propósito
firme.
Na
verdade, já no primeiro passo ele deve tomar as rédeas de si mesmo e colocar-se
um limite: e só ele pode fazer isso.
NOTA:
[1] O presente fragmento faz parte do comentário ao
primeiro dos quatro aforismos iniciais da Parte I de “Luz no Caminho”.
Novos Textos
em FilosofiaEsoterica.com
O
total de textos e áudios em língua portuguesa é de 667 itens.
Em inglês, são 368. Em espanhol, 29.
O conjunto dos três idiomas soma 1064 itens.
Lista
de textos novos colocados nos websites associados, no período entre 8 de julho
e 13 de agosto de 2012:
(Textos mais recentes acima)
1) Filosofia
de Vida e Estabilidade - Robert Crosbie
2) The
Real H. P. Blavatsky - William Kingsland
3) The
Teachings of Plato - Alexander Wilder
4) Life
and Writings of John Garrigues - Carlos Cardoso Aveline
5) The Hour
of Need - John Garrigues
6) A
Motivação Correta - John Garrigues
7) The
Right Motive - John Garrigues
8) Paz,
Conflito e Fraternidade - Carlos Cardoso Aveline
9) Between the
Lines - John Garrigues
10) The
First Step To Take - John Garrigues
11) Auto-Sacrifício
Traz Felicidade? - Carlos Cardoso Aveline
12) A
Book of Quotations - Robert Crosbie
13) Faith
in God Is a Superstition - A Mahatma of the Himalayas
14) La
Fuerza de un Compromiso Sagrado - Carlos Cardoso Aveline
15) Onze
Aforismos da Tradição Judaica - Carlos Cardoso Aveline
16) A
Força de Um Compromisso Sagrado - Carlos Cardoso Aveline
17) The
Aquarian Theosophist, July 2012
18) A
Arte da Estratégia - Carlos Cardoso Aveline
19) A
Essência do Movimento Teosófico - Carlos Cardoso Aveline
20) O
Espírito da Revolução Farroupilha - J. P. Coelho de Souza
21) Self-Contentment
in Theosophy - The Theosophical Movement
22) The
Yoga Aphorisms of Patanjali - William Q. Judge
23) Sabedoria,
Felicidade e Contentamento - The Theosophical Movement
24) A
Teosofia na Origem do Rio Grande - Carlos Cardoso Aveline
25) Two
Schools of Occultism - A Mahatma of the Himalayas
26) Os
Teosofistas Podem Reunificar-se? - The Theosophical Movement
27) The
Etheric Double? - Geoffrey A. Farthing
28) A
Borboleta, Símbolo da Alma - Carlos Cardoso Aveline
29) Boletim
O TEOSOFISTA, Julho de 2012
30) Transcending
Organized Delusion - Carlos Cardoso Aveline
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O Teosofista
Notas e Informações Sobre Teosofia e o Movimento Esotérico
0000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000
Caros Amigos e Irmãos: Estamos distribuindo em
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TEOSOFISTA.
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A edição de agosto abre com um texto sobre a busca do
equilíbrio no caminho que leva o peregrino para o alto. Nas páginas 4 e
5, um texto ácido do escritor brasileiro clássico Lima Barreto questiona a
universidade brasileira. A edição prossegue com uma nota sobre um filme
dedicado à vida do escritor Leon Tolstoi, um breve exame da ideia de Almas
Gêmeas do ponto de vista teosófico, e um estudo da obra “Luz no Caminho” sobre
o que ocorre quando uma alma espiritualmente experiente “deixa de derramar
lágrimas”. Além disso, “O TEOSOFISTA” reproduz a visão “de
voo de pássaro” de Helena Blavatsky sobre o movimento esotérico moderno, e,
para encerrar, a lista de novos títulos em nossos websites.
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