domingo, 17 de julho de 2011

Os Animais e a Crise Planetária

O Papel dos Animais no Salvamento de
Vidas Humanas e na Prevenção de Catástrofes
 
 
Joaquim Soares e Magda Lóios
 
 
 
000000000000000000000000000000000
 
O texto a seguir foi publicado
inicialmente  na revista portuguesa “Biosofia”,
n.º37, edição do verão de 2010, Lisboa.
Joaquim Soares e Magda Lóios são editores do
 
000000000000000000000000000000000000000000000000
 
http://3.bp.blogspot.com/_Wso8oon1hgo/TOGCwXnDAFI/AAAAAAAAB9k/DEVtPswbiOA/s1600/Fireman-dog.jpg
 
 
 
Muito antes de terem surgido as diversas organizações de defesa dos direitos dos animais, felizmente tão activas em nossos dias, Helena Blavatsky, fundadora do Movimento Teosófico moderno e pioneira do movimento Ecologista, escrevia num vigoroso texto, em 1883:
 
“Um autêntico AMOR não egoísta, combinado à VONTADE,  é um “poder”  em si mesmo.  Aqueles que amam os animais devem mostrar sua afeição de maneira mais eficiente do que cobrir seus animais com fitas e levá-los para uivar e arranhar nas competições, em busca de prémios.” [1]
 
A nossa civilização ocidental tem uma longa tradição de massacre dos nossos indefesos companheiros mais novos. O hábito da caça, a vivissecção, a experimentação laboratorial, o uso de animais em circo e, por fim, o nosso modo de alimentação carnívoro, são várias das formas cruéis com que lidamos com os animais, num profundo desrespeito pelo seu sofrimento e também pelo carácter sagrado de toda a vida.
 
Criámos uma sociedade tão alienada do mundo natural que muitas das nossas crianças têm dificuldade em perceber que, por exemplo, o leite e os ovos não nascem espontaneamente das prateleiras dos supermercados mas são dádivas de nossos amigos animais.
 
Ter um animal em casa tornou-se um hábito, mas muitas vezes esquecemos que ele viverá connosco, partilhando da nossa vida como um dos nossos familiares, durante 10 ou 20 anos. Passado o fascínio inicial, ou quando é chegada a altura das férias, animais são abandonados aos milhares nas ruas das nossas cidades, condenados a vaguear e a procurar sobreviver num ambiente desconhecido e demasiado hostil para a sua apurada sensibilidade.
 
Só teríamos a ganhar se nosso relacionamento com os animais fosse de verdadeiro respeito e amor e não de simples utilitarismo egoísta.
 
No cultivo dos campos, no transporte de materiais, na edificação de construções, na guarda de espaços e habitações, os nossos pequenos amigos sempre se revelaram, ao longo da história humana, preciosos colaboradores. A ligação entre os humanos e os animais é bem mais profunda do que somos levados a crer. A sua fidelidade é bem conhecida e muitas são os episódios enternecedores de cães, gatos e aves que morrem de desgosto com a partida de seus donos (aliás, existem registos que o mesmo acontece com plantas).
 
São conhecidas as histórias de mineiros que levavam consigo para dentro das minas gaiolas com canários, que os auxiliavam na detecção de gases venenosos. Quando, durante a extracção mineira, algum desses gases era libertado as aves davam logo o alerta através do seu comportamento.
 
Durante a I e a II Guerra Mundial, para que as comunicações não fossem detectadas pelo inimigo, muitas das instruções entre os postos de comando das forças aliadas e as linhas avançadas foram comunicadas através de pombos-correios. Em ambas as guerras milhares de pombos foram utilizados.
 
São muitas e comoventes as histórias de cães que salvaram vidas em cenários de conflito, nomeadamente trabalhando na detecção de minas. Muitos destes animais chegaram mesmo a ser condecorados com medalhas de bravura. Mas não são apenas os canídeos os únicos a ser chamados para estas perigosas tarefas. Neste momento começam a ser usados ratos para detectar minas. Estes pequeninos animais conseguem ser mais eficientes do que as máquinas detectoras (que não conseguem detectar explosivos plásticos) e do que os próprios cães farejadores (pois estes apenas trabalham com os seus tratadores). [2]
 
Até mesmo os animais mais insuspeitos podem revelar-se nossos aliados. Moradores de um bairro em Minas Gerais, no Brasil, decidiram adoptar gansos como aves de guarda das suas casas. Depois de alguns assaltos na zona e decididos a não instalar grades e dispendiosas câmaras em seus jardins, acabaram recorrendo aos gansos. Sendo aves com uma visão e um olfacto mais apurado do que os cães, elas acabam suplantando até os seus companheiros de quatro patos. [3]
 
Por vezes, a ligação entre animais e seres humanos pode assumir um carácter ainda mais profundo. Abundam os relatos de animais que, após o falecimento do seu dono, acabam também eles por morrer de desgosto, tão grande era a devoção por seus cuidadores.
 
Temos depois inúmeras situações que atestam as capacidades ainda pouco conhecidas dos animais. Uma notícia muito comentada em alguns meios de comunicação relatava o caso de um gato, de nome Óscar, que vivia no terceiro andar de uma clínica nos Estados Unidos. Esse andar era exclusivo para doentes com problemas mentais. Os profissionais de saúde repararam que Óscar visitava certos doentes, duas horas antes destes falecerem. De alguma forma, o pequeno felino “pressentia” quais os doentes que se abeiravam da morte, fazendo com que os médicos e enfermeiros entrassem em acção.
 
As capacidades sensoriais dos animais podem revelar-se extremamente úteis, num momento em que vivemos um período crítico de crise planetária.
 
De facto, os animais podem ter um papel fundamental, em especial no evitar de perdas de vidas humanas, como acontece no caso de grandes catástrofes naturais. Para além dos cães que são usados na busca de sobreviventes em cenários de destruição, existem inúmeros relatos de vários animais que pressentem a ocorrência de fenómenos geológicos e climáticos, como terramotos, erupções e tempestades.
 
Data de há séculos o conhecimento de que os animais podem prever grandes fenómenos geológicos e climáticos. Mais recentemente, esta área voltou a despertar um novo interesse, embora a ciência continue sem conseguir explicar o porquê da capacidade “premonitória” dos animais.
 
Segundo uma investigadora, sapos previram o terramoto que atingiu a cidade italiana de Áquila, na madrugada do dia 6 de Abril de 2009 e onde perderam a vida mais de 200 pessoas. De acordo com a autora do estudo, que na altura investigava o comportamento dos sapos num lago perto da cidade que ficou destruída, 96% dos machos abandonaram o local três dias antes do terramoto. Este comportamento foi considerado anormal, uma vez que estes animais costumam permanecer no mesmo local até ao final do período de ovulação. [4]
 
Um sobrevivente do terramoto que assolou a região de Sichuan, na China em 1976, afirma que cães ladraram durante várias horas antes do sismo. Em 2001, algumas horas antes de um terramoto de 6.8 na escala Richter ter atingido a cidade de Seatle, nos Estados Unidos, vários animais começaram a demonstrar estranhos comportamentos de ansiedade e desespero.
 
Num excelente artigo intitulado “Escutem os Animais”, publicado na revista “The Ecologist” [5] , o biólogo Rupert Sheldrake chama atenção para o facto de muitos animais terem escapado ao tsunami que varreu a costa de vários países asiáticos em 2004, e que provocou mais de 300.000 vítimas humanas. Elefantes, búfalos e muitos outros animais foram vistos a dirigirem-se para zonas elevadas, algum tempo antes da chegada da onda gigante atingir o litoral. Muitas pessoas revelaram que os seus cães se recusaram a fazer o seu passeio habitual junto à praia no dia do tsunami. Grande parte da população indígena das Ilhas Andaman, que mantêm uma forte ligação a natureza, escapou da tragédia fugindo para as montanhas, seguindo o alerta dado pelo comportamento dos animais.
 
Sheldrake descreve ao longo do artigo muitos outros casos de premonição animal. Até agora ninguém parece saber como os animais pressentem os terramotos, tsunamis, avalanches ou outros fenómenos naturais. O próprio Rupert Sheldrake avança com uma explicação, recorrendo à sua Teoria dos Campos Morfogenéticos, que de algum modo apresentam uma certa ligação com a concepção dos diferentes níveis do Akasha da Ciência Oculta.
 
No final do artigo, Sheldrake reconhece que “a habilidade dos animais em anteciparem desastres tem sido ignorada pelos cientistas ocidentais, que rejeitam histórias de antecipações animais como supersticiosas.”
 
A ciência oficial, e em particular a ocidental, teima em sair das “velhas veredas” do materialismo e da visão reducionista da vida e do universo. Mas a força dos factos ameaça desmoronar o edifício cada vez mais instável.
 
Na China, por exemplo, o recurso a animais como forma de prever a ocorrência de catástrofes está sendo bastante incentivado pelas próprias autoridades. Um sistema de alerta animal é algo que poderá vir a ser uma realidade em vários países dentro alguns anos, e que poderá revelar-se bem menos dispendioso e muito mais eficiente do que os instrumentos utilizados actualmente.
 
Importa considerar as consequências de não adoptarmos uma atitude não-violenta para com a vida. A Ciência Oculta, ou Ecologia Espiritual, ensina que 'por detrás de uma aparente acção mecânica de forças físicas no planeta estão causas e forças espirituais'. Não pudemos esquecer que há um importante impacto da soma dos pensamentos e desejos humanos sobre a fisiologia planetária. A própria forma como tratamos barbaramente os animais, com a consequente emanação de emoções de intenso sofrimento na “atmosfera astral”, concorre para o avolumar de tensões magnéticas. Estas emanações irão somar-se ás tremendas forças acumuladas pela actividade mental e astral da humanidade, acabando por perturbar o equilíbrio vital do planeta. Todos os pensamentos tenebrosos e as emoções negativas emanadas pelos seres humanos e pelos animais em sofrimento desencadeiam autênticas convulsões na face de Gaia.
 
A dura fase da transição planetária pode ser amenizada pelos pensamentos de paz e sentimentos de compaixão para com tudo o que vive. Aos poucos, a humanidade irá descobrir que tem muito a ganhar se proteger, cuidar e aprender a escutar os seus companheiros mais novos. Religarmo-nos com Gaia e com todos os seus reinos é encontrar de novo o caminho da harmonia, da beleza e da sabedoria.
 
 
NOTAS:
 
[1] “Porque os Animais Sofrem”, de Helena Blavatsky. O texto encontra-se no websitewww.FilosofiaEsoterica.com , na secção “Helena P. Blavatsky”.
 
[2] Ver notícia “Os Farejadores de Minas”, no website http://artigos.immagazine.sapo.pt/pt/ler/farejadoresminas/
 
[3] Ver notícia “Gansos são usados como aves de guarda em Uberlândia, em Minas Gerais”, no website http://oglobo.globo.com/cidades/mat/2009/10/21/gansos-sao-usados-como-aves-de-guarda-em-uberlandia-em-minas-gerais-769780833.asp
 
[5] Ver notícia “Sapos previram terremoto na Itália, concluem cientistas”, no website http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u714162.shtml
 
[6] “Listen to the Animals”, Rupert Sheldrake. The Ecologist, Março 2005.